MARCIO CAMILO
DA REDAÇÃO
O Ministério Público Estadual pediu a interdição do Edifício do Palácio do Comercio, localizado no início da Avenida Getúlio Vargas, no Centro Histórico de Cuiabá.
O pedido foi protocolado na quinta-feira (11), em um processo que se arrasta desde 2004, quando foi proferida a primeira liminar que autorizou a interdição do condomínio. A decisão não foi cumprida até hoje.
Na ação, o MP, por meio do promotor Gerson Babosa, solicita que o Poder Judiciário oficie ao Comando Geral de Bombeiros Militar do Estado de Mato Grosso para que, com apoio dos oficiais de Justiça, interdite imediatamente o Palácio do Comércio, que abriga diversas loja de roupas e escritórios comerciais.
Um deles é a Associação Comercial de Cuiabá, que está instalada no local, desde a fundação do prédio.
Segundo Ministério Público, a estrutura física do prédio “é precária”, o que coloca em risco as pessoas que circulam pelo local e também os demais prédios da redondeza. “Nem mesmo os equipamentos de combate a incêndio e pânico existem no edifício”, diz o promoror.
A reportagem do
MidiaNews esteve no local para averiguar a situação.
Por dentro, o prédio apresenta boa aparência. As paredes estão com pintura nova, e há extintores de incêndio nos andares.
O piso e as escadarias também são de boa aparência. No entanto, a realidade muda quando o histórico edifício é visto pelo lado de fora.
O Palácio do Comércio apresenta várias rachaduras em sua fachada. Muitas janelas estão sem vidros e a impressão é de que existem diversas gambiarras, por conta dos fios soltos, que aparecem pelos andares.
A pintura do prédio também está muito descascada. Algumas beiradas de janelas apresentam manchas pretas, sugerido que o edifício está cheio de infiltrações.
No local, a orientação é para ninguém falar nada. Ninguém viu nada. Ninguém sabe de falta de equipamentos para incêndio ou viu qualquer problema relacionado à infraestrutura do prédio.
“Com a gente, nunca aconteceu nada. Estou sabendo dessas coisas através das matérias que saíram, ontem, na imprensa”, comentou uma funcionária da Associação Comercial de Cuiabá.
“A gente, inclusive, não pode comentar nada sobre o assunto. Por que vocês não procuram o Elizeu, que é do setor jurídico do prédio”, orientou a mulher, ao falar com os jornalistas que estavam na recepção da associação.
Depois de conversar com a recepcionista do Palácio do Comércio, a reportagem conseguiu o contato do representante jurídico do edifício, o advogado Elizeu (sobrenome não revelado).
Por telefone, Elizeu não deu a mínima chance da reportagem explicar os motivos da ligação. “Só falo sobre o assunto pessoalmente”, disse o advogado, que desligou o celular de maneira brusca, sem, no entanto, marca hora e local para dar entrevista.
Exemplo da boate Kiss O representante do Ministério Público alertou que, caso o Condomínio Palácio do Comércio não seja interditado, tragédias como a da Boate kiss, no Rio Grande do Sul, que resultou na morte 242 pessoas, podem ocorrer em Cuiabá.
“Até o momento, nenhum documento juntado nos autos se mostra suficiente para comprovar que o acordado em juízo tenha sido cumprido e que as pessoas que frequentam o prédio Palácio do Comércio, sejam essas proprietários, locatários, empregados ou meros usuários, estejam em condição inequívoca de segurança patrimonial e pessoal”, disse o promotor Gerson Barbosa.
História
O Palácio do Comércio aparece em diversas fotos antigas de Cuiabá, servindo como ponto de referência no Centro Histórico da Capital.
Ele foi idealizado por Waldo Olavarria Fillho, que presidiu a Associação Comercial de Cuiabá (ACC).