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27.12.2024 | 14h15 Tamanho do texto A- A+

Morte de estudante durante lipo acendeu alerta e expôs médico

Thayane Oliveira Souza Leal, de 35 anos, morreu no dia 23 de outubro no Valory Day Hospital

Reprodução

Thayane Oliveira morreu após procedimento na Valore Day

Thayane Oliveira morreu após procedimento na Valore Day

LIZ BRUNETTO
DA REDAÇÃO

A morte da estudante Thayane Oliveira Souza Leal, de 35 anos, durante uma lipoaspiração no dia 23 de outubro, gerou comoção e trouxe à tona denúncias de outras pacientes contra o médico que fez o procedimento dela, o cirurgião plástico Rodrigo Bernardino. 

A saudade é muita. Como te disse, você era perfeita para mim, e em tudo na minha vida você foi prioridade

 

Thayane realizou o procedimento na Valore Day Hospital, no bairro Santa Rosa, em Cuiabá. Depois de a morte ter ganhado as manchetes dos principais sites da Capital, o Hospital emitiu uma nota dizendo ter registrado uma “intercorrência” durante a cirurgia. 

 

A paciente, segundo o Hospital, deu entrada na unidade pela manhã, passando por todos os protocolos de internação antes de ser encaminhada ao centro cirúrgico.

 

"Durante o procedimento, houve uma intercorrência, sendo prestado prontamente todo o atendimento necessário. Conforme os protocolos estabelecidos, após a estabilização da paciente, ela foi transferida para outro hospital em Cuiabá, onde continuou a receber todo o suporte médico", diz a nota, sem especificar qual foi a intercorrência.

  

Como o Valore Day não possui Unidade de Terapia Intensiva (UTI), Thayane foi transferida para o hospital Santa Rosa, onde passou por procedimentos de reanimação, mas não resistiu às complicações.

 

O cirurgião plástico Rodrigo Bernardino se manifestou dois dias depois da morte da paciente, no dia 25. Em sua rede social ele disse não ter conhecimento do que poderia ter causado a morte de Thayane. 

 

“Não disponho de informações sobre a causa exata do ocorrido, pois o atestado de óbito ainda não foi emitido. Assim, aguardo a avaliação do IML para compreender melhor a situação”, afirmou.

 

“Atuo como cirurgião plástico há mais de uma década e sou membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). Reitero que a minha prioridade é a segurança de meus pacientes e só realizo meus procedimentos após uma série de exames e avaliações”, garantiu.

 

De acordo com a Politec (Perícia Oficial de Identificação Técnica), uma embolia pulmonar e hemorragia intensa foram as causas diretas da morte de Thayane. 

Reprodução

Rodrigo Bernardino

Rodrigo Bernardino é cirurgião plástico e atua em Cuiabá

 

Ainda segundo a Politec, foi realizado um estudo por histopatologia, um exame microscópico de tecidos biológicos para diagnosticar doenças, para tentar estabelecer os mecanismos e as causas antecedentes à morte de Thayane.

 

A Politec afirma não haver mais nenhum exame pendente no caso de Thayane. Já a Delegacia de Homicídios e Proteção a Pessoa, diz aguardar o laudo pericial da Politec para dar andamento a outras diligências necessárias para esclarecimento da morte da vítima. 

 

Comoção

 

Familiares e amigos de Thayane usaram as redes sociais para lamentar a morte dela e prestar homenagens. 

 

Robson Leal, marido da estudante, disse ter sido um privilégio ter podido estar com Thayane. O casal foi casado por 17 anos e, juntos, tiveram três filhos.

 

“A saudade é muita. Como te disse, você era perfeita para mim, e em tudo na minha vida você foi prioridade. Cuidar de você, poder estar presente na sua vida até o fim, foi um privilégio que Deus me deu”, afirmou. 

 

“Descansa em paz, minha princesa. Deus nos deu o privilégio de construirmos uma linda família juntos. Nosso legado ficará para a história, e Deus me dará força para cuidar dos nossos filhos com muito amor e carinho”, afirmou.

 

Sua tia Eunice Francisca de Oliveira escreveu: “Você deixou meu coração em pedaços, sobrinha. Ainda não consigo acreditar que você se foi”. Ela também compartilhou: “Deus levou minha sobrinha para o céu, e eu não posso entender, apenas orar para que ela esteja em paz”.

 

A prima de Thayane, Bianca Alencar, que é fisioterapeuta, também expressou sua dor: “A dor está insuportável, não consigo acreditar que você se foi. Te amarei eternamente, luto!”.

 

Outras denúncias

 

Duas mulheres processaram judicialmente o médico Rodrigo Bernardino. Os casos vieram à tona após a morte de Thayane.

Fui vítima de negligência. Tive uma necrose horrível, ele não me atendeu como deveria

 

A servidora pública Monnyk Glascielly Castro Franca, de 31 anos, afirmou ao MidiaNews que sofreu queimadura de terceiro grau na panturrilha direita, durante uma cirurgia para colocação de próteses de silicone e lipoaspiração, feita em 2019, em Cuiabá.

 

O segundo caso envolve a paciente identificada pelas inicias N.P.A., de 27 anos, que após se submeter a uma lipoaspiração, em 29 de junho passado, disse que sofreu uma necrose na região do abdômen.

 

O procedimento foi realizado no hospital Valore Day, o mesmo em que Thayane realizou a lipoaspiração que levou à sua morte.

 

N.P.A. está processando o médico por danos estéticos, morais e materiais

 

Já a paciente Monnyk trava uma briga judicial contra o médico, a Santa Casa de Cuiabá, onde a cirurgia foi realizada, e a Sociedade Cuiabana de Anestesiologia, por danos materiais, morais e estéticos.

 

A empresária S.L., moradora de Nova Mutum, afirmou que foi vítima de negligência em uma cirurgia realizada em 2020, também pelo médico Rodrigo Bernardino. Após uma abdominoplastia, ela afirmou que sofreu uma grave necrose na região da barriga.

 

Os casos de Monnyk e N.P.A., estimularam S.L. a falar sobre o que aconteceu com ela. "Fui vítima de negligência. Tive uma necrose horrível, ele não me atendeu como deveria, fiquei uma semana sem uma enfermeira, e nessa primeira semana era muito importante o cuidado, poderia ter evitado a necrose", disse.

 

Outro lado

 

O médico Rodrigo Bernardino se posicionou, por meio de nota, enviada por sua assessoria, sobre o caso de Monnyk Franca.

 

Em relação ao caso de N.P.A., a assessoria informou que ele não pode se posicionar, pois ainda não tinha até então conhecimento sobre a ação judicial.

 

“Em resposta às acusações, esclarecemos que a situação em questão foi decorrente de um incidente alheio à atuação médica direta, relacionado ao bisturi elétrico, de responsabilidade do hospital onde a cirurgia foi feita. Dr. Rodrigo nunca se deparou com tal situação nos mais de 10 anos na área da cirurgia plástica. Além disso, o médico realizou todos os procedimentos cirúrgicos com rigor técnico e cuidados necessários", diz trecho da nota.

 

Já sobre a denúncia da empresária S.L.: "A única posição dele é que a necrose não teve relação nenhuma em relação à técnica cirúrgica utilizada no caso. E todo suporte e refinamento que precisou foram realizados com sucesso", diz a nota.

 

Veja:

 

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