A morte de um jovem de 26 anos durante a "Corrida de Reis", realizada no dia 9 de janeiro passado, pode ter sido "abafada" pela TV Centro América (Globo), que organiza o evento. Uma amiga de Rômulo Oliveira Pires, que faleceu após passar mal durante o trajeto de dez quilômetros, falou com exclusividade ao MidiaNews sobre o episódio.
Segundo ela, que é advogada e pediu para não ser identificada, até o momento os amigos não sabem ao certo o que aconteceu. A única versão é que o jovem passou mal na reta final da corrida e foi atendido pelo SAMU, que o enviou ao Pronto Socorro de Cuiabá. Lá, o jovem foi internado na UTI, aonde veio a falecer no dia seguinte pela noite. Há a suspeita de que o atendimento pode ter demorado mais que o recomendável.
A amiga afirmou que a família de Rômulo está investigando de forma particular o caso e que amigos, inclusive ela, preparam uma representação criminal por suposta omissão de informação por parte da organização do evento. Segundo ela, haveria contradições nos laudos sobre a morte.
A reportagem falou com o Sistema de Verificação de Óbitos, que fica no Hospital Júlio Muller, para onde Rômulo foi encaminhado no dia 11. Segundo a atendente, somente a família recebeu o laudo sobre a causa da morte.
Rômulo era gerente de Infraestrutura dos Cursos Virtuais da Universidade Aberta do Brasil (UAB), junto à Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Ele trabalhava na área de Tecnologia da Informação e atuava na Secretaria de Tecnologias da Informação e da Comunicação Aplicadas a Educação (STICAE).
"Silêncio estranho"
A amiga afirma que estranhou o "silêncio" sobre a morte do rapaz, adepto de atividades físicas, como musculação e corrida. "Ninguém que o conhecia sabe o que aconteceu ao certo. Não dá para entender porque a morte não foi noticiada em detalhes", disse.
"Como a corrida foi um sucesso se uma pessoa morreu? Como uma pessoa está correndo, com um número de inscrição que consta os dados no cadastro, passa mal e morre e a sociedade não fica sabendo? Não são mais de 10 mil corredores? Então, houve uma morte e ela tinha que ser noticiada e investigada. Eles esconderam isso da população", afirmou.
Segundo a amiga do rapaz, ele foi à corrida com o irmão, Romildo, que também participou o evento. "Ele (Rômulo), inclusive, tinha preparo físico bem melhor que o de Romildo, e passou na frente do irmão por um longo período da competição. Só no final da prova, ele percebeu a demora para encontrar o Rômulo e achou estranho", disse.
Outro lado
Ouvido pela reportagem na última sexta-feira, o diretor geral da TV Centro América, Zilmar Melatti, disse que estava fora de Mato Grosso. Apesar de acompanhar os preparativos e a realização da prova, ele afirmou que não ficou sabendo da morte.
O gerente de marketing da emissora, Cícero Mariano de Sá, afirmou que a TVCA não foi formalmente comunicada do fato, mas que durante todo o trajeto da competição foram disponibilizadas ambulâncias.
"É interessante que todos os fatos sejam esclarecidos. Estamos abertos para a discussão e temos que averiguar o laudo médico e a causa mortis de Rômulo", afirmou.