Cuiabá, Domingo, 21 de Setembro de 2025
RACISMO?
08.03.2009 | 15h03 Tamanho do texto A- A+

Mulher tira a blusa para entrar em agência bancária em Jundiaí

Empregada doméstica de 44 anos considera que foi barrada por ser negra.

G1

Ilustração

A empregada doméstica Doralice Muniz Barreto, de 44 anos, conta que teve de tirar a blusa para passar pela porta giratória da agência do Banco do Brasil no Centro de Jundiaí, cidade localizada a 58 km de São Paulo. "Me senti humilhada, arrasada, acabada, uma ninguém", afirmou.

Ela contou ao G1 na tarde desta sexta-feira (6) que vai procurar um advogado na próxima semana para processar o banco e pedir uma indenização por danos morais. Toda a cena foi gravada pelo celular de outra cliente, Cleide Aparecida dos Santos Silva. Em nota, o Banco do Brasil informou que segue as normas institucionais

 A empregada doméstica considera que foi discriminada por ser negra, uma vez que outros clientes brancos passaram tranquilamente pela porta. A Polícia Militar foi chamada por um advogado, cliente do banco,  e lavrou um termo circunstanciado.

Mãe de cinco filhos e avó de quatro netos, Doralice chegou à agência por volta das 15h10 de quarta-feira (6) para descontar seu cheque-salário de aproximadamente R$ 700. Quando tentou entrar pela primeira vez, a porta travou.

Doralice tirou o relógio e duas chaves do bolso e depositou no
porta-objetos, mas nada adiantou.  Ela também esvaziou a bolsa que carregadva a tiracolo, colocando todos os objetos à vista, sem sucesso. De acordo com ela, o segurança permaneceu dizendo que havia objetos de metal com ela. Ela ainda tentou entrar na agência outras quatro vezes.

Desesperada,  Doralice pediu ao segurança que chamasse o gerente, mas o vigia avisou que o gerente estava ocupado. "Disse para ele: 'eu não tenho mais nada. A única coisa que eu posso fazer agora é tirar a roupa'. E ele me disse: 'problema seu'", conta Doralice.

Diante da resposta do vigilante, a empregada tirou a blusa e a porta imediatamente destravou. "Eu fiquei tão nervosa que ia tirar a roupa toda, mas não deu tempo", disse ela. 

A mulher conta que cerca de  50 clientes estavam dentro do banco no momento em que a cena aconteceu.  "Depois da raiva, me senti humilhada e com vergonha. Chorei muito e estou chorando até agora", disse ela.

 A costureira Cleide Aparecida conta que estava no banco com a filha, a dona de casa Érica Cristina  dos Santos, que filmou toda a cena com seu celular. "Se ela me chamar eu vou ser testemunha a favor dela. Tinha um advogado lá no banco que também aceitou defendê-la. Eu fiquei indignada. Como pode uma pessoa ser impedida de entrar no banco com todo mundo olhando. Foi  só ela tirar a blusa que deixaram entrar", afirmou.

Cleide afirma que filmou para não depender apenas da palavra. "Filmei porque se a pessoa vai na delegacia e conta o que aconteceu, ainda são capazes de dizer que é mentira", afirmou.

 Doralice contou que, assim como Cleide, todos os clientes se mostraram solidários.  Na intenção de ajudar, um advogado que passava pelo estabelecimento chegou a propor ao segurança que levasse a empregada para algum lugar seguro  por onde ela pudesse entrar sem oferecer risco. "Ele disse que se eu tivesse alguma coisa perigosa os guardas poderiam chamar a polícia", conta ela. Outros clientes aconselharam Doralice a quebrar a porta. 

 Funcionários parados

Ela afirma ainda que nenhum dos funcionários se mostrou solidário a ela. "Todo mundo que estava sentado naquelas mesas fingiu que não estava acontecendo nada." 

Questionado sobre o caso, o Banco do Brasil divulgou a seguinte nota: "O Banco do Brasil segue as normas institucionais, entre elas, a portaria 387 da Polícia Federal que em seu artigo 62 diz que o banco é obrigatório ter vigilante, alarme e um item de segurança, que pode ser portal com detector de metais ou outro item que retarde a ação dos criminosos. O objetivo é garantir a segurança dos clientes."

Marido de Doralice, o aposentado e vendedor  Augusto Zara ficou preplexo. "Eu vou falar o que? Além de revoltante, isso mostra que essas pessoas são muito mal preparadas. Isso deveria servir para mostrar que o banco é nosso", afirmou. 

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