Cuiabá, Terça-Feira, 1 de Julho de 2025
CAOS NA SAÚDE DE CUIABÁ
10.05.2022 | 17h17 Tamanho do texto A- A+

Paciente cardíaco está há 20 dias em UPA esperando transferência

Homem de 63 anos precisa de uma angioplastia, mas não consegue vaga no Hospital Geral

Reprodução

Ele está internado na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Morada do Ouro

Ele está internado na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Morada do Ouro

VITÓRIA GOMES
DA REDAÇÃO

Um paciente com quadro clínico grave está internado há 20 dias na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Morada do Ouro aguardando a transferência para o Hospital Geral de Cuiabá.  

 

A servidora pública Suely Oliveira relatou ao MidiaNews que seu primo, que pediu para não se identificar, deu entrada na UPA no dia 20 de abril com falta de ar e suspeita de infarto. Na unidade ele foi submetido aos exames de emergência que identificaram uma estenose aórtica grave.

 

Ou seja, o paciente estava com duas artérias obstruídas, sendo uma delas 90% fechada e a outra 70%. Devido ao quadro delicado, ele deveria ser submetido a um cateterismo o mais rápido possível, mas não foi o que ocorreu.

 

Segundo Suely, o primo só passou pelo procedimento no dia 4 de maio, 15 dias após dar entrada na UPA. O cateterismo só ocorreu após a morte de outras duas pessoas que aguardavam na fila da unidade.

 

Após o procedimento, o paciente ainda precisou ficar internado, pois foi constatado que ele precisa fazer uma angioplastia, que é o tratamento não cirúrgico das obstruções das artérias coronárias por meio de cateter balão.

 

O procedimento, que deveria ser realizado logo na sequência do cateterismo pelo risco de infarto fulminante, ainda não foi realizado. Segundo a unidade, falta vaga para transferi-lo para o Hospital Geral de Cuiabá, que é filantrópico e atende pelo SUS.

 

“Se ele não fosse um paciente de risco, eles teriam dado alta para esperar quando tivesse vaga, mas não, eles o mantiveram internado aguardando essa vaga”, afirma Suely.

 

“Só que UPA não é lugar de paciente ficar internado. Ali é um local de emergência, ele pode ser exposto a diversas doenças de pacientes que chegam para serem atendidos”, acrescenta.

 

Sendo um paciente que já sofreu infarto anteriormente, a família se preocupa com a demora no atendimento pelo risco que ele corre estando com as artérias obstruídas e sem previsão para realizar a angioplastia.

 

Além disso, os parentes precisam desembolsar R$ 100 por dia para que um cuidador possa permanecer ao lado do paciente nos momentos em que a esposa não pode acompanhá-lo.

 

No entanto, devido à demora no atendimento, não sabem mais quanto tempo vão conseguir manter o gasto.

 

Denúncia Sindimed

 

No dia 28 de abril o presidente do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso (Sindimed), Adeildo Lucena, fez uma série de denúncias sobre a Saúde Pública de Cuiabá.

 

Dentre os relatos de situações de descaso, assédio e problemas nos prontos socorros e UPAs da Capital, o presidente mencionou a falta de leitos para receber pacientes das unidades de pronto atendimento.

 

Adeildo afirma que os médicos estão de mãos atadas, pois não existem leitos de retaguarda para receber os pacientes, por isso, muitos precisam ficar aguardando nas UPAs. Procedimento que não é correto, já que o período para permanecer nas unidades é de, no máximo, 24 horas.

 

“Não tem para onde mandar, falam que tem leito sobrando, mas não tem para onde mandar. Então, se não tem para onde mandar o paciente, onde ele vai ficar? Vai mandar para casa? Não, tem que ficar lá”, explicou o presidente.

 

Ele ainda disse que este problema é recorrente em Cuiabá e acontece desde antes da pandemia. Era esperado que a situação mudasse após as internações por Covid-19 e abertura de novos leitos, mas a correção não ocorreu.

 

 

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COMENTÁRIOS
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Michelle  11.05.22 10h40
Sim minha mae precisa de uma cirurgia para retirada de pedra nos rins e não consegue, é uma vergonha nossa Saúde e dinheiro tem viu roubam tanto e nos é quem pagamos com a própria vida aguardando. A tal central de vagas é uma palhaçada ficam ate 5 anos aguardando retorno as vezes quando ligam o paciente ate ja morreu esperando. Sr Prefeito e Governador vamos ajudar essa situação vamos intervir ate quando as pessoas vão morrer por falta de atendimento ?
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Paulo Henrique   11.05.22 10h17
Triste realidade da saúde pública municipal - sempre problemática. Uma das melhores coisas a se fazer é ter uma vida equilibrada, com bons alimentos, longe do álcool, cigarro, excesso de açúcar e do sedentarismo. E em todo tempo cobrar das autoridades mais reponsabilidade com o serviço público possibilitando assim condições dignas aos profissionais e usuários.
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J A Silva  11.05.22 06h45
Aí acontece o pior e ninguém, mas ninguém mesmo se responsabiliza ou é responsabilizado! Cadê o MPE? Seus membros, em vez de ficarem com discussões inúteis (foi mostrado na mídia) deveriam zelar para com a coisa, as quais deveriam! Mas ficam lá com seus egos e suas picuinhas! E depois acham ruim, quando são vaiados nas ruas e precisam andar com seguranças!
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Maria Helena   10.05.22 20h12
Através de vários programas de televisão tenho visto as denúncias e clamor do povo cuiabano pedindo socorro e misericórdia pra ser atendido por um profissional da saúde (medico) pois esse está escasso não só na upa Morada do Ouro mas em vários locais. Agora esse internado aí com problemas cardíacos muito sério e correndo o risco de passar pela mesma situação dos demais que já faleceram esperando a realização de exames. É muito triste ver pessoas amigas ou não nessas condições, e a família toda além de gastar o que não tem, vivem na esperança de pode ver seu parente ser atendido no dia seguinte, porém em vão. E poder público municipal faz o quê?
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josé  10.05.22 19h23
Cadê a secretária do município que não faz nada.
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