AIRTON MARQUES
DA REDAÇÃO
São com os olhos rasos d’água que o aposentado Adão Solino, 70 anos, fala sobre suas expectativas para o próximo dia 23, quando será um dos 131 condutores da chama Olímpica em Cuiabá e Várzea Grande.
Após anos de trabalho na área de mineração e no serviço público - quando trabalhou nos Correios em Mato Grosso -, Adão se destaca não só pela sua simpatia, mas, também, pelo trabalho especial que desenvolve desde os anos 2000: o de encarnar o personagem mais popular dos finais de ano de quase todo o mundo, o Papai Noel.
Nunca me passou pela cabeça. Fico emocionado, pois é um evento muito importante. Qualquer projeto que a gente estiver temos que acreditar nele
Adão representa as 12 mil pessoas de todo o país, que foram escolhidos para papel tão importante por fazer a diferença, seja no esporte ou em suas comunidades.
Natural do município de Barão de Grajaú, no Estado do Maranhão, após rodar por quase todo o Brasil, Adão mora em Cuiabá desde 2000.
Se dizendo muito orgulhoso por participar de evento tão grandioso, Adão relembra que sua escolha foi por meio de votação popular, após seu filho lhe inscrever em uma espécie de concurso cultural.
“Eu nunca imaginei algo como isso. Nunca me passou pela cabeça. Fico emocionado, pois é um evento muito importante. Em qualquer projeto que a gente estiver, temos que acreditar nele”, afirmou Adão.
“Acredito que também vou me emocionar lá, na hora em que estiver com a tocha na mão”, completou.
Casado há 38 anos e com um casal de filhos, Adão acredita que os quatro netos ficarão orgulhosos quando souberem de sua história e do fato de ter participado do revezamento da chama Olímpica.
Até o mês de agosto, a tocha passará por 300 cidades e irá percorrer 20 mil quilômetros em terra e 10 mil milhas aéreas, em trechos das regiões Norte e Centro-Oeste.
Para relembrar esse momento, além das fotos e filmagens, o Papai Noel já pensou em um plano: caso o Comitê Olímpico não lhe dê a tocha Olímpica, ele não abrirá mão de adquirir o objeto com dinheiro do próprio bolso.
“Imagina meus netos daqui há alguns anos dizem: ‘Meu avô carregou a tocha Olímpica’. Vai ser um imenso orgulho. Vou ficar famosos para eles”, declarou.
“Poucas são as pessoas que vão ter este privilégio de conduzir a tocha. Me sinto privilegiado. Além de estar muito satisfeito, estou orgulhoso”, afirmou.
Com gratidão pela oportunidade, Adão relembra que sempre acompanhou os jogos Olímpicos em outros países pela TV. Sobre o evento que será realizado a partir do dia 5 de agosto, no Rio de Janeiro (RJ), o aposentado destaca o espírito de união dos povos.
“Já vi outras Olímpiadas e conduções de tochas em outros países, pela TV. Mas aqui no Brasil, eu nunca esperava um evento como esse. Foi uma surpresa”, disse.
“É um evento muito bonito. Um símbolo de integração mundial. Acredito que as Olímpiadas representam a união dos povos, independente das diferenças de credos e cores”, completou.
De acordo com Adão, o seu percurso de 200 metros, por onde irá conduzir a tocha Olímpica, será na Avenida Miguel Sutil, próximo ao Parque Mãe Bonifácia, em Cuiabá.
Marcus Mesquita/MidiaNews
Adão Solino: "É um evento muito bonito. Um símbolo de integração mundial"
A chama Olímpica chega ao Aeroporto Marechal Rondon, em Várzea Grande, por volta das 10 horas da manhã.
O revezamento da chama terá início às 11h46, passando pelos principais pontos turísticos e monumentos da Grande Cuiabá, até chegar à Arena Pantanal, onde haverá um show de encerramento e será acesa a Pira Olímpica.
Papai Noel
Adão Solino ainda mantém os cabelos e barbas longos, usado para a caracterização de Papai Noel, no fim do ano. Ele revelou que, normalmente, apara a barba assim que se encerra o período festivo da virada do ano, mas que, neste ano, decidiu fazer diferente, justamente para o evento da condução da tocha.
A caracterização começou depois do ano de 2004, quando começou a trabalhar nos Correios do munícipio de Nova Brasilândia (215 Km ao Norte de Cuiabá).
“Os Correios têm um projeto chamado ‘Papai Noel dos Correios’. Quando fui para Nova Brasilândia, me chamaram para encarnar o personagem. Já usava um pouco a barba branca. Além do cabelo, que não era grande, mas já estava branco”, declarou.
“Na época em que era o ‘Papai Noel dos Correios’, fazia eventos nos finais de semana, para ganhar um extra”, completou.
Sobre se caracterizar como um dos personagens mais icônicos da nossa sociedade, Adão declara que é com grande emoção que se relaciona com as crianças, que sempre se encantam.
“Trabalhar como Papai Noel é gratificante. As crianças não tem maldade. Quando uma criança da uma sorriso para mim tenho certeza que foi verdadeiro e puro”, disse.
Perfil de atleta
Marcus Mesquita/MidiaNews
"O que também me ajudou foi praticar esportes: academia e corrida"
Além de se destacar como Papai Noel, Adão Solino também é um atleta. Aos 70 anos ele garante que adora malhar na academia.
O condutor da tocha Olímpica já perdeu as contas dos troféus conquistados em corridas de rua.
Adão afirma que a vida saudável começou após anos com o vício do cigarro.
“Fumei por muito tempo. Dos 19 anos até os 70. Mas, têm uns dez anos que parei. O principal motivo que me levou a parar de fumar foram meus filhos. Na época em que eles ainda eram menores, quando ia ajuda-los nos deveres de casa, eles sempre reclamavam do cheiro da fumaça. Foi daí que decidi parar de fumar”, contou.
“O que também me ajudou foi praticar esportes. Academia e corrida. Antes de entrar nos Correios, em 2002 um amigo me chamou para participar de uma corrida de rua. A partir daí não parei mais. Todos os anos eu corro”, afirmou.
