“Fiz a besteira de dar carona”, diz sargento da PM preso; assista

O sargento da Polícia Militar Eduardo Soares Moraes, preso acusado de falsidade ideológica e associação criminosa, afirmou em depoimento que não tinha conhecimento sobre a entrega de R$ 10 mil usando o nome do presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, desembargador José Zuquim Nogueira.

Eu não tenho nada a ver com nada, não tenho amizade com o Jackson, simplesmente fiz uma besteira de ter feito isso [dado carona].

Ele disse que errou ao dar carona a Laura Kellys, que é ex-mulher do sargento Jackson Pereira Barbosa, preso no batalhão da Rotam por suspeita de participação na morte do advogado Renato Nery. Era ela quem estava com o pacote de dinheiro, resgatado posteriormente pela Polícia.

O caso aconteceu na terça-feira (12), quando um motorista de aplicativo foi contratado por uma pessoa, se passando por Zuquim, para entregar um envelope no Fórum.

A encomenda teria sido entregue pelo sargento Eduardo Soares ao motorista, que desconfiou do conteúdo e acionou a Polícia do TJ (leia mais AQUI).

Segundo Eduardo Soares, no dia do ocorrido, Laura Kellys pediu sua ajuda para entregar uma "encomenda" a um funcionário do advogado do marido.

Soares disse que só percebeu se tratar de dinheiro ao ver Laura repassar o envelope usado em transação bancária. O dinheiro foi entregue ao motorista de aplicativo.

“Ela pediu para verificar se havia alguém no pátio com um Logan Prata. Ela tinha de lhe entregar um pacote. Até então, eu não sabia de nada”, disse o sargento. “Eu saí do carro e havia um carro estacionado em frente ao Fórum e um homem mexendo no celular".

“Ele disse: 'Vim buscar uma encomenda'. Eu disse que estava no carro. Apontei para o carro. Depois ele saiu, não sei se deu a volta. Fui ao carro. Quando ele se inclinou, foi quando vi o envelope de depósito”.

Soares contou à Polícia que questionou Laura sobre o pacote e que ela justificou que repassaria ao funcionário do advogado porque não era adequado circular com valores em espécie no Fórum. A pessoa que recebeu o valor, porém, era o motorista de aplicativo.

O sargento afirmou que, após a entrega, acompanhou Laura ao interior do TJMT à espera do advogado, que não apareceu. Ele, então, disse que precisaria ir embora e a deixou na Rodoviária de Cuiabá.

“Eu não tenho nada a ver com nada, não tenho amizade com o Jackson, simplesmente fiz uma besteira de ter feito isso [dado carona]. Eu poderia ter falado: ‘Pega um uber’. Eu vou me aposentar... Por R$ 10 mil, qual seria minha vantagem nisso? Eu não devo nada, não recebi nada para isso”, disse o sargento em trecho do depoimento.  

Relação com preso

Questionado sobre sua relação com Jackson Pereira Barbosa, o sargento negou amizade, mas admitiu ter conhecido o preso no batalhão da Rotam, onde está detido pela morte do advogado Renato Nery.

Em uma das ocasiões, Jackson teria pedido que ele ajudasse a esposa, Laura Kellys, que na verdade trata-se da ex. Soares explicou que aceitou o pedido por considerar Laura próxima de um grande amigo seu.  

“Desde o momento em que percebi que era dinheiro, fiquei preocupado. Quando vi que era dinheiro, perguntei a ela e ela disse que sim”. 

As investigações seguem em andamento.  

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