Cuiabá, Domingo, 3 de Agosto de 2025
CRIME NO GARIMPO
06.11.2015 | 08h12 Tamanho do texto A- A+

PF deflagra operação contra policiais e vereador em Lacerda

Eles são suspeitos de integrar uma organização criminosa de extração e comércio de ouro ilegal

MidiaNews

A acão conta com apoio da Polícia Judiciária Civil e da Polícia Militar de Mato Grosso

A acão conta com apoio da Polícia Judiciária Civil e da Polícia Militar de Mato Grosso

DA REDAÇÃO

A Polícia Federal deflagrou nesta sexta-feira (6) a Operação Corrida do Ouro, para desarticular uma suposta organização criminosa especializada na extração e comércio de ouro no garimpo ilegal localizado no município de Pontes e Lacerda (457 km a Oeste de Cuiabá).

 

A acão conta com apoio da Polícia Judiciária Civil e da Polícia Militar de Mato Grosso.

 

Conforme a PF, estão sendo cumpridos 10 mandados de prisão, 30 mandados de busca e apreensão e 05 mandados de condução coercitiva nos municípios de Pontes e Lacerda, Cáceres e Cuiabá.

 

A Polícia Federal relatou que a suposta organização criminosa seria integrada por policiais civis da ativa, um oficial da Polícia Militar da reserva e um vereador, entre outros. Eles seriam responsáveis pelo comando das atividades ilícitas realizadas no garimpo. Os nomes dos suspeitos não foram revelados.

 

Segundo a PF, os agentes públicos utilizavam-se da qualidade de policiais para manter o domínio das atividades ilícitas no garimpo, através de todo tipo de intimidação, inclusive com o uso de armas de fogo contra pessoas que eventualmente contrariassem seus interesses.

 

Eles seriam vistos com frequência por garimpeiros da região, circulando armados pelo garimpo. Existiriam no garimpo os chamados “buracos da polícia”, locais de extração de ouro dominados pelos policiais.

 

Todos os agentes públicos envolvidos são bastante conhecidos pela população local, muitos deles lotados na Delegacia de Polícia Civil em Pontes e Lacerda e região. Ainda segundo a PF, eles estabeleceram a “lei do silêncio” no garimpo, criando enormes dificuldades à investigação.

 

Os investigadores dizem ter obtido provas que resultaram na decretação da prisão preventiva, expedição de mandados de busca e apreensão e conduções coercitivas em diversos endereços dos suspeitos, bloqueio de contas e afastamento cautelar das funções públicas, este último aplicado especificamente aos policiais da ativa.

 

Os mandados foram expedidos pela Justiça Federal em Cáceres.

 

Os criminosos responderão pelos crimes de organização criminosa, extração e comércio de matéria-prima pertencentes à União sem autorização legal e execução de lavra ou extração de recursos minerais sem autorização.

 

As penas máximas dos crimes somadas podem chegar a 20 anos de prisão.

 

Investigações (Atualizada às 11h45)

 

Em entrevista coletiva em Cáceres, o delegado que comanda a operação, Ronald da Silva de Miranda, afirmou que as ações desta sexta-feira (06) ainda não são focaddas em fechar o garimpo, que continuará ativo.

 

"A data da desintrusão, quando  é feita a retirada do material usado para a lavra, ainda está sob sigilo", afirma Miranda. "A operação de hoje foi voltada para combater a venda ilegal do minério e a atuação de agente públicos nessa atividade, bem como os crimes ambientais". 

 

A quantidade de ouro comercializada no garimpo não foi confirmada pela PF. "Existem muitos boatos, alguns indicam que foram retirados até 30 quilos de ouro (algo como R$ 130 mil na cotação atual do ouro) em alguns pontos de extração", mas o número certo só saberemos quando todos os mandados forem cumpridos, até o final da tarde de hoje. 

 

A atuação da PF desarticulou o principal grupo que comandava o garimpo, porém há indícios de outras associações criminosas atuando em Pontes e Lacerda. 

 

“A extorsão aos garimpeiros ocorria de diversas maneiras. Era cobrado até R$100 pelo estacionamento e o grupo também controlava a venda de alimentos e a prostituição ilegal. Os garimpeiros também pagavam uma porcentagem de cerca de 25% durante a venda do minério”. 

 

O PF acredita que possa haver a participação de proprietários de terras locais na região do garimpo ilegal. “A área é muito grande, por isso todos, pessoas privadas e empresas, que possuem propriedades particulares na área da lavra são passíveis de investigação”. 

 

Segundo a PF, até 8 mil pessoas passaram pelo garimpo. Hoje não há mais do que 500 garimpeiros. “O problema desses números é que a área é muito grande e muitos garimpeiros estão cavando dentro de túneis”, explica o delegado.

 

O fechamento do garimpo deve ocorrer com a participação da Força Nacional de Segurança.

 

Prisões preventivas

Abaixo, confira a lista de pessoas que tiveram o pedido de prisões preventivas:

Vítor Hugo Pedroso – policial civil da ativa
Sebastião Rodrigues Filho – tenente coronel da Polícia Militar na reserva
Everaldo Duarte Rodrigues – policial civil
Ademirson de Campos Nunes Junior – policial civil
Reginaldo Aparecido Ferreira Campos – policial civil
Wildo Pereira da Silva – vereador em Pontes e Lacerda
Juarez Francisco dos Santos
João Paulo da Silva
Ronaldo Rodrigues da Silva
Antônio Carlos Pinzan – comerciante em Pontes e Lacerda

Nota da Polícia Civil

A Polícia Civil emitiu um comunicado sobre o garimpo. Confira a íntegra da nota.

"A Polícia Judiciária Civil acompanha a operação Corrida do Ouro, deflagrada pela Polícia Federal, nesta sexta-feira (06.11), em Pontes e Lacerda (448 km a Oeste), para desarticular uma organização criminosa especializada na extração e comércio de ouro do garimpo ilegal, instalado em área da União.


A Corregedoria Geral da Polícia Civil informou que paralelamente a operação da Polícia Federal cumpriu buscas no município de Pontes e Lacerda, para apurar denúncias envolvendo policiais civis. No entanto, as investigações são sigilosas e que por conta disso, não é possível apresentar detalhes.


Quanto à operação Corrida do Ouro, a Corregedoria aguarda cópia do inquérito policial para instaurar processo administrativo disciplinar, uma vez que a investigação criminal está a cargo da Polícia Federal.


Segundo as investigações da PF, quatro investigadores são acusados de manter domínio das atividades ilegais do garimpo. Um vereador e um oficial da Polícia Militar da reserva também estão envolvidos na extração ilegal de ouro. Os nomes não serão revelados para não atrapalhar as investigações da Polícia Federal.


O delegado geral, Adriano Peralta Moraes, disse que a Polícia Civil, assim que foi comunicada, deu todo apoio à ação da Polícia Federal. “São ações simultâneas da Corregedoria Geral da Polícia Judiciária Civil, da Polícia Federal e demais órgãos de persecução penal. É um processo doloroso toda vez que temos agir cortando na própria carne, mas é necessário para o fortalecimento da Instituição”, afirmou.


A operação da Polícia Federal tem a participação de policiais da Gerência de Operações Especiais (GOE), no cumprimento das ordens judiciais, e da Diretoria de Inteligência."

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