A reitora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Myrian Serra, rebateu o ministro da Educação, Abraham Weintraub, que afirmou em sua conta no Twitter que a energia elétrica dos campi da instituição havia sido cortada por "má gestão".
Em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (17), ela ressaltou que a atual administração "é eficiente e garante o ensino mesmo com a imprevisibilidade de recursos públicos".
Em sua postagem, o ministro da educação afirmou que a reitora estava "incomunicável" e que a pasta já havia começado a tomar providências legais quanto à gestão de Myrian Serra. A reitora, por sua vez, afirmou que estava sem sinal de celular, já que no momento em que ficou sabendo dos cortes estava fora de Cuiabá e embarcou em um táxi-aéreo para retornar à Capital.
"Não recebi nenhuma notificação por parte do Governo Federal, MEC ou qualquer órgão público, então primeiro preciso receber essa notificação, até para fazer minha defesa. O que temos demonstrado, inclusive com essa imprevisibilidade de recursos públicos, é que temos dado conta de fazer uma gestão eficiente para garantir o ensino, pesquisa e extensão de qualidade", disse.
O fornecimento de energia elétrica dos campi da UFMT - bem como do Restaurante Universitário (RU) e da Casa do Estudante Universitário (CEU) - foi suspenso nessa terça-feira (16) por conta de seis faturas que não foram pagas pela universidade.
Durante a coletiva, a reitora informou que a instituição possui atualmente uma dívida no valor de R$ 5 milhões com a Energisa, concessionária responsável pelo fornecimento de energia elétrica. De acordo com ela, os atrasos se acumulam desde 2015.
"Atualmente, a UFMT tem mais de 90 contratos. A cada dia fazemos a gestão do que é pago e do que não é. Temos, por exemplo, o montante maior que é a questão da Energisa, dívida que começou quando o Governo Federal retirou a isenção fiscal das contas de energia dos órgãos públicos. Então, até 2015 pagávamos a conta sem PIS e COFINS. Entramos em 2016 pagando a energia com atraso e juros. Foi o primeiro ano em que começamos a ter dificuldade e isso foi crescendo, porque a universidade se expandiu em todos os campus, obras, equipamentos e pesquisas, além da tarifa doméstica de energia, que aumenta a todo ano", alegou.
A primeira negociação entre Energisa e UFMT foi feita no ano passado. De acordo com a reitora, passou a ser acrescentado o valor de até R$ 300 mil às contas de luz da instituição. Porém, no final daquele ano a gestão passou a ter novas dificuldades e as faturas de novembro, dezembro e janeiro não foram pagas.
"Neste ano fizemos a segunda renegociação com a Energisa, ou seja, estávamos assumindo e refazendo a dívida. Foi renegociado com a Energisa que, desde maio deste ano, paguemos a fatura e mais uma diferença. Por exemplo, a fatura paga em atraso nessa terça-feira (16) era de R$ 1,5 milhões, mais R$ 300 mil de dívida", explicou.
A reitora também citou a ação "difícil e complexa" dos pesquisadores, professores e técnicos da UFMT, que precisaram retirar materiais de pesquisa às pressas das dependências da universidade após o corte de luz.
"Professores, pesquisadores e técnicos precisaram carregar seu material de pesquisa para casa ou onde tivesse energia suficiente para conseguirem garantir um resultado de pesquisa, muitas vezes de mais de 20 anos", afirmou.
Críticas do MEC
Questionada sobre a publicação do ministro, a reitora afirmou que a administração da UFMT foi surpreendida com o corte de luz nos cinco campi.
"A UFMT foi surpreendida pelo corte de energia nessa terça-feira (16). Tinha uma reunião na Energisa nesta quinta-feira (18), justamente para falar sobre os cortes. Como eu estava com um agenda [de visitas] no campus de Sinop, tentei negociar se não seria possível para quinta-feira, porque já tinha passado por Rondonópolis, pelo Araguaia e era muito importante passar por Sinop. Considerando isso, a Energisa disse para nós que atenderia [no dia solicitado]. Então, para nós foi uma surpresa drástica", disse.
Myrian afirmou que chegou à Cuiabá por volta das 16h, nessa terça-feira (16).
"Com a questão do corte de energia e a repercussão da mídia, técnicos do Ministério da Educação entraram em contato comigo. Eu estava indisponível, conseguiram falar com o vice-reitor. Queriam saber o que estava acontecendo com a universidade para estar sem energia. Nós relatamos que estavámos em um processo de negociação e fomos surpreendidos com o corte", explicou.
A reitora também afirmou que o envio de um repasse emergencial do Ministério da Educação (MEC), no valor de R$ 4,5 milhões feito no dia 11 deste mês, também citado por Weintrab em outra postagem no Twitter, chegou à UFMT na forma de limite de empenho.
Marcelo Camargo/Agência Brasil
O ministro da Educação, Abraham Weintraub: críticas à gestão da UFMT
"Na quinta-feira (11), o Governo Federal via MEC descentralizou a verba para a UFMT. Esse recurso chegou na forma de limite de empenho. Num linguajar mais doméstico, significaria 'passar um cheque'. Não é ainda o dinheiro no banco para pagar. Então, o Governo Federal passou esse dinheiro sem possibilidade de utilização. Fomos avisados e começamos a cobrar que tivéssemos o que chamamos de limite de pagamento, que é o dinheiro, efetivamento, no banco", afirmou.
Ela também alegou que, como repasse emergencial não está ativo no banco de fato, atualmente a UFMT não tem dinheiro em caixa para arcar com novos pagamentos à fornecedores.
"Já recebemos a fatura de julho deste ano, no valor de R$ 1,6 milhão, mais os R$ 300 mil, ou seja, já chegamos aos R$ 2 milhões", disse.
"O MEC descentralizou o dinheiro para a UFMT, mas, neste momento, não há dinheiro disponível para a UFMT pagar qualquer fornecedor. Pagamos a conta de energia, há esse saldo dos R$ 4,5 milhões para a universidade, mas efetivamente não temos dinheiro no banco para fazer pagamentos", explicou.
Aumento nas contas de luz
A reitora também ressaltou que a gestão não está "satisfeita" com o aumento nas faturas de energia elétrica da UFMT. De acordo com ela, a previsão é de que os gastos com pagamento de luz da instituição cheguem a R$ 20 milhões até o final deste ano.
"Em 2014, a universidade tinha uma despesa de energia de R$ 7 milhões/ano. Neste ano, a previsão é de R$ 20 milhões. Isso significa que em cinco anos nós triplicamos o nosso consumo. O que não quer dizer que estamos satisfeitos com isso. Temos medidas paleativas, de suficiência energética, mas ela são paleativas ainda, como troca de lâmpadas de LED, eletrodomésticos e equipamentos de menor consumo", disse.
Ainda conforme Myrian, um projeto de energia fotovoltaica, obtida através da conversão direta da luz do Sol em eletricidade, foi desenvolvido pela UFMT. Porém, ela ressaltou que para viabilizar a iniciativa serão necessários cerca de R$ 8 milhões em investimentos.
"Se quisermos uma energia sustentável, limpa e um recurso menor, precisaremos de recursos públicos. Principalmente um piloto no campus UFMT, que consome 80% da energia elétrica", avaliou.
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22 Comentário(s).
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24.07.19 19h53 | ||||
Porque os " Doutores e mestres" ainda não buscaram soluções visando a sustentabilidade energética da faculdade ??? | ||||
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roberto 19.07.19 15h30 |
roberto, seu comentário foi vetado por conter expressões agressivas, ofensas e/ou denúncias sem provas |
Leo 19.07.19 15h07 | ||||
Verdade Antônio José, mas você há de concordar que aluno de medicina, direito e outros cursos não tem tempo de fazer piquete, motim, sensacionalismo, ou seja não são massa de manobra, talvez por isso sejam melhores avaliados. Tá vendo bons exemplos dentro da universidade tem, sigam os bons. | ||||
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Roberto Rondon 19.07.19 09h37 | ||||
Alguém reparou que todos os comentário contra a reitora são disparados no mesmo minuto, como se sempre 3 fizessem comentários simultâneos, olha os Robôs aí😂😂 | ||||
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Antônio josé 19.07.19 00h06 | ||||
É interessante analisar os comentário dos entendidos aqui, por acaso já foram na ufmt, já assistiram alguma aula, sabem que o curso de medicina é um dos melhores do país, sabem que os alunos de direito da ufmt tem as melhores notas no exame de ordem, que não existe nenhum curso em outra universidade do estado com melhor avaliação do que os ofertados na Ufmt | ||||
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