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22.05.2022 | 08h00 Tamanho do texto A- A+

Relações antigas são mais propensas a ter violência doméstica

O 5° Anuário Estatístico Delegacia Especializada de Defesa da Mulher (DEDM), em Cuiabá, trata dos casos registrados em 2021

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A delegada Jozirlethe Magalhães Criveletto coordenou a elaboração do Anuário

A delegada Jozirlethe Magalhães Criveletto coordenou a elaboração do Anuário

LIZ BRUNETTO
DA REDAÇÃO

Relações duradouras lideram o ranking de casos registrados de violência contra a mulher na Delegacia Especializada de Defesa da Mulher (DEDM) em Cuiabá.

 

A informação consta no 5° Anuário Estatístico, que apresenta dados e análises dos atendimentos realizados pela unidade durante todo o ano de 2021. A delegada Jozirlethe Magalhães Criveletto coordenou a elaboração da publicação.

 

Se comparado com o mesmo período de 2020, houve um aumento de 51% no número de registros, sendo ao todo 3.110 vítimas do sexo feminino.

 

Desse montante, 25,7% das vítimas atendidas declararam ter mais de 9 anos de relação com o autor da agressão.

 

Em seguida estão as mulheres que não possuíam vínculos com o agressor ou não quiseram informar esse vínculo - 22,1% dos casos.

 

Logo estão as relações com duração entre 2 e 4 anos, representando 18,3% do montante total, e os relacionamentos entre 5 a 8 anos, representando 14,7% dos casos.

 

Os dados revelam a dinâmica do ciclo de violência contra a mulher descrito pelo Instituto Maria da Penha.

 

Segundo a instituição, a psicóloga norte-americana Lenore Walker identificou que as agressões cometidas dentro de um contexto conjugal acontecem de forma cíclica em três fases que se repetem.

 

Na primeira delas, denominada “aumento da tensão”, o agressor demostra irritabilidade e acessos de raiva por coisas triviais. A vítima tende a se culpar pela situação e negar aos demais que ela esteja acontecendo.

 

Algumas das sensações descritas nessa fase são de tristeza, angústia, ansiedade, medo e desilusão. Essa fase pode durar dias ou anos, até chegar à segunda.

 

Esta é marcada pelo “ato de violência”, em que o agressor “explode” e a violência verbal, física ou psicológica (dentre outras) se materializa.

 

Nela a vítima está diante de uma “tensão psicológica severa (insônia, perda de peso, fadiga constante, ansiedade) e sente medo, ódio, solidão, pena de si mesma, vergonha, confusão e dor”.

 

Nesse momento é onde a maioria dos registros de ocorrência acontece, dentre outras decisões que a mulher é levada a tomar como se esconder, pedir pela separação ou até o suicídio.

 

A terceira fase é conhecida como “lua de mel”, depois do ato de violência o agressor tende a se mostrar arrependido para conseguir uma reconciliação.

 

O período tende a ser de calmaria, mas logo a primeira fase se repede e o ciclo se reinicia.

 

Apesar dos dados demonstrarem relações duradouras entre vítimas e agressores, 37,6 % do total de vítimas atendidas declararam estado civil solteira. O que pode revelar mais uma especificidade na dinâmica dessas relações.

 

Outro dado importante

 

Muitas são as motivações usadas para “justificar” os diferentes tipos de violência contra a mulher, como o uso de álcool, drogas e até vingança ou rixa.

 

Entretanto, em disparada está a motivação passional como "justificativa" para o crime. Ela aparece em 52,1% dos casos.

 

Segundo o próprio anuário estatístico, o termo “passional” é considerado inapropriado, uma vez que pode apresentar sentidos diferentes.

 

“Nesse sentido, o que é explicado para as mulheres no momento da coleta de dados, é que “passional” se refere a ciúmes, sentimento de “posse”, menosprezo, que são características trazidas pela “condição de sexo feminino”, diz o documento.

 

Ainda segundo o documento, as motivações apresentadas pelos agressores em casos de violência contra a mulher são as mesmas vistas em casos de feminicídio, quando essa violência atinge o ápice.

 

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