Saiba quem é o PM suspeito de intermediar a morte de Nery

Investigado como suposto intermediador do homicídio do advogado Renato Nery, em julho passado, em Cuiabá, o policial militar Jackson Pereira Barbosa, de 39 anos, é dono de uma ficha polêmica na carreira militar e até tentou entrar para política ao concorrer a vereador de Primavera do Leste, nas eleições de 2024.

Jackson foi alvo da Operação Office Crime - O Elo, deflagrada na terça-feira (8), em Primavera do Leste, pela DHPP (Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa).

Ele teve o aparelho celular apreendido e é suspeito de intermediar a morte de Renato Nery.

O policial teve o nome atrelado a dois casos que foram amplamente noticiados na imprensa mato-grossense. O primeiro, ocorrido em 2019, trata-se de uma acusação de ameaça contra o interventor do Cartório de 1º Ofício de Registro de Imóveis, Títulos e Documentos, em Primavera, advogado Fernando Saldanha Farias.

Fernando assumiu o comando do cartório após a titular, a ex-tabeliã Elza Fernandes Barbosa, se tornar suspeita de cometer diversas irregularidades no órgão, como cobrança abusiva, sonegação fiscal, e contratação fantasma do próprio filho.

Assim, conforme investigado pela GCCO (Gerência de Combate ao Crime Organizado) na época, Elza teria contratado os policiais militares Jackson Pereira Barbosa e Geraldo Bruno Victor Cesar e Rafael Martins Felício, para intimidar um o interventor do cartório, ocasião em que cortaram dois pneus do carro dele. 

Já em 2022, Jackson foi preso na Operação Simulacrum, da DHPP (Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa) por supostamente integrar um grupo de extermínio, formado por 50 policiais militares, que mataram dezenas de pessoas em confrontos forjados em Cuiabá e Várzea Grande, entre 2017 e 2020, para promoverem seus nomes e seus respectivos batalhões.

Em decorrência dessa investigação, Jackson foi denunciado pelo Ministério Público Estadual, em junho de 2024, apontado como participante de uma chacina, no dia 3 de outubro de 2017, no “Mangueiral”, na região do Rodoanel, em Cuiabá, que resultou nas mortes de Mayson Ricardo de Moraes Dihl, Fabrício Soares Ferreira e Deberson Pereira de Oliveira. 

Em 2024, o PM tentou disputar o cargo de vereador em Primavera, como "Cabo Jackson Barbosa Sabiá", então filiado ao União Brasil.

Ele havia se afastado do serviço policial para o pleito, mas teve a candidatura indeferida pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), que o declarou inelegível devido a uma condenação de julho de 2024, baseado no estatuto do desarmamento.

Ainda neste mês, no dia 2, Jackson e outros três policiais militares foram filmados agredindo um homem com uma barra de ferro, durante abordagem em Primavera do Leste. Todos os quatro foram afastados do serviço.

Homicídio de Nery

Ex-presidente da OAB-MT, Renato Nery foi atingido por disparos na cabeça no dia 5 de julho de 2024, quando chegava em seu escritório na Avenida Fernando Corrêa, em Cuiabá. 

Socorrido com vida, ele foi levado às pressas para o Complexo Hospitalar Jardim Cuiabá, onde passou por cirurgias, mas não resistiu e morreu no dia seguinte.

Desde o dia 6 de março deste ano, estão presos os PMs da Rotam Leandro Cardoso, Wailson Alessandro Medeiros Ramos, Wekcerlley Benevides de Oliveira e Jorge Rodrigo Martins, e o caseiro Alex Roberto de Queiroz Silva. Já o ex-Rotam, Heron Teixeira Pena Vieira, se entregou na DHPP no dia 7 do mesmo mês.

Todos eles são suspeitos de envolvimento no homicídio de Nery, sendo o caseiro Alex Roberto apontado como autor dos disparos que mataram o advogado.

Leia mais:

PM suspeito de intermediar homicídio teve celular apreendido

Juíza manda sargento cumprir prisão na Escola de Praças de MT

Empresária é dona de loja de joias, fazenda e ostenta viagens

Renato Nery travava batalha judicial contra casal alvo de operação

Alvos de operação foram denunciados por Nery, diz delegado

MPE denuncia policiais por mais 22 mortes na Grande Cuiabá

GCCO prende PM acusado de intimidar interventor de cartório em MT