Cuiabá, Domingo, 6 de Julho de 2025
REDUÇÃO DE CRISES
07.01.2024 | 08h00 Tamanho do texto A- A+

Tutores usam óleo de canabidiol para tratar cão com "Alzheimer"

Max, de 15 anos, foi diagnosticado com a doença há dois anos e meio, e família criou rotina de cuidados

Arquivo pessoal

Max, o cãozinho diagnosticado com Alzheimer canina, sendo alimentado

Max, o cãozinho diagnosticado com Alzheimer canina, sendo alimentado

ANGÉLICA CALLEJAS
DA REDAÇÃO

Há dois anos e meio, Max, um cão de 15 anos da raça Shiba Inu, que vive em Rondonópolis, foi diagnosticado com síndrome de disfunção cognitiva, popularmente conhecida como "Alzheimer canina". A doença, assim como nos humanos, leva à perda das funções cognitivas e físicas devido à degeneração do tecido cerebral.

 

O canabidiol, que foi o que reduziu drasticamente as crises. Agora acontece, no máximo, uma vez ou duas por semana

Na busca de oferecer qualidade de vida a Max, que sofria diariamente com crises e dores, seus tutores descobriram os óleos essenciais à base de Cannabis. Após perceberem uma resposta muito positiva do cão, Josue Neres, seu filho Erick e sua esposa Rosires, decidiram aprofundar-se nesse tratamento.

 

Erick, que é médico, foi quem encontrou essa alternativa para aliviar os sintomas de Max. "Eu pensei: 'Se fosse um paciente meu, como iria tratá-lo?' Comecei a investigar e conversar com alguns veterinários se os meus tipos de tratamento eu poderia passar para o meu cachorro", disse ele.

 

O médico relatou que, de início, optou por medicações nutracêuticas, que são vitaminas e minerais para auxiliar o metabolismo do cão. Segundo ele, a ideia era não utilizar medicamentos mais pesados, como antidepressivos ou anticonvulsionantes.

 

"Ele teve uma melhora, mas investigando um pouco mais, eu descobri os florais, que ajudavam com a ansiedade dele, e as crises começaram a diminuir. Depois disso a gente bateu no canabidiol, que foi o que reduziu drasticamente as crises. Agora acontece, no máximo, uma vez ou duas por semana".

 

Josue, que é quem passa a maior parte do tempo com Max, diz que o cão chegava a chorar a noite toda antes de receber o tratamento. Neste último mês, a família despendeu cerca de R$ 5 mil para custear os medicamentos do pet, sendo os óleos canabinoides, importados dos Estados Unidos, os mais caros da lista.

 

Além da medicação, eles também decidiram, com orientação de um profissional veterinário, mudar a alimentação de Max, que agora passará a comer refeições naturais. Como a doença não tem cura, a família optou por buscar meios não só de amenizar o desconforto do animal, mas também cuidar da vitalidade dele.

 

O diagnóstico e a rede social

 

No caso de Max, a doença foi descoberta após ele realizar cirurgia de catarata, quando o veterinário que o atendeu suspeitou dos sintomas. Até então, seus cuidadores acreditavam que o comportamento do cão fosse decorrente da velhice.

Arquivo pessoal

Josue, Rosires com Max e Erick

Josue, Rosires com Max e Erick

 

Na época, além do problema da cegueira, que o fazia trombar em tudo pela casa, Max também começou a perder o interesse em interagir com seus tutores e a habilidade de se alimentar sozinho. Josue conta que o ponto chave que o fez levar para ser diagnosticado foi quando o animal começou a passar as noites "gritando".

 

Após isso, a família de Max decidiu compartilhar a vida do cãozinho nas redes sociais, como forma de conscientização da doença. Josue, que foi o precursor da ideia, disse que um dos motivos é porque antes via o comportamento do animal como "birra" e, por isso, quis propagar conhecimento sobre o tema.

 

"Eu comecei a compartilhar os vídeos nas redes sociais exatamente com esse objetivo, de que outros tutores não venham cometer o mesmo erro que eu cometi. Entender que realmente é um problema, que é um animal que se torna como um bebê, dependente de tudo".

 

"Eu fiquei um pouco indignado, porque eu pensava que ele fazia como se fosse uma pirraça, uma manha de ficar gritando a noite toda. E a minha esposa é que passava as noites com ele", contou.

 

"Quando ele foi diagnosticado, eu comecei a estudar sobre isso, e causou em mim um arrependimento grande de querer isolar ele, deixar ele preso gritando no quartinho. Quando eu entendi que ele tinha um problema de saúde, mexeu muito comigo e tive um sentimento de culpa de não ter cuidado dele no início".

 

É através do Instagram que Josue divulga a rotina da família nos cuidados com Max. Nos vídeos, ele mostra o comportamento do animal com a doença, como a dificuldade de locomoção, ficar girando no próprio eixo, gritos repentinos e o principal: como tratar o animal.

 

"Hoje, para ele comer, a gente põe a comidinha na boca, água é através de seringa. A gente tem que identificar quais as necessidades dele, porque ele não sabe se está com sede, se quer fazer xixi, se está com dor ou qualquer outra coisa. E tudo isso eu vou postando para as pessoas entenderem sobre a enfermidade".

 

"Quando meu pai começou a cuidar, para aliviar um pouquinho a minha mãe, ele começou a entender que realmente não é culpa do animalzinho. Porque às vezes tem muitos animais que são mal tratados pelos tutores, simplesmente por não conhecerem sobre a doença".

 

A rotina de Max

 

Nos cuidados, que não são poucos, durante a noite a família se reveza em plantões para fazer companhia a Max, que algumas vezes acorda assustado, sem reconhecer onde está, e precisa ser acolhido para se acalmar.

 

Arquivo pessoal

Rosires dormindo ao lado de Max

Rosires dormindo ao lado de Max

"Na rotina do trabalho, o que mais afetou foi para o Eric e da Rosires, porque às vezes eles precisam levantar muito cedo, e ela tem uma agenda muito comprometida por causa da clínica de estética. Então, quem cuida mais nesse período da noite sou eu. Como trabalho com investimentos, passo mais tempo em casa", disse Josue.

 

"A gente tem uma rotina, com horário de comer, de dormir, de fazer as necessidades, hora de dar remédio. Tudo é bem organizado. A gente tem até uma prancheta aqui, onde a gente anota tudo, inclusive para não errar nos medicamentos".

 

"Para você ter noção, a gente dorme na sala, no sofá, e faz essa troca de plantão, porque ele não consegue dormir no quarto com a gente. No quarto ele tem várias crises, na sala, não. A gente tem que deitar ao lado dele, ficar passando a mão para ele sentir a presença da gente, aí ele dorme", contou Erick.

 

Para evitar que o cãozinho se machuque nos objetos da casa, seus tutores também decidiram colocar um cercadinho na sala, que fica próximo à porta, facilitando a ida de Max à área externa, onde está o gramado.

 

"A gente aprendeu a fazer dentro de casa um curralzinho, a gente coloca tapetes para ele não escorregar no piso. A gente está ensinando ele novamente a sair de casa e voltar, porque ele desaprendeu isso também".

 

Eutanásia não é opção

 

Uma das polêmicas que a família se deparou após começarem a compartilhar a rotina de cuidados e gastos com Max, algumas pessoas comentaram sobre eutanásia para animais que têm demência. Para os tutores de Max, esta não é uma opção.

 

"As pessoas não têm paciência e levam o animal para sacrificar. Eu descobri que não é a solução, porque a gente pode dar qualidade de vida para ele, deixar ele viver muito bem com a enfermidade".

 

"Apesar que a gente vai ter que dedicar tempo, carinho, atenção, que eu não considero como sacrifício, para mim é amor, como a gente faz pelo filho, pelo pai. Porque ele é parte da nossa família, entende?".

 

"Todos os veterinários que passamos, nenhum indicou eutanásia. E a gente descobre que o pessoal, por coisas tão mínimas, levam o animal para ser sacrificado. Eu tenho falado pouco a respeito disso para não criar intriga nas redes sociais, mas é algo que tento divulgar. É possível dar qualidade de vida a eles, e não partir diretamente para isso".

 

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