Cuiabá, Terça-Feira, 16 de Dezembro de 2025
ALGEMAS SOLTAS; VEJA
16.12.2025 | 16h25 Tamanho do texto A- A+

Vídeo revela plano de ataque a juízes em penitenciária de Sinop

Detento denunciou suposto plano da direção da Penitenciária Ferrugem para atacar juiz durante inspeção

Reprodução

Imagem mostra detento durante denúncia de plano contra juiz Marcos Faleiros

Imagem mostra detento durante denúncia de plano contra juiz Marcos Faleiros

ANDRELINA BRAZ
DA REDAÇÃO

Um detento da Penitenciária Ferrugem, em Sinop, apontado como um dos líderes da maior facção criminosa de Mato Grosso, revelou em depoimento a existência de um atentado supostamente planejado por diretores da unidade contra juízes e promotores responsáveis pela inspeção do presídio.

 

Ele só falou dessa forma, para eu agredir, que está queimando a imagem do pessoal que está vindo aqui

O depoimento foi gravado no dia 30 de outubro pelos juízes da Corregedoria-Geral de Justiça Marcos Faleiros da Silva e Paula Thatiana Pinheiro, responsáveis pelas inspeções e que seriam os alvos do atentado.

 

A gravação ocorreu um dia após a realização da inspeção que revelou um cenário de tortura contra os detentos por parte de agentes prisionais, sob o comando do diretor da unidade, Adalberto Dias de Oliveira, e do subdiretor, Antônio Carlos Negreiros dos Santos.

 

Segundo informações do detento, o diretor da unidade e o subdiretor teriam conversado com ele pedindo que agredisse o juiz em troca de transferência para a ala evangélica em um prazo de seis meses.

 

O crime teria o objetivo de deslegitimar as denúncias feitas por Faleiros sobre violências na unidade.

 

“Ele só falou dessa forma, para eu agredir, que está queimando a imagem do pessoal que está vindo aqui [denunciar], colocando ‘nois’ como agressores”, disse o detento se referindo a suposta fala dos diretores. 

  

“Ele ia me dar uma oportunidade daqui seis meses. Se eu fosse para a igreja, ia me tirar para trabalhar, porque eu não conseguiria ter benefício na unidade dele. O pessoal [gestores] citou os meritíssimos para eu ‘fazer o piseiro’, avançar, tentar agredir, dar murro, para queimar a imagem de todos os depoimentos que estavam vindo contra eles [policiais], para favorecer eles, entendeu?”, acrescentou.

 

O detento revelou ainda que no dia 29 de outubro foi levado até o Fórum de Sinop sem a presença de marcapasso - equipamento que consiste em algemas nos pés-, além de relatar que as algemas não foram fechadas corretamente no dia, o que facilitaria uma possível agressão aos magistrados.

 

Quebra de protocolo 

 

De acordo com informações constantes no relatório de inspeção, para comprovar que as algemas haviam sido colocadas de forma simulada, o detento esticou os braços e os rotacionou diante dos juízes, fazendo com que o objeto caísse ao chão.

 

Diante da situação, um dos magistrados solicitou a presença dos policiais penais na sala; no entanto, eles não se encontravam no local, o que foi considerado quebra de protocolo de segurança.

 

Indícios de que os policiais se ausentaram deliberadamente para possibilitar que o detento atentasse contra as autoridades

Segundo o relatório, a situação apresenta “indícios de que os policiais se ausentaram deliberadamente para possibilitar que o detento atentasse contra as autoridades”.

 

Questionado sobre o episódio, no dia seguinte, o detento afirmou que não conseguiria retirar as algemas sozinho, sem auxílio, demonstrando que os equipamentos teriam sido colocados de forma simulada.

 

“Não tem como [abrir as algemas sem auxílio dos policiais]. Pelo menos da minha parte, nunca tentei. Não tem como”, afirmou.

 

O relatório

 

Um relatório publicado pela Corregedoria-Geral foi conduzido pelos magistrados Marcos Faleiros da Silva e Paula Thatiana Pinheiro, juntamente com dois servidores.

 

De acordo com o documento, a inspeção ocorreu nos dias 29 e 30 de outubro deste ano, após diversas denúncias, e ouviu 126 presos.

 

O material aponta a prática de tortura, com o posicionamento dos detentos em posturas degradantes e agressões físicas. Segundo o relatório, 48 detentos apresentaram cicatrizes ou lesões recentes de balas de borracha, indicando um padrão de agressão em datas distintas.

 

Outro ponto destacado pelo documento foi a existência de um “poder paralelo” na unidade, marcado pelo desprezo às decisões judiciais, intimidação de autoridades e repetição sistemática de práticas de tortura já denunciadas em inspeções anteriores, inclusive no relatório de 2020, além de ameaças aos magistrados que conduziam o processo.

 

Veja o vídeo: 

 

 

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