KATIANA PEREIRA
DA REDAÇÃO
A empresa JBS/Friboi negou que maltrate funcionários e que tenha violado os direitos trabalhistas de seus funcionários. A denúncia foi feita, no começo do mês, pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Carnes e Laticínios do Portal da Amazônia (Sintracal) ao Ministério Público do Trabalho (MPT), de Alta Floresta (830 km ao Norte da Capital).
A JBS possui frigoríficos nas cidades de Alta Floresta, Colíder e Matupá, abrangidas pelo Sintracal. Leia mais AQUI.
O diretor regional de Recursos Humanos da empresa, Marcos Camilo, em entrevista coletiva, na sede da filial de Cuiabá, localizada no bairro São Gonçalo Beira-Rio, disse que, até o momento, não tomou conhecimento formalmente da denúncia e que o sindicado não os procurou para encaminhar as reclamações dos trabalhadores.
“Não recebemos nada sobre denúncias. Sobre a questão salarial, é bom esclarecer que não fazemos acordos trabalhistas com os funcionários, os salários são definidos nas convenções, das quais participam outros frigoríficos, e não apenas a JBS", explicou o diretor.
Uma das denúncias do Sintracal é de que a empresa estaria obrigando funcionários doentes e acidentados a trabalharem, mesmo com dores. O diretor da unidade de Cuiabá, Wiliam Salazar, negou que esse tipo de procedimento ocorra nas plantas do JBS.
“Temos um rigoroso controle de qualidade, de tal maneira que o mínimo corte é encaminhado para o ambulatório. Não infringimos leis trabalhistas, as denúncias são infundadas”, disse o executivo.
Excesso de trabalho
O gerente de Engenharia Industrial da JBS, Fábio Bergamaschi, negou que funcionários sejam submetidos a jornadas diárias exaustivas, tampouco que eles trabalhariam duas horas seguidas e que estariam em áreas de risco e insalubres, sendo obrigados a vender os dias de abono de férias, conforme foi denunciado pelo sindicato.
“Temos um sistema de que analisa os movimentos dos trabalhadores. Uma tabela mostra a quantidade de tempo que eles estão trabalhando. Em algumas funções, a ocupação do funcionário é de 46% do tempo de trabalho; em outras, chega a 96%. Analisamos esses dados e remanejamos funcionários de cada setor, observamos se precisa de mais funcionários para otimizar o trabalho e não haver sobrecarga”, disse o engenheiro.
Política de trabalho
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Fluxograma de compra de gado da JBS
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O diretor de Comunicação, Alexandre Inácio, esclareceu que a política interna da JBS não permite a compra de gado de áreas desmatadas e tampouco em locais onde existe trabalho escravo, práticas denunciadas pelo Sintracal.
“A JBS desenvolveu um sistema para verificar possíveis irregularidades com fornecedores. A produção em área onde existem desmate ilegal, trabalho escravo e qualquer tipo de situação irregular são barradas automaticamente em nosso setor de compra. Temos vários critérios de avaliação para contratação de produtores. As denúncias são descabidas e mentirosas. Tanto que, até agora, não chegou nenhuma denúncia formal até nós”, disse.
Denúncias do sindicato O representante do Sintracal, Júlio César, disse ao
MidiaNews que as denúncias foram protocoladas no MPT, de Alta Floresta, no dia 4 deste mês e que aguarda que o órgão se manifeste em breve.
“As denúncias são reais, temos provas e depoimentos que comprovam tudo. É claro que o JBS não iria admitir nada. Esperamos que o Ministério Público haja com lisura no caso, que é muito sériol”, disse o sindicalista.