Troca de farpas "esquenta" o debate entre candidatos

O primeiro debate dos candidatos a prefeito de Cuiabá, transmitido pela TV Record (Canal 10), nesta sexta-feira (14), foi marcado pela troca de farpas entre os concorrentes.

Logo na primeira parte do embate, o ex-secretário de Estado e ex-deputado estadual Carlos Brito (PSD) deu a tônica do confronto, escolhendo o adversário Lúdio Cabral (PT) como principal alvo.

Brito deu destaque a assuntos polêmicos, como aborto e drogas, abordados durante a exibição de seu programa eleitoral na TV, na última quarta-feira (12). Ele questionou o petista sobre uma suposta posição favorável à legalização das práticas.

Lúdio respondeu dizendo ser a favor da vida, ressaltando que isso encontra-se, inclusive, em seu Plano de Governo. Mas, admitiu que, de fato, vários segmentos do PT são favoráveis à legalização do aborto e da descriminalização das drogas, como a maconha, mas que não se inclui nesse grupo.

“Estou sendo atacado covardemente por candidatos que já se juntaram para me prejudicar”, afirmou o petista.

Ao longo do debate, Brito ainda cobrou explicações de Lúdio sobre a participação do ex-secretário de Estado, Eder Moraes, na campanha do petista.

Ele afirmou que Eder - que teve o nome envolvido em grandes escândalos, como o caso das Land Rovers e dos Maquinários - era quem, de fato, coordenava a campanha do petista e que Lúdio, caso eleito, o colocaria em algum cargo da administração municipal.

“Em primeiro lugar, o senhor tem que se informar melhor. O Eder Moraes não é meu coordenador de campanha. Ele é um cidadão de outro partido que decidiu, de forma espontânea, me apoiar. Temos uma campanha coletiva e não existe nenhum acordo sobre questão de cargos. É uma pena que, com a história que o senhor tem, o senhor ter assumido este papel de atuar a serviço de outra candidatura para nos atacar", declarou Lúdio.

Brito, por sua vez, teve que responder aos questionamentos do Procurador Mauro (PSOL), que quis saber como o ex-secretário administraria a Capital, sendo que é apoiado pelo presidente da Assembleia Legislativa, José Riva (PSD), que responde a mais de 100 ações por suposta improbidade administrativa.

“A sua gestão será do modo Riva de ser?”, perguntou o Procurador a Brito.O ex-secretário disse que é a Justiça que tem que responder sobre as pendências judiciais do deputado.

“Na minha campanha e na minha gestão, a autonomia será minha, irei combater a corrupção de frente”, afirmou o candidato do PSD.

O Procurador Mauro também não poupou Guilherme Maluf (PSDB) das críticas. “O senhor denunciou o hospital regional e o descaso na área da saúde, mas os líderes do seu partido e seus apoiadores são, como você, os responsávies pelo caos no setor”, disparou.

De seu lado, o tucano respondeu que “não se trata apenas de Jayme Campos, Júlio Campos, Dante de Oliveira, pois também passaram pelo governo do Estado Blairo Maggi, Silval Barbosa...", disse.

"Somos a única capital do país que não tem um hospital estadual. Por isso, defendo a minha cidade e um pronto-socorro de melhor qualidade”, completou.

PT é o alvo

Líder nas pesquisas de intenções de voto, Mauro Mendes, a exemplo de Brito, escolheu o petista Lúdio Cabral como seu principal alvo.

Por mais de uma vez, o empresário comparou Lúdio ao ex-prefeito Wilson Santos (PSDB).

Ao responder a um questionamento do petista sobre a venda de parte da CAB para a bolsa de valores, Mauro disse que as afirmações do petista lembravam “a de um candidato que, lá em 2008, falava manso, falava bonito, mas faltava com a verdade. A linha hoje do PT é pelas privatizações. O Estado não consegue fazer tudo, por que Cuiabá só tem 32% de esgoto? Eu vou cobrar o cumprimento do contrato, se isso não acontecer, nós cancelamos”, disse o socialista.

Lúdio foi contra a concessão à CAB para administrar os sistemas de água e esgoto da Capital, que era responsabilidade da Sanecap.

“Mauro Mendes acabou de dizer que vai esperar nove anos para começar a asfaltar nossa cidade. Nós temos compromisso com nossa cidade, senhor candidato, eu vou assumir minha responsabilidade de trazer para o município os recursos para expansão da rede de esgoto e água para que ela alcance todas as residências”, rebateu Lúdio.

“Além do que, a turma do Wilson está te apoiando e de Galindo, também. É o senhor que precisa se explicar”, cutucou.

Incentivos fiscais

O empresário, dono da Bimetal, ainda foi questionado por Carlos Brito se não considerava imoral receber R$ 46 milhões de incentivos fiscais e, mesmo assim, se gabar de fornecer aos seus funcionários 18º salários e outras vantagens.

“Acho engraçado que sempre decidem falar de incentivo fiscal quando eu resolvo entrar numa eleição. Os incentivos fiscais são descontos em impostos, não são ilegais, pelo contrário, trazem muitos benefícios para os Estados. Em Mato Grosso, 230 empresas recebem incentivos fiscais, eles geram emprego, pois atraem indústrias”, argumentou Mauro.

Tercerização

O Procurador Mauro questionou Lúdio Cabral a respeito do fato de ele se posicionar contra a terceirização de serviços públicos enquanto o governador Silval Barbosa (PMDB), que o apoia, está terceiriizando a gestão de vários hospitais estaduais.

"O senhor diz que é contrário à privatização da Sanecpa, mas o Governo do Estado está privatizando os serviços de saúde por meio de Organizações Sociais. Como o senhor explica essa incoerência entre o que o senhor prega e o que o governo vem fazendo no Estado?", perguntou.

Lúdio se esquivou de responder sobre a suposta incoerência, e apenas reafirmou seu compromisso de manter a gestão pública da saúde.

O debate

O debate desta sexta-feira (14) foi o primeiro transmitido pela TV, na presente disputa eleitoral.

Promoção da TV Gazeta (Canal 10), afiliada da Rede Record na Capital, o debate começou às 11h e terminou às 14h.

O programa foi interrompido ao meio-dia, para a transmissão do horário eleitoral gratuito. O responsável pela mediação foi o jornalista Lúcio Sorge.

Cinco candidatos compareceram: Mauro Mendes (PSB), Lúdio Cabral (PT), Guilherme Maluf (PSDB), Carlos Brito (PSD) e Procurador Mauro (PSOL).

A emissora adotou como critério de escolha chamar somente os candidatos de partidos que têm representação no Congresso Nacional, com deputados e senadores.

Dessa forma, o candidato Adolfo Grassi, que pertence ao nanico PPL (Partido Pátria Livre), ficou de fora.

No total, os eleitores cuiabanos poderão acompanhar três debates pela televisão, no primeiro turno das eleições.

A TV Gazeta realizará outro evento no dia 1º de outubro – dessa vez, porém, o programa será transmitido à noite.

A TV Centro América (Canal 4), afiliada da Rede Globo, realizará o último debate do pleito no dia 4 de outubro, também no período noturno.