DOUGLAS TRIELLI
DA REDAÇÃO
Os candidatos a prefeito de Cuiabá, Julier Sebastião da Silva (PDT) e Wilson Santos (PSDB), trocaram acusações durante o debate ocorrido, na noite desta sexta-feira (09), no Centro Acadêmico de Economia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
Julier acusou o tucano de somente pedir desculpas por “não ter o que apresentar” de seus dois mandatos no Palácio Alencastro. Já Wilson rebateu as críticas acusando o pedetista de ter propostas inexequíveis.
O debate, focado nos desafios socioeconômicos da “Cuiabá 300 Anos", durou pouco mais de duas horas. Wilson foi o único candidato vaiado pela plateia, composta em sua maioria por estudantes. Julier e Procurador Mauro (PSOL) foram os mais aplaudidos.
O encontro contou ainda com a presença dos candidatos Serys Slhessarenko (PRB) e Renato Santtana (Rede). Já Emanuel Pinheiro (PDMB) decidiu não comparecer por ter “compromissos inadiáveis”. O peemedebista estava no lançamento da candidatura à reeleição do vereador Juca do Guaraná (PTdoB).
PPP e água suja
Já de início, Julier se disse contra a parceria público-privada (PPP) na Educação, proposta apresentada na gestão do governador Pedro Taques (PSDB). Segundo ele, este tipo de modelo “não será bem quisto” caso seja eleito. “Parceria público-privada é coisa do PSDB”, disse.
Teve um candidato que tomou água suja. A CAB foi privatizada e acho que se ele deveria tomar a água de agora e saber se melhorou com a privatização da CAB
Em seguida, afirmou a Wilson que uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara Municipal apontou irregularidades no valor da passagem de ônibus em seu primeiro mandato, e questionou se, em uma eventual vitória, irá manter a “política careira” do transporte público.
“Todas as capitais do país, administradas por todos os partidos, enfrentam problemas gravíssimos. Em Cuiabá temos algo em torno de 38% de gratuidade. Quem paga, acaba pagando mais. Eu, quando deputado, participei de um grande movimento pelo passe-livre em Cuiabá, em 2001. Vou manter o passe-livre. E pretendemos concluir o VLT, assumindo a posição de cobrança política dos governos Estadual e Federal”, rebateu Wilson.
Já durante questionamento de Renato Santtana sobre de onde irá tirar recursos para concluir o saneamento da Capital, Julier se lembrou do episódio em que Wilson bebeu uma água de conteúdo duvidoso durante um debate, em 2008, na TV Gazeta.
“Me lembro bem que em 2008 teve um candidato que tomou água suja. A CAB foi privatizada e acho que ele deveria tomar a água de agora e saber se melhorou com a privatização da CAB. Eu garanto que seria a mesma cor. Vamos destituir a Sanecap e trazer para a Prefeitura a responsabilidade dos serviços de saneamento para que possamos ampliar a distribuição de água e fazer aquilo que a CAB não fez”, disse.
Em direito de resposta, Wilson afirmou que o candidato do PDT desconhece os valores necessários para a universalização da água na Capital.
“Como esperado, o candidato Julier não respondeu de onde irá tirar o dinheiro. Rodeou, rodeou, e não respondeu. Talvez nem saiba quanto custa para universalizar água e esgoto. Quando fui prefeito, construí a segunda maior estação de tratamento deste Estado, a ETA Tijucal, construí 26 km de adutora e fiz R$ 16 milhões de reservatórios”, afirmou.
“Eu também já fui autor de propostas inexequíveis, utópicas, mas quando você está do lado de lá da mesa, é a economia que define, é a arrecadação. Cuiabá só terá em 2017 cerca de 3% de capacidade de investimento. Estatizar tudo é utopia, bobagem. Não interessa se o gato é branco ou preto, o que o cidadão quer é serviços eficientes”, disse, se referindo as propostas de Julier e Procurador Mauro.
Falta de Emanuel e outros candidatos
A falta do candidato Emanuel Pinheiro também foi criticada pelos candidatos. Serys afirmou que “quem não comparece, não merece levar eleição”.
Ainda no debate, ela ressaltou o fato de não ser aposentada pelo FAP (Fundo de Assistência Parlamentar), ao contrário de Emanuel, e que foi a autora da lei da Delação Premiada. Segundo ela, isso ajudou o juiz Sérgio Moro, em Curitiba. Ela chegou a ser vaiada ao citar o juiz.
Marcus Mesquita/MidiaNews
"Também já fui autor de propostas inexequíveis, utópicas, mas quando você está do lado de lá da mesa, é a economia que define", disse WS
Já o Procurador Mauro ressaltou, durante diversas perguntas, que pretende retomar a Sanecap, propor concurso público para o Município, em especial para o setor da Educação, e afirmou que tem sido alvo de “ataques mentirosos” dos adversários.
“Defendemos uma política diferente. Eu não acredito nesse discurso de que não há recurso. A Prefeitura vem arrecadando cada dia mais, cada dia tem mais recurso, mas os serviços públicos continuam ineficientes. Queremos mudar essas práticas”, disse.
O candidato Renato Santtana ressaltou que sua campanha é feita com base em propostas “pé no chão” e que se recusa a fazer promessas apenas em busca do “voto fácil”.
Debate partidarizado
Wilson e Procurador Mauro afirmaram, ao final, que o debate foi “partidarizado”.
O candidato do PSOL acusou os organizadores de estarem ligados a Julier.
Já Wilson apontou os mesmos problemas, mas ressaltou que entrou vaiado e saiu sob aplausos.
“Quando decidi vir, sabia do ambiente, porque vivi aqui quase 10 anos. Aqui todo mundo tem partido e está ideologizado. Vim aqui em respeito à instituição universitária, passei ideias, sugestões, ouvi propostas. Começamos em meio a vaias e saímos aplaudidos. Isso está bom”, afirmou.
