Cuiabá, Quarta-Feira, 17 de Dezembro de 2025
CONFUSÃO EM JÚRI
16.12.2025 | 18h15 Tamanho do texto A- A+

Promotora diz que advogados atacaram juíza: “Conduta misógina”

Élide Manzini de Campos disse que objetivo da defesa era provocar a anulação do julgamento

Josi Dias/TJMT

 promotora de Justiça de Mato Grosso, Élide Manzini de Campos, que participa da acusação do policial civil Mário Wilson Vieira da Silva Gonçalves

promotora de Justiça de Mato Grosso, Élide Manzini de Campos, que participa da acusação do policial civil Mário Wilson Vieira da Silva Gonçalves

ANGÉLICA CALLEJAS
DA REDAÇÃO

A promotora de Justiça Élide Manzini de Campos afirmou que os advogados de defesa do investigador da Polícia Civil Mário Wilson Vieira da Silva Gonçalves, réu pelo homicídio do policial militar Thiago de Souza Ruiz, teriam propositalmente atacado a juíza Mônica Catarina Perri Siqueira para provocar a anulação do júri popular.

 

Ela só reagiu. Eles estavam gritando muito com ela. Eles a tiraram do sério efetivamente

O caso ocorreu durante julgamento no final da tarde de segunda-feira (15), no Fórum de Cuiabá, quando os advogados divulgaram um vídeo no qual a magistrada aparece mandando a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) “se danar”.

 

Em entrevista ao MidiaNews, a promotora relatou que o episódio teve início durante a oitiva de testemunhas de defesa e afirmou que a conduta da defesa foi inadequada desde o começo. Segundo ela, os advogados Cláudio Dalledone e Renan Canto foram os principais instigadores da confusão.

 

“Nós estávamos no plenário, e durante a inquirição das testemunhas, o clima já havia tido algumas controvérsias, algumas discussões. Nós estávamos na inquirição das testemunhas de defesa, e nesse momento, o advogado, de uma forma muito maliciosa, de uma forma ardilosa, começou a guiar esses depoimentos de uma maneira que não condizia ao que estava nos autos", disse.

 

“Ele começou a fazer afirmações, a induzir com que a testemunha respondesse aos questionamentos dele de modo que o favorecesse. E que não era o que de fato era. Para realmente confundir os jurados, para entenderem de uma maneira errônea".

 

Diante da situação, o Ministério Público Estadual (MPE) interveio durante a oitiva, o que deu início à discussão.

 

“Nós interviemos, o Ministério Público. Começou com a gente, porque realmente eles estavam com uma conduta sem ética, desleal. O advogado fazendo afirmações para testemunha confirmar coisas que não eram verdadeiras e idôneas, não conduziam com que estava nos autos, nós interviemos durante os questionamentos da defesa".

 

A promotora afirmou que a juíza apenas solicitou que a pergunta fosse reformulada, sem repreender a defesa. Segundo Élide, após essa intervenção, os advogados passaram a elevar o tom de voz e atacar a magistrada.

 

“O advogado começou a gritar com a doutora Mônica. O Renan gritou com a doutora Mônica muito, mas muito. Uma maneira desrespeitosa, com uma mulher, com uma senhora. A doutora Mônica tem mais de 60 anos, além de mulher é uma senhora, tem idade para ser mãe daquele moleque", disse.

 

A promotora ainda relatou que o caso ficou tenso quando outras pessoas presentes na plateia também se manifestaram contra a juíza.

 

“Tinha advogados na plateia, porque era público, um julgamento aberto, não era sigiloso. Eles começaram a levantar e se insurgir contra a doutora Mônica também. E foi nisso que eles falaram ‘a OAB tá aqui, a OAB tá aqui’, e eles gritando com ela. Ela foi atacada.”

 

Sobre a reação da juíza ao mencionar a OAB, Élide afastou qualquer excesso por parte da magistrada. “Ela só reagiu. Eles estavam gritando muito com ela. Eles a tiraram do sério efetivamente. Com certeza, para conseguir anular, para conseguir desfazer o conselho de sentença. Ele ia ser condenado, porque ele é culpado. A conduta deles foi misógina e preconceituosa. Foram desrespeitosos e mal educados".

 

A promotora também esclareceu que imagens do julgamento divulgadas na imprensa e em redes sociais foram retiradas de contexto. Ressaltou, ainda, que não é permitido registrar imagens do júri popular, prática que teria sido realizada de forma irregular, com potencial para intimidar os jurados.

 

A continuação do júri, previsto para esta terça-feira (16), foi cancelado. Um novo julgamento será realizado nesta quarta-feira (17), às 8h, com a composição de um novo júri.

 

Leia mais: 

 

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