LISLAINE DOS ANJOS
DA REDAÇÃO
Cuiabá entrou em estado de emergência nesta quarta-feira (5). A umidade relativa do ar chegou a 10% durante a tarde, conforme dados do CPTEC (Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos), do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
O índice ideal de umidade é de, no mínimo 60%, conforme a OMS (Organização Mundial da Saúde).
Nessas condições, a recomendação da Organização Internacional de Proteção Civil (OIPC) é que sejam suspensas as atividades que incluam aglomeração de pessoas, como aulas, entre 10h e 16h.
No período também devem ser interrompidas quaisquer atividades ao ar livre, como coletas de lixo e entrega de correspondências.
Durante as tardes, é preciso manter úmidos ambientes internos, especialmente quarto de crianças e hospitais.
Há mais de 70 dias sem chuvas, os cuiabanos deverão enfrentar temperaturas máximas de 40º C e índices de umidade relativa do ar abaixo de 20%, pelos próximos cinco dias.
A baixa umidade do ar e as altas temperaturas vão continuar no Estado, principalmente na Capital, até, pelo menos, a segunda quinzena de setembro. Essa é a previsão feita pelo 9º Distrito de Meteorologia de Mato Grosso.
Segundo o técnico de Meteorologia do 9º Distrito, Valdir Fidélis, uma massa de ar quente se encontra “estacionada” na região de Mato Grosso, sem previsão de deslocamento pelos próximos dias.
“A existência dessa massa de ar quente já é comum no Estado durante os meses de agosto e setembro, resultando em altas temperaturas e ar seco. A umidade, por enquanto, vai continuar abaixo de 20%”, afirmou.
Cuiabá não registra pancadas de chuva desde o dia 22 de junho deste ano.
CorreiosO Sindicato dos Trabalhadores na Empresa de Correio e Telégrafos de Mato Grosso (Sintect/MT) defende mudanças no horário de entrega das correspondências, que, atualmente, é das 13h às 17h.
“Em Mato Grosso, com esse calor e sol escaldante, é muito sofrido o trabalho do carteiro, que até passam mal com a baixa umidade do ar e sol forte. Propomos que as entregas sejam feitas na parte da manhã, das 7h às 11h. O trabalho ia melhorar e até aumentar o índice de produtividade”, disse o presidente do sindicato, Francisco da Silva Adão.
Bloqueio atmosférico
Segundo matéria veiculada no Portal UOL, nesta quarta-feira, o calor e o ar seco registrados neste inverno são resultados da soma de dois fatores: a volta do El Niño e o deslocamento do campo da pressão atmosférica da parte africana do oceano Atlântico para o Brasil, criando um bloqueio à entrada de frentes frias.
Segundo especialistas consultados pelo portal, o inverno deste ano já é considerado o que detém a maior associação entre calor e ar seco dos últimos 30 anos.
Além dos problemas de saúde causados à população, principalmente aos moradores das regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste, esses fatores seriam responsáveis também pelo aumento no número de foco de incêndios nessas partes do país.
Fidélis negou que esses dois fenômenos sejam responsáveis pelo tempo seco no Estado.
“Isso já é comum nos meses de agosto e setembro nessa região. Assim que a massa de ar quente começar a se deslocar, as temperaturas devem diminuir e os ventos úmidos vão começar a se intensificar, fazendo a umidade relativa do ar, consequentemente, subir”, disse.
ConsequênciasEntre os problemas que podem ser enfrentados pela população devido à baixa umidade do ar e as altas temperaturas estão complicações alérgicas e respiratórias, devido ao ressecamento das mucosas, sangramentos pelo nariz e ressecamento excessivo da pele.
Além disso, algumas pessoas podem apresentar irritação nos olhos, causados pelo tempo seco, bem como eletricidade estática nos indivíduos ou em equipamentos eletrônicos.
É esperado também um aumento no número de incêndios em pastagens e florestas.