Cuiabá, Terça-Feira, 17 de Junho de 2025
ONOFRE RIBEIRO
04.07.2012 | 07h38 Tamanho do texto A- A+

Dante de Oliveira, seis anos

Ele é o exemplo do personagem que fica maior do que o homem

Na próxima sexta-feira, completará seis anos da morte do ex-governador Dante de Oliveira.

Possivelmente, alguma linha num canto de página dos jornais, ou uma simples citação num site de notícias, quando muito!

Dante é um desses fenômenos raros em que o personagem fica maior do que o homem, mas quando o homem morre, o personagem acaba esquecido até que a História venha ressuscitá-lo para a próxima geração.

Dante morreu jovem, aos 54 anos, em 2006. Em 2002 sofreu uma pesada derrota política pessoal e partidária. Deixou o segundo mandato de governador para candidatar-se ao Senado e apoiar o senador Antero Paes de Barros, ao Governo de Mato Grosso.

Ao deixar o governo em abril de 2002, Dante ostentava 78% de aprovação popular. Seu oponente, o empresário Blairo Maggi, apareceria em julho como candidato e fechou o mês com 2% da
preferência para governador, contra 63% de Antero Paes de Barros.

A partir daí, uma sucessão de acontecimentos criou uma onda pró-Blairo que terminaria por derrotar o PSDB de Dante na eleição de outubro de 2002. Tinha-se como certa a morte da velha política mato-grossense, nela incluindo Dante, Jaime e Júlio Campos, Roberto França, Carlos Bezerra, José Riva, e todos os líderes históricos.

Eleito governador, Blairo Maggi trazia a expectativa de transformar a gestão política em gestão empresarial. Fez bem isso no primeiro mandato, sem interferências políticas históricas, mas no segundo mandato reelegeu-se negociando e a gestão mudou.

Dante ficou magoado e muito pressionado pela natureza da sua gestão. Fez a reforma fiscal do governo, viabilizando o Governo.

Pra se ter uma ideia dos fundamentos dessa reforma, em 1995, quando assumiu o primeiro mandato, para cada um real arrecadado, o Governo devia três, sem contar dívidas com a União. 

Fecharam-se empresas estatais, municipalizou-se a Sanemat, vende-se o banco do estado, as centrais elétricas, demitiu-se 10 mil servidores públicos semconcurso e renegociou-se todo o pacote das dívidas de Mato Grosso, iniciadas lá atrás logo após a divisão do estado, que não cumpriu a lei divisora.

Em 2003, Mato Grosso estava viável, o que deu a Blairo Maggi condições de exercer uma excelente gestão de obras na infraestrutura e em casas populares, principalmente.

Mas, Dante continuou no ostracismo em 2003, 2004, 2005 até o dia 6 de julho de 2006, quando morreu em Cuiabá, vítima de complicações decorrentes de sua diabete histórica.

A gestão Blairo Maggi trabalhou muito junto à opinião pública para construir uma imagem a partir da desconstrução de todas as imagens políticas anteriores.

Dante e sua gestão, a última histórica, apesar de extremamente inovadora, acabou crucificada.

Penso que, somados todos os seus erros e descontados todos os seus acertos, a passagem de Dante de Oliveira pelo Governo de Mato Grosso foi absolutamente histórica, ousada e
credora do respeito popular atingido depois das eleições de 2002.

No entanto, isso não invalida a sua história e nem a sua personalidade política exuberante. Ele é um desses personagens que a História vai reconhecer a importância tardiamente.

Mas o mérito é que a História não mede só o tempo. Mede as pessoas pela sua estatura ao seu tempo e por sua visão de futuro.

Ah! A velha política se reestruturou!

ONOFRE RIBEIRO é jornalista em Mato Grosso.
[email protected]

*Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do MidiaNews. 

 

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COMENTÁRIOS
11 Comentário(s).

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Rose Marie Borges Oliveira  05.07.12 21h45
Muito lúcido e coerente o seu artigo! Mais de que adianta se isso nao foi reconhecido nesse mar de lama que esta atolado o nosso estado e Pais?
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Claudinara  05.07.12 20h24
Aos 14 anos me tornei Fã de Dante, e fico feliz em saber que sempre que o sr. fala de política DANTE é lembrado, seja como um dos comentarista, seja no seu programa.Nós cuiabanos e Mato-grossense ficamos sem referencias politica depois da morte de Dante. Parabéns Onofre Ribeiro pela lembrança.
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Evando Jymmy Bragança  05.07.12 04h04
Grande perca, Grande Companheiro, Grande AMIGO!!!
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ALECSAND MOREIRA DA SILVA  04.07.12 15h07
Parabéns professor Onofre pelas palavras,quando falo de Dante fico emocionado até hoje,não entendo pois nunca tive contato pessoalmente com ele,mas sempre o admirei,este podemos dizer que foi um ESTADISTA nato.
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ANA MARIA  04.07.12 13h59
É com bastante credibilidade que tanto o Prof Onofre como nós que conhecemos bem quem foi DANTE OLIVEIRA sabemos que ELE FOI UM DOS POLITICOS que amou muito esta terra DEUS o levou cedo demais mais seu povo jamais o esquecerá , já entrou pra história e isso ninguem tira da sua biografia , aliás os que tentaram denegri-lo logo mons traram ao que vieram infelismente todos nás perdemos com sua prematura morte.Obrigada ONOFRE RIBEIRO
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