Donald Trump está em confronto com o governo da Venezuela. Navios começam a cercar o país sul americano. A alegação até agora para essa movimentação, segundo autoridades de Washington, é por causa do tráfico de drogas. Não falaram em derrubar o governo por motivação politica ou coisa parecida. Podem até derrubar, mas a tal motivação seria a questão da droga.
Afirmam que o governo da Venezuela está sendo leniente e facilitando a passagem de drogas que chegariam aos EUIA. Vários barcos, da Venezuela ou não, já foram afundados no mar do Caribe.
A movimentação de Trump também é vista como empurrão para que desafetos internos ao governo do país pudessem derrubar Maduro e seu grupo do poder. Até agora não funcionou essa suposta medida.
Na reunião da Celac ou Comunidade de Estados Latino Americanos na Colômbia esse assunto da Venezuela estava na pauta. E com razão histórica. É que no passado os EUA mandavam e desmandavam na região. Derrubavam governo que queria. Era o momento da Guerra Fria, Washington de um lado e Moscou do outro, e ter governo supostamente amigo era o caminho na região.
Foi naquele momento que apareceram em quase todos os lugares os governos militares, como ditaduras de direita, endossadas pelos EUA. Acabou a Guerra Fria e é de supor que não existe mais ambiente para se derrubar governos como os EUA faziam antes. Com apoio interno em cada país, claro. Donald Trump mostra que ainda acredita naquilo que houve antes na região.
Voltemos ao caso da Venezuela e o tal caminho das drogas. Em torno dessa atitude do governo norte americano aparecem outras falas. Uma dessas é sobre o consumo de drogas nos EUA. Que boa parte da droga mundial vai para aquele país porque ali é um dos maiores locais de consumo e eles tem dinheiro para comprar.
Alguns até alegam que Trump deveria está mais preocupado com isso do que atacar outros países com a intenção de diminuir o consumo interno. Que, se o corredor supostamente que passa pela Venezuela acabar, os traficantes vão encontrar outros meios de levar drogas para os EUA. Porque, mais uma vez, é o maior mercado consumidor do mundo. Tem até submarinos, apelidados de narcossubmarino, levando drogas para aquele país.
Em torno desse momento norte americano se abrem outras ilações. Uma delas é saber por que um país com renda tão alta como os EUA consome tanta droga. Que, em tese, uma pais rico, com alto bem estar social, expectativa de vida alta, patriotismo idem e respeitada como a maior potência militar, econômica e tecnológica do mundo, se consome tantas drogas.
Isso seria mais comum, pressupostamente, em países que não tivessem um estado de bem estar social do porte dos EUA. Que usar tanta droga seria uma demonstração de que parte da população dali não se sente bem mesmo tendo tudo que a maior potência do mundo pode oferecer aos seus filhos.
Donald Trump e suas atitudes dão margem para inúmeras ilações, como algumas aventadas aqui.
Alfredo da Mota Menezes é analista político.