Aqueles mais à direita do espectro politico não aceitam até hoje a derrota de Jair Bolsonaro no segundo turno da eleição presidencial passada. Arguem com veemência que a eleição foi fraudada. Usam argumentos duros e contundentes como “fomos roubados”.
Que ganharam a eleição por larga margem de votos, mas que, em algum lugar da apuração, manipularam resultados para que o opositor a Bolsonaro, Lula no caso, saísse vencedor. Que isso não foi real, é uma farsa que ainda vai ser mostrada um dia.
Não dá para discutir quando se encontra alguém que defende isso com veemência. Mas tem alguns dados a serem ponderados nessa estranha conversa. Pelo menos aqui na coluna e não numa discussão direta com alguém que defende aquele ponto de vista.
Um dos argumentos contra essa ideia de eleição fraudada é que membros das Forças Armadas estiveram monitorando a eleição bem de perto. Muitos deles estiveram na apuração dos votos e na soma dos votos feita no Tribunal Superior Eleitoral, em Brasília. Ali se soma votos do Brasil inteiro para se ver o resultado final. E lá, membros das Forças Armadas, estiveram também, Eram qualificados para entenderem sobre informática e tudo que se tem ali numa apuração de votos.
Será que gentes do TSE engambelaram esses oficiais das Forças Armadas? Que manipularam votos e somas de votos sem quem ninguém percebesse? Não tem sentido acreditar que conseguiram mentir e enganar gentes qualificadas e manipularam os números para eleger o outro lado politico.
Mais: será que todos os membros do TSE, que fizeram a soma de votos e resultados pelo Brasil, eram todos lulistas ou da esquerda política e, em conluio, manipularam os números eleitorais? Será que entre esses membros do TSE não havia muitos que eram da direita politica, até votaram no Bolsonaro? Será que, se houvesse a tal manipulação eleitoral, não teria nenhum que viria de publico dizer que houve fraude para eleger fulano ou beltrano?
Nada saiu dali, nem de suposto escrutinadores da direita politica, nem de membros das Forças Armadas. Ali não se faz escrutínio direto de votos, sim de somas do que se tem de votação pelo país inteiro. E foi essa soma que elegeu o adversário de Bolsonaro.
Mas ninguém consegue convencer aquele que é da direita mais extrema de que não houve manipulação de votos para eleger o esquerdista Lula. E que houve conluio da corte superior eleitoral para que isso.
E, por último, será que se houvesse esse absurdo e Jair Bolsonaro tivesse conhecimento ele não teria falado isso para o Brasil e o mundo? Nunca falou nada sobre essa tal conversa de que a eleição foi fraudada.
Mas é difícil convencer um bolsonarista raiz de que não houve manipulação do resultado naquela eleição. Conversa própria para mesa de bar e para risadas de muitos. Os mais radicais da direita não gostam que riam disso. Continuam a dizer que “fomos roubados”.
Alfredo da Mota Menezes é analista político.