Cuiabá, Sábado, 27 de Setembro de 2025
MARCELO PORTOCARRERO
27.09.2025 | 05h30 Tamanho do texto A- A+

“Não olhem para cima”

É uma sugestão incompreensível, para quem precisa parar de olhar para baixo

Essa frase, em suma, é a síntese de um dos discursos proferidos na cerimônia de entrega do honroso título de Cidadão Mato-grossense, realizada em 15 de setembro de 2025, na Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso. Infelizmente, foi esse raciocínio retrogrado que invadiu nossas instituições e, com isso, o país.

 

Ao ouvir a longa fala, – diferente das usadas no púlpito apenas para agradecer a honraria e cujos pronunciamentos foram todos, sem exceção, sucintos e diretos – , tivemos que escutar um discurso bem urdido, que visava apresentar a intenção política do agraciado. Escondida por trás de uma “cortina de fumaça” de números, percentuais e previsões, a fala buscava justificar algo que não fazia sentido naquele momento: as políticas de um governo que, em sua essência, tem o ranço incontestável de tentar desacreditar os esforços do governo anterior para justificar seus próprios erros.

 

Houve certo detalhe nas palavras proferidas, uma sutil referência temporal a um período de dois anos e meio, que só poderia estar sendo mencionado para citar o desastroso governo atual. Algo descabido, visto que o evento não era político, apesar de ocorrer no plenário da Casa de Leis. Esse tipo de homenagem é um reconhecimento somente a pessoas, e não a cargos, funções ou posições político-partidárias.

 

Enfim, para ser objetivo, da frase sobre não olhar para cima – clara referência ao norte das américas – foi, inequivocamente, dirigida ao país bastante desenvolvido lá localizado.

 

Tendo praticamente a mesma idade que o nosso, a partir de suas ocupações por europeus, o mundo desenvolvido da época, ele tomou outro rumo e se tornou uma potência. Esteve envolvido em todas as guerras mundiais e regionais e, mesmo de suas derrotas, soube tirar proveito e benefícios estratégicos, como se vê através de seu desenvolvimento econômico, tecnológico, civil e militar. Estão aí o GPS, os computadores e tantas outras inovações que nos atendem, independentemente da opinião dos que se beneficiam e mesmo assim discordam.

 

E tem mais: para quem não sabe, a Rússia, a Europa, quiçá o mundo, teria sido dominado pela Alemanha sem o suporte e os armamentos americanos. Os chineses, por ele libertados, ainda estariam “vendendo o almoço para comer a janta” sem os investimentos e a política de apoio empresarial iniciada pelos Estados Unidos, que sim, se valeram da mão de obra desqualificada, portanto barata, fruto inequívoco da retroação do governo comunista. O Japão, no pós-guerra, recebeu o maior investimento per capita feito pelos Estados Unidos em um país derrotado. Vejam o que aconteceu com a Alemanha Ocidental e a França, que foram libertadas e apoiadas financeiramente por eles. Aqui, citando alguns fatos que não são boatos ou fake news (notícia falsa, em bom português).

 

Então pergunto: para onde olhar, se o objetivo é o crescimento, o desenvolvimento? Para o próprio umbigo? Para a China, a Venezuela, Cuba, Rússia e Coreia do Norte? Pensando bem, a Coreia seria uma boa opção. Refiro-me à do Sul, um país que, de subdesenvolvido ao nível do nosso em meados do século passado, deu certo ao adotar um programa exemplar de ensino, desde o destinado às crianças até aos jovens e adultos. Um país que investiu em infraestrutura, desenvolvimento tecnológico e evoluiu para o que é hoje, um exemplo a ser seguido.

 

Por isso, “não olhar para cima” é uma sugestão incompreensível, para quem precisa parar de olhar para baixo na geopolítica mundial.

 

Marcelo Augusto Portocarrero é engenheiro civil.

*Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do MidiaNews. 

 

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