O discurso oficial insiste em vender uma imagem de normalidade econômica, responsabilidade fiscal e retomada da confiança. Mas basta retirar o verniz retórico para enxergar a realidade nua e crua: o Brasil vive um crescente descontrole econômico e social, marcado por déficits astronômicos, perda de credibilidade e um mercado cada vez mais desconfiado.
Fernando Haddad transformou a retórica em método. Fala-se em arcabouço fiscal, mas pratica-se expansão permanente de gastos. Fala-se em justiça tributária, mas entrega-se mais impostos para sustentar um Estado ineficiente e perdulário, enquanto a produtividade segue estagnada. Fala-se em crescimento, quando o que há é endividamento disfarçado e consumo artificial movido a crédito caro.
O déficit público deixou de ser exceção e virou regra. Gastos obrigatórios avançam, investimentos produtivos minguam e o futuro é empurrado para frente com promessas vagas. O resultado é previsível, juros estruturalmente altos, fuga de capitais, câmbio pressionado e desconfiança generalizada. O mercado não reage a discursos, reage a números consistentes, e estes não fecham.
A especialidade do atual comando econômico tem sido maquiar dados. Altera-se metodologia, muda-se a narrativa, antecipa-se receita, posterga-se despesa. O problema não desaparece; apenas muda de lugar. É contabilidade criativa travestida de política pública. Um jogo perigoso que pode até enganar parte da opinião pública no curto prazo, mas jamais engana a realidade.
Enquanto isso, o tecido social se deteriora. O custo de vida sobe, a renda não acompanha, o crédito some para quem produz, e o pequeno empreendedor é sufocado. O Estado cresce, mas não entrega. Arrecada mais, mas gasta pior. Promete inclusão, mas gera dependência. Promete estabilidade, mas cultiva incerteza.
O Brasil não está em rota de crescimento sustentável. Está flertando com a bancarrota, não por falta de potencial, mas por ausência de responsabilidade. Países quebram não apenas quando faltam recursos, mas quando falta credibilidade. E credibilidade se constrói com disciplina, previsibilidade e verdade — não com slogans.
Negar a gravidade do quadro é parte do problema. A falácia de Haddad não é apenas econômica; é moral e institucional. Governar é escolher. E hoje as escolhas caminham para mais Estado, mais gasto, mais imposto e menos futuro.
A conta, como sempre, não ficará para quem discursa, ficará para quem trabalha.
João Batista de Oliveira é ex-secretário de Governo na gestão Blairo Maggi e ex-secretário de governo e comunicação na gestão Mauro Mendes.
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