Celebrado em agosto, o Dia do Economista é, para mim, um momento de reflexão e de renovado entusiasmo pela jornada que escolhi. Foi meu querido pai, engenheiro quem me aconselhou a optar pelo curso de Ciências Econômicas. Talvez ele intuísse que, para além de uma formação profissional, despertaria uma paixão que moldaria minha forma de ver e entender o mundo. Obrigado, pai. Você acertou.
A princípio, as fórmulas e os gráficos pareciam distantes da complexidade da vida. Mas, à medida que aprofundava meus estudos, guiado pelos excelentes mestres da Faculdade de Economia da UFRJ, concluí que a economia não é uma ciência abstrata, isolada do tempo e do espaço. Ao contrário, a evolução da humanidade se confunde com a história econômica e pode ser explicada pelas múltiplas correntes do pensamento econômico. Descobri que a compreensão do presente e a prospecção do futuro exigem um mergulho no passado, na forma como as sociedades se organizaram, produziram e distribuíram suas riquezas. Essa percepção libertou-me de uma visão limitada às finanças e aos métodos quantitativos comuns às ciências exatas e descortinou novos horizontes de temas conectados às ciências sociais e humanas.
Assim, a missão do economista transcende muito a análise de mercados e a busca da otimização de recursos. Sua atuação é crucial na formulação, no planejamento, na execução e no monitoramento das políticas públicas. É o economista que, com sua capacidade de análise e sua familiaridade com as ferramentas quantitativas, pode oferecer o suporte técnico necessário para que as decisões governamentais sejam mais eficientes e voltadas para o bem-estar coletivo.
O bom economista domina técnicas estatísticas e cálculo diferencial; porém, para ser completo, deve também ser um dedicado cientista social e humanista.
E no século XXI, a ciência econômica deve ser cada vez mais próxima das ciências ambientais. É preciso compreender que o sistema econômico global é apenas um subsistema do ecossistema planetário e, portanto, deve subordinar-se a determinados limites e observar a capacidade de suporte de ambientes e elementos estratégicos, sob pena de produzir mudanças irreversíveis e trágicas consequências.
O economista lúcido não se deixa seduzir pelo chamado “fetiche do PIB” como medida absoluta, infalível e universal do desenvolvimento e do bem-estar. Ao contrário, deve esclarecer ao público que, apesar de útil, trata-se de uma ferramenta limitada por vieses conceituais, especialmente na seara ambiental, que devem ser debatidos e corrigidos para que o crescimento na produção econômica não se traduza em destruição socioambiental. A degradação do patrimônio natural, a desorganização social e a perda de biodiversidade e de vidas humanas são os custos ocultos que o modelo econômico tradicional não captura. E o economista responsável tem o dever de revelar esses riscos, para que sejam considerados nas análises custo-benefício e se aplique o princípio da precaução.
Quem quiser se aprofundar, não faltam brilhantes estudos de renomados autores da Economia Ecológica e da Contabilidade Ambiental, mas não por acaso tais obras ainda são frequentemente ignoradas nos cursos de formação de novos economistas.
A sensibilização dos economistas e da sociedade para os temas ambientais e de sustentabilidade é um imperativo moral e profissional urgente. O desafio é construir um futuro democrático em que o progresso econômico reconheça e respeite as complexas interações entre economia e meio ambiente e consiga ser sinônimo de prosperidade, justiça social, equidade e respeito pelos limites do nosso planeta. É uma missão digna, e, a cada Dia do Economista, sinto-me honrado em poder dela fazer parte.
Parabéns aos colegas que partilham desta jornada e gratidão aos mestres que nos precederam e ensinaram!
Luiz Henrique Lima é economista, professor e conselheiro independente certificado.
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