Os carros importados usados contrabandeados pela quadrilha que uniu uma máfia israelense à contravenção entravam no Brasil pelo Porto de Vitória (ES), apontam a Polícia Federal e o Ministério Público Federal. O MPF ofereceu denúncia contra 31 pessoas.
Os responsáveis pela operação eram os irmãos Adriano e Pedro Scopel, sócios da Tag Importação e presos na Operação Black Ops, dia 7. Os dois são considerados os "donos do Porto de Vitória", tal a capacidade que têm de desembaraçar os veículos naquele porto. A Justiça Federal negou, segunda-feira (17), a soltura de ambos - por sua importância no esquema, mas também porque já foram presos por contrabando, em 2008.
Os irmãos eram responsáveis por trazer ao País carros esportivos de alto luxo, como Lamborghinis e Ferraris - cujos valores chegavam a até R$ 1,65 milhão por unidade. Para o Ministério Público Federal, os irmãos Scopel tinham posição de comando na organização e eram "peças primordiais na internação e distribuição de veículos contrabandeados através do porto de Vitória".
Os dois seriam "os principais responsáveis por proporcionar a entrada ilegal dos automóveis no Brasil e (por) liberá-los no porto da capital capixaba", segundo o MPF. Segundo as investigações, Adriano Scopel atuava pessoalmente na liberação dos veículos e, por vezes, chegava a levá-los para casa, de onde eram retirados por intermediários da quadrilha, ligados ao grupo da família de contraventores Escafura.
A empresa dos irmãos Scopel era usada para operar as fraudes. É crime de contrabando no Brasil importar carros usados; apenas veículos novos podem ser trazidos para o País. A fraude estava em forjar documentação para importar automóveis semi-novos como se fossem 0km.
Eles tinham sido presos em abril de 2008 por fraudar documentos de automóveis e motocicletas, pela mesma empresa, Tag Importação. Nessa ocasião, Adriano Scopel teria resistido à prisão e dificultado a entrada da polícia em sua casa.
"Num intervalo inferior a três anos, Adriano e Pedro (Scopel) estiveram envolvidos, em tese, em dois ilícitos idênticos, ou pelo menos muito semelhantes", afirmou a Justiça, na decisão em que negou a soltura dos irmãos.
A Justiça considerou que a atividade é muito lucrativa e causa graves prejuízos ao Estado e a quem compra os carros contrabandeados de boa-fé, como novos e legítimos, podendo perdê-los. Também por esse motivo, o juiz Gustavo Pontes, da 3ª Vara Criminal Federal, afirmou que eventual fiança, ainda que elevada, não afetaria a disponibilidade de recursos do grupo.
Para a Justiça, a prática do mesmo crime em pouco tempo e os altos valores dos bens internados e da tributação "provavelmente iludida", demonstram que os Scopel devem continuar presos, como garantia da ordem pública e da instrução processual.
O iG não conseguiu contato com o advogado Ricardo Campos, dos irmãos Adriano e Pedro Scopel
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