Cuiabá, Segunda-Feira, 8 de Dezembro de 2025
MOTORISTA MORTO
24.10.2025 | 07h00 Tamanho do texto A- A+

Delegado: "Bando agia como justiceiros e torturava vítimas"

Motorista de aplicativo recebeu “salve” de membros de facção criminosa por estupro de jovem

Victor Ostetti/MidiaNews

Delegado Michel Paes, responsável pela investigação do homicídio de Daferson

Delegado Michel Paes, responsável pela investigação do homicídio de Daferson

LARISSA AZEVEDO
DA REDAÇÃO

Os membros de uma facção criminosa que torturou e matou um motociclista por aplicativo suspeito de ter estuprado uma jovem durante uma corrida se auto intitulam justiceiros e agem aplicando “salves”, de acordo com o delegado Michel Paes, responsável pelo caso. 

 

E o pior de tudo é que agem como se fossem justiceiros do bem da sociedade. Não é verdade. Eles são piores

O motociclista Daferson da Silva Nunes, de 34 anos, foi torturado e morto por membros do grupo após ser atraído para uma emboscada, nesta quarta-feira (22).

 

Ele negava o crime de estupro contra uma passageira na última segunda-feira (20) e estava recebendo ameaças dos criminosos. 

 

“O membro da facção criminosa se auto-intitula o justiceiro da sociedade e que, sem nenhuma técnica de investigação, sem nenhuma legalidade, sem nenhuma autorização do Estado, pratica fatos mais graves do que as próprias vítimas que eles acham que estão julgando”, afirmou. 

 

“E o pior de tudo é que agem como se fossem justiceiros do bem da sociedade. Não é verdade. Eles são piores. Sabe por quê? Eles também estupram, matam, vendem drogas, fazem isso com mulheres que supostamente traíram o marido. Só para vocês terem um exemplo, tem casos em que a mulher traiu o marido, aí eles também fazem, vão lá, torturam, dão ‘salve’”, complementou. 

 

O delegado afirmou que é necessário que a sociedade não se engane por falsas ações como estas, pois as facções o fazem com o objetivo de enganá-la. “É muito importante que a sociedade não coadune com esse tipo de comportamento”, informou. 

 

Ele afirmou ainda que os cidadãos devem ser julgados pelas leis do Estado, a partir de investigações e análises de profissionais, garantindo os direitos humanos a todos. 

 

“A gente quer justiça, mas a justiça tem que ser feita de acordo com o nosso Estado, existe um órgão para apurar se esse fato aconteceu".

 

"Se não tivesse acontecido isso [homicídio], a doutora Jéssica Assis [responsável pelo caso de estupro] teria representado pela prisão desse autor e ele estaria respondendo preso se a justiça autorizasse, até que realmente o Estado julgasse e essa pessoa viesse a ser condenada de acordo com a lei”, disse. 

 

O caso 

 

A Polícia Civil foi acionada por volta das 23h30, da última segunda-feira, para atender a uma ocorrência de estupro, no Bairro bairro Jardim Glória, em Várzea Grande.  

 

A vítima disse que solicitou uma corrida de motocicleta por meio de um aplicativo para sair de um bairro de Cuiabá para Várzea Grande. Durante o percurso, o motociclista desviou do trajeto, a levou para um local ermo e cometeu o estupro. 

 

Ele a deixou em outro local e a jovem logo procurou a polícia para registrar um Boletim de Ocorrência. Ela também solicitou uma medida protetiva com urgência, visto que ele sabia a localização de sua residência por meio do aplicativo de corrida. 

 

Daferson também registrou um Boletim afirmando que não cometeu o estupro, após o caso repercutir nas redes sociais. Os membros da facção criminosa começaram a ameaçá-lo e, a fim de se inocentar, Daferson marcou um encontro com eles para conversar. 

 

No entanto, ele foi emboscado e torturado por mais de 6 horas por pelo menos cinco membros da organização criminosa. Daferson foi encontrado horas depois em uma estrada vicinal da Guia, com sinais de tortura, pés e mãos amarrados e três tiros na região da cabeça. 

 

Até o momento não há nenhuma suspeita de que a jovem estuprada tenha algum envolvimento com a morte de Daferson. O laudo da Politec (Perícia Oficial e Identificação Técnica) confirmou que houve estupro e que havia sêmen na região íntima da vítima, mas o exame ainda não confirmou se o material pertencia a Daferson. 

 

Veja o vídeo:

 

 

Entre no grupo do MidiaNews no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).




Clique aqui e faça seu comentário


COMENTÁRIOS
0 Comentário(s).

COMENTE
Nome:
E-Mail:
Dados opcionais:
Comentário:
Marque "Não sou um robô:"
ATENÇÃO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do MidiaNews. Comentários ofensivos, que violem a lei ou o direito de terceiros, serão vetados pelo moderador.

FECHAR

Preencha o formulário e seja o primeiro a comentar esta notícia