O delegado Bruno França afirmou que a mulher presa por organizar uma emboscada que resultou na morte de Gabriel Feitosa Silva, de 24 anos, colocou o próprio filho, de 12 anos, para vigiar o cativeiro onde a namorada da vítima estava mantida.
Gabriel estava desaparecido desde o final de semana e foi encontrado morto e submerso no Rio Lira, em Sorriso, a 420 km de Cuiabá, na terça-feira (2). O corpo estava amarrado a uma pedra.
O adolescente foi apreendido. A mãe dele foi presa após ser localizada na casa de uma amiga, que também foi presa sob a acusação de ter fornecido esconderijo. No local, os policiais apreenderam uma pequena quantidade de drogas.
Em entrevista ao MidiaNews o delegado contou que a mulher participou de todas as etapas do crime. Foi ela quem chamou Gabriel e a namorada dele para um bar, onde ele foi identificado por criminosos como integrante de uma facção rival.
“Ela chamou a namorada da vítima para o local que foram sequestrados, ela era amiga da namorada da vítima. E filho dela para participar do sequestro e para vigiar o cativeiro”, afirmou o delegado.
Após o sequestro, Gabriel foi torturado e morto por enforcamento com uma corda. Já a namorada de Gabriel foi mantida em cativeiro, sob vigilância do adolescente de 12 anos. Ela foi liberada pelos criminosos após a execução.
A autoria do homicídio é atribuída a Luiz Afonso da Cruz Palheta, morto em um confronto com a polícia na última semana.
Após a morte de Gabriel, a suspeita utilizou um carro de um ex-namorado para transportar o corpo até o rio e jogá-lo na água, amarrado a uma pedra. A motocicleta da vítima também foi jogada no rio.
A investigação apurou que a mulher já havia sido presa em agosto por outro sequestro, com a intenção de matar dois jovens, que foram salvos por intervenção policial. O delegado Bruno França também informou que o filho mais velho da mulher está envolvido com o crime organizado. Ela deve responder pelos crimes de homicídio, sequestro, ocultação de cadáver e organização criminosa.
Sobre a motivação do crime, o delegado disse crer em "conflito entre duas facções”.
Outros envolvidos
Além da mulher, do filho adolescente e a amiga que forneceu o esconderijo, dois homens foram presos na segunda-feira (1º), sob suspeita de envolvimento no crime. Luiz Afonso da Cruz Palheta, apontado como o executor do homicídio, foi morto durante um confronto com a Polícia Civil na quarta-feira (3).
Na quinta-feira (4), um cidadão venezuelano recém-chegado ao Brasil também foi preso. A investigação aponta que ele participou do sequestro e transportou a namorada de Gabriel de um cativeiro para outro, sendo também responsável por liberá-la após o crime.
Sobre sua participação, o delegado afirmou: “Ele fez a mesma coisa que o adolescente. Ele participa do sequestro, do tribunal do crime. Quando decidem matar o cara, ele fica junto com o filho da menina tomando conta do cativeiro”.
O delegado Bruno França informou que busca a prisão temporária de mais dois indivíduos. Sobre o adolescente apreendido, ele explicou o procedimento: “Esse menino vai passar por uma audiência de custódia e deve ser internado”.
A Polícia Civil continua a investigação para apurar a participação de outros envolvidos e identificar o mandante do crime.
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1 Comentário(s).
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RAFAEL 08.09.25 09h39 | ||||
Que universo deplorável. O que nos cabe fazer, enquanto sociedade civil organizada, é pressionar ao máximo o Estado, para que tais indivíduos sejam efetivamente neutralizados. A média necessária não poderia ser inferior a setenta por dia. É quase absurdo constatar que esse mercado movimenta apenas 0,3% a 0,4% do PIB — menos até do que o setor de apostas, que, somente entre 2024 e 2025, girou entre 1,4 e 1,8 trilhão de reais, correspondendo a cerca de 6% do PIB nacional. E, paradoxalmente, é justamente esse nicho criminal que alimenta direta e indiretamente mais de 90% do centro de criminalidade do Brasil e da América. Enquanto a liderança política permanecer frágil, esse ciclo de degradação só se aprofundará. O que vemos, sobretudo em instâncias municipais carentes de qualificação, é que indivíduos sem formação superior e sem qualquer compreensão estatística optam por inserir a própria família no tráfico de drogas — e não em atividades produtivas — por pura limitação intelectual e estrutural. Esse é o retrato da miséria periférica e do seu mecanismo de reprodução. Há também um componente espiritual: tais indivíduos se aliam a criminosos menores e, juntos, semeiam o caos. Criam déficits orçamentários e perpetuam a criminalidade. Enquanto isso, os líderes que deveriam extirpá-los do sistema fecham os olhos, numa complacência perigosa. O poder executivo, dotado de força militar qualificada, sempre será chamado à responsabilidade, pois não se trata de retórica, mas de resultados concretos. A sociedade civil e a economia clamam por isso. Porém, eis a questão: quando a economia é frágil e, em parte, se sustenta justamente na droga? É o que se observa em aldeias indígenas e em regiões de matriz cultural andina — Bolívia, Peru, Colômbia, e até mesmo a Venezuela. Também em territórios marcados pela pobreza crítica, como o México. Mas é curioso: tal fenômeno quase nunca se reproduz em regiões fora desse eixo cultural andino. E no Mato Grosso? Sabem realmente o que movimenta riqueza neste mundo? Ou acreditam, ingenuamente, que é a droga? Vi, dias atrás, famílias que trocaram negócios sólidos pela ilusão do comércio de cocaína. Eis o destino: um banquete amargo para povos que, pela própria escolha, acabam por consumir-se no fogo do próprio erro. T M M G | ||||
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