Cuiabá, Domingo, 15 de Junho de 2025
EXTORSÃO
10.02.2025 | 11h47 Tamanho do texto A- A+

Polícia fez "depoimentos sem rosto" para proteger testemunhas

Operação da Polícia Civil desmontou esquema criado para extorquir empresários em Várzea Grande

Victor Ostetti/MidiaNews

O delegado Antenor Júnior Pimentel Marcondes, que é responsável pela operação “A César o Que é de César”

O delegado Antenor Júnior Pimentel Marcondes, que é responsável pela operação “A César o Que é de César”

LIZ BRUNETTO E ANGÉLICA CALLEJAS
DA REDAÇÃO

A Polícia Civil realizou os chamados “depoimentos sem rosto” para proteger testemunhas e vítimas da facção criminosa que criou um esquema de extorsão contra comerciantes em Várzea Grande.

Nossa principal preocupação nessa investigação foi resguardar as vítimas e testemunhas

 

A informação é do delegado Antenor Pimentel Marcondes, da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), que deflagrou a Operação A César o Que é de César nesta manhã para investigar as extorsões e ameaças.

 

Dois suspeitos, considerados os mais violentos, foram presos em Cuiabá.

 

“Nossa principal preocupação nessa investigação foi resguardar as vítimas e testemunhas. Ninguém quer colocar um alvo nas costas da vítima. A gente sabe como a facção trabalha”, disse o delegado.

 

Além de não mostrarem o rosto, as testemunhas ouvidas tiveram suas vozes alteradas para não serem identificadas.

 

“Nesse caso, foi feito o chamado depoimento sem rosto. Nossa legislação de proteção à vítima e testemunha, notadamente nos crimes organizados, permite o sigilo da qualificação da vítima ou testemunha por dois anos e, nesse caso, eu pedi audiência por áudio e com distorção de voz, para não haver questionamento sobre o contraditório para a defesa”, explicou.

 

Segundo o delegado, os dois homens presos durante a operação eram os líderes imediatos, aqueles que estavam em contato direto com os comerciantes, ligando e cobrando dinheiro.

 

Violência extrema

 

Antenor Marcondes conta que a pressão sofrida pelas vítimas era tamanha que algumas fecharam seus comércios e outras chegaram a pensar em tirar a própria vida.

 

“No atendimento direto às vítimas, vimos pessoas com depressão, que fecharam o comércio. Uma vítima disse que pensou em se matar, que comprou uma arma para se defender e cogitou tirar a própria vida. Essa é uma situação extrema”, afirmou.

 

De acordo com o delegado, são cerca de 20 vítimas, que receberão de volta os valores extorquidos se o dinheiro for recuperado.

 

O caso

 

A GCCO iniciou a apuração em novembro do ano passado, após receber denúncias de que comerciantes estavam sendo coagidos pelos criminosos.

 

As denúncias apontaram que a facção criminosa exigia dos comerciantes uma “taxa de funcionamento” de 5% sobre o faturamento das lojas.

 

Além das ameaças diretas aos estabelecimentos, o grupo também amedrontava vítimas e testemunhas ao colocar duas advogadas para "acompanhar" os depoimentos, como forma de vigiar o que seria dito à Polícia Civil, sem que houvesse solicitação dos depoentes para os serviços advocatícios. Dessa forma, a GCCO também apura no inquérito policial o crime de embaraço à investigação.

 

“Essa modalidade do comando eles chamam de Novo 'Projeto'. Não ocorre apenas no camelódromo de Várzea Grande; temos conhecimento de que é algo bem mais amplo, como no exemplo de Paranatinga”, afirmou o delegado.

 

A Polícia pediu a prisão preventiva das advogadas, mas a Justiça indeferiu o pedido por não entender que havia risco para as investigações. No entanto, elas seguem investigadas e são alvo de mandado de busca e apreensão. Uma delas teve o celular apreendido.

 

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