Abilio vai cobrar regularização e diz como recursos serão usados

O prefeito Abilio Brunini (PL) afirmou nesta sexta-feira (4) que vai buscar a regularização do aeroporto Bom Futuro, considerado o maior terminal de aviação executiva do Centro-Oeste e que foi erguido sobre áreas do Município. Ele revelou ainda que os recursos obtidos com um eventual acordo com a empresa do agro podem ser usados na regularização fundiária de famílias que ocupam áreas em Cuiabá.

Cada centavo que eles pagarem a gente vai usar para regularizar as pessoas em vulnerabilidade

“A regularização fundiária vai se aplicar a mesmo peso e mesma medida para todos. Se eu for cobrar o afastamento ou a remoção de pessoas pobres, eu também tenho que cobrar o afastamento e a remoção de pessoas ricas. Se [em um acordo] for encaminhado para eles [Grupo Bom Futuro] pagarem ao município, cada centavo que eles pagarem a gente vai usar para regularizar as pessoas em vulnerabilidade”, afirmou em coletiva no Palácio Alencastro.

Abilio ressaltou a importância do aeroporto, e que a própria banda internacional Guns N’Roses pode chegar a Cuiabá pelo local.

“Aquele aeroporto é um aeroporto importante, vai atrair investimentos ao Estado. Porque muitas pessoas que vão vir trazer recursos vão usar aquele aeroporto, provavelmente até os Guns N’Roses é natural que faça um frete privado e pouse naquele aeroporto. 

“Então ele vai atrair muitas atividades. A gente vai tirar o aeroporto de lá porque ele ocupou uma área que era pública? Não. Nós vamos regularizar aquela área e vamos ver com o Ministério Público quais serão as medidas necessárias para regularizar”, encerrou.

O prefeito relembrou que muitas áreas da cidade foram invadidas por atividades comerciais e sugeriu realizar um programa de regularização dessas áreas para compensar a regularização de áreas para as pessoas mais vulneráveis.

O grupo Bom Futuro, em nota, confirmou que a Prefeitura se manifestou expressamente nos autos afirmando não ter interesse nas áreas, por se tratar de bens particulares e que as posses foram adquiridas onerosamente de antigos ocupantes, muitos com mais de trinta anos de ocupação pacífica.

Gestão passada sabia

Abilio também afirmou que a Prefeitura de Cuiabá, durante a gestão passada, foi informada pelo grupo que a construção de seu aeroporto ocuparia áreas públicas, porém não demostrou interesse nas terras.

Segundo o prefeito, a Prefeitura se posicionou de forma "simplória" e disse que não se importava com o espaço.

“Realmente tem uma via publica que passa no espaço [do aeroporto] da Bom Futuro. A Bom Futuro afirma, e apresentou alguns documentos, que a Prefeitura tinha se posicionado, de forma simplória até, dado um ofício na gestão passada, dizendo que não se importava com aquela via e não tinha interesse nela”, afirmou nesta quinta-feira (3).

Em junho, o MPE (Ministério Público Estadual de Mato Grosso) abriu inquérito para investigar se a empresa instalou o aeroporto sobre terrenos públicos e de maneira ilegal. 

Desde 2011, o local cresceu com investimentos que já ultrapassam R$ 100 milhões. Em maio o aeroporto ganhou um novo terminal, denominado Luzia Maggi Scheffer, que custou cerca de R$ 20 milhões. 

O prefeito disse que já conversou com a promotora de Justiça responsável pelo caso, Maria Fernanda Correa da Costa, que tem os documentos sobre a situação da via. Na portaria da promotora, ela afirma que o aeroporto se sobrepõe a ruas públicas, áreas de conservação ambiental e rios.

“A Maria Fernanda tem os documentos da situação da via. Nós também temos os documentos da nossa gestão. Nós temos no sistema, inclusive público, chamado SIC Cuiabá. Qualquer um pode dar uma olhada, e vai ver a via sendo sobreposta à pista de pouso”.

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