A Câmara aprovou, na noite desta terça-feira (6), um projeto de lei complementar que prevê aumentar a quantidade de deputados de 513 para 531, além de redistribuir a divisão de cadeiras entre os estados.
A proposta foi aprovada por 270 a 207 e agora irá para análise do Senado Federal.
O projeto tem como objetivo adequar a proporção de força entre os estados de acordo com os dados mais atualizados do Censo de 2022, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), e atende a uma determinação do STF (Supremo Tribunal Federal) para que isso seja feito até 30 de junho.
Caso este projeto não seja aprovado totalmente no Congresso Nacional até lá, o STF poderá regulamentar o tema.
A proposta que amplia de 513 para 531 o total de parlamentares da Casa foi feita para evitar que algumas bancadas estaduais diminuíssem durante a redistribuição. A proporção, pelo projeto, passa a valer a partir da legislatura eleita em 2026.
O impacto anual previsto com esse aumento é de R$ 64,6 milhões por ano -valor que seria absorvido pelo atual orçamento da Câmara, sem custo adicional, de acordo com o relator da matéria, deputado Damião Feliciano (União Brasil-PB).
A redistribuição de vagas foi uma demanda do STF para evitar que estados cuja população cresceu nos últimos anos ficassem subrepresentados na Casa.
Inicialmente, a proposta fazia com que alguns estados perdessem cadeiras no plenário, para que outros ganhassem, o que gerou controvérsia entre as bancadas.
Era o caso da própria Paraíba, do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), e do atual relator da matéria, que ficaria com 2 parlamentares a menos. Também seriam reduzidas as bancadas do Rio de Janeiro (4), Bahia (2), Piauí (2), Rio Grande do Sul (2), Alagoas (1) e Pernambuco (1).
A Constituição Federal determina que a representação na Câmara dos Deputados deve ser proporcional à população de cada estado. Mas os constituintes definiram o mínimo de 8 e o máximo de 70 deputados por unidade da federação.
O número de cadeiras por estado, contudo, não é alterado desde dezembro de 1993, ano em que ocorreu o último redesenho das vagas na Câmara a partir da aprovação de uma lei complementar. Não houve atualização do tamanho das bancadas a partir dos dados dos Censos de 2000 e 2010.
Atualmente, o estado de Santa Catarina, por exemplo, possui uma população de 7,7 milhões de habitantes segundo o Censo de 2022 e apenas 16 deputados federais. O tamanho da bancada é inferior ao de estados com menor população, caso do Maranhão, que tem 6,8 milhões de moradores e 18 deputados federais.
Motta assumiu a presidência em 2025 e afirmou que, em vez de simplesmente redistribuir, gostaria de aumentar o número total de cadeiras, de forma que nenhuma bancada (nem a sua) perdesse lugares.
Na solução adotada pelo seu conterrâneo, Damião Feliciano, ganham cadeiras nove estados: Pará (4), Santa Catarina (4), Amazonas (2), Mato Grosso (2), Rio Grande do Norte (2), Goiás (1), Ceará (1), Paraná (1) e Minas Gerais (1).
O texto determina que a composição não deve ser alterada antes que uma nova edição do Censo aconteça e permite que partidos entrem no TCU (Tribunal de Contas da União) para pedir auditoria dos dados e da redistribuição de cadeiras.
A votação ocorreu de maneira apressada. A Câmara aprovou a urgência do projeto horas antes, em medida que evitou que o tema fosse levado para discussão nas comissões da Casa.
A expectativa de deputados agora é que o Senado cumpra com o prazo de votação antes do final de junho, para evitar que o STF decida sobre o tema.
Os parlamentares favoráveis à pauta também estudam a melhor forma de equacionar estes novos custos dentro do orçamento da Câmara, mesmo que recorrendo a novas receitas, para que de fato a proposta não acarrete em um custo extra para a União.
Na justificativa do projeto de lei, a autora, deputada Dani Cunha (União Brasil-RJ), afirma que o Censo de 2022 "trouxe várias inconsistências que prejudicaram alguns estados e muitos municípios", sem detalhar em que se baseou essa informação.
"O censo determina o cálculo do repasse dos recursos distribuídos da União e participações em fundos constitucionais, sendo neste caso um risco de perda financeira relevante para alguns entes", disse ela no projeto.
Em 2023, o ministro Luiz Fux, relator do tema no STF, disse que a não revisão periódica da proporcionalidade das vagas no Legislativo cria uma "assimetria representativa" e viola o princípio democrático.
Como ficaria com a formação da Câmara se a proposta entrar em vigor
Amazonas: 10 (+2)
Bahia: 39
Ceará: 23 (+1)
Distrito Federal: 8
Espírito Santo: 10
Goiás: 18 (+1)
Maranhão: 18
Minas Gerais: 54 (+1)
Mato Grosso do Sul: 8
Mato Grosso: 10 (+2)
Pará: 21 (+4)
Paraíba: 12
Pernambuco: 25
Piauí: 10
Paraná: 31 (+1)
Rio de Janeiro: 46
Rio Grande do Norte: 10 (+2)
Rondônia: 8
Roraima: 8
Rio Grande do Sul: 31
Santa Catarina: 20 (+4)
Sergipe: 8
São Paulo: 70
Tocantins: 8
Total: 531
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6 Comentário(s).
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Vicente 08.05.25 07h49 | ||||
O Brasil está caminhando para o fundo do poço. | ||||
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Gilberto Cavalheiro Rodrigues 07.05.25 12h16 | ||||
Talvez o Senado tenha alguém que saiba interpretar o texto que veio do STF, no texto diz ADEGUAR, diminuindo nos estados que tiveram redução populacional e aumentando nos que tiveram aumento populacional!! Mantendo o mesmo número já existente!! | ||||
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Celio Ferreira 07.05.25 10h59 | ||||
Estamos literalmente fudidos,fudidos e fudidos ..... | ||||
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Dione Spíndola Mendes 07.05.25 10h31 | ||||
Até parece uma piada né, para que mais um para não fazer absolutamente nada só gerar custo para nosso bolso . | ||||
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Deyved Sobrinho 07.05.25 10h07 | ||||
A verdadeira farra da democracia Brasileira... Quem vai pagar por tudo? Mais uma centenas de assessores (ASPONES) mais um fatia do orçamento para as emendas impositivas para eles gastarem do jeito que quiserem, mais todos os benefícios, regalias e verbas indenizatórias? Faz a conta Brasil! | ||||
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