Cuiabá, Quinta-Feira, 27 de Novembro de 2025
O FIM DO "ABACAXI"
16.03.2023 | 11h33 Tamanho do texto A- A+

Delação, propina e contrato rescindido: relembre a novela do VLT

Mesmo se Governo quisesse, não poderia contratar legalmente as quatro empresas do consórcio

Rogério Florentino/Folhapress

Escombros das obras do VLT em Várzea Grande: desperdício

Escombros das obras do VLT em Várzea Grande: desperdício

CÍNTIA BORGES
DA REDAÇÃO

Apesar da disputa política envolvendo o fim do VLT e a adoção do BRT, mesmo se o Governo do Estado quisesse, não poderia voltar a adotar o modal sobre trilhos.

 

O pagamento de propina foi tratado posteriormente com o presidente da CAF Brasil Renato de Souza Meireles e Agenor Marinho Contente Filho, disse Silval

Isso porque a rescisão é definitiva e, legalmente, o Estado não pode contratar as empresas que integram o Consórcio VLT (C. R. Almeida S/A Engenharia de ObrasSanta Barbara Construções S/A; CAF Brasil Indústria e Comércio AS; e ASTEP Engenharia Ltda). Isso nem para a construção do VLT, nem para qualquer outra obra.

 

O Veículo Leve Sobre Trilhos - quel voltou a ganhar destaque na imprensa nacional por causa de seu desmonte - tinha previsão de ser entregue em 2014, antes da Copa do Mundo, na gestão do então governador Silval Barbosa.

 

O ex-governador Pedro Taques tentou retomar a obra, também sem sucesso. Em 2017, Silval fez uma delação premiada e revelou que o processo de escolha do Consórcio VLT envolveu propina.

 

O ex-governador deu detalhes da transação ao Ministério Público Federal (MPF) e afirmou que, a princípio, a opção tecnicamente aprovada seria implantar o BRT, que custaria R$ 450 milhões na época.

 

Propina

 

As obras e implantação do VLT custariam mais de R$ 1,4 bilhão. E a propina seria paga pelo consórcio através da compra dos vagões, orçados em R$ 600 milhões.

 

“A prévia de recebimento era o percentual de 3% sobre o montante de R$ 600 milhões. Ou seja, R$ 18 milhões”, delatou Silval. 

Existe decisão judicial transitado em julgado que proíbe que o Estado contrate essas empresas. Mato Grosso está cumprindo a lei

Segundo Silval, o ex-secretário da Secopa Mauricio Guimarães, ficou encarregado de procurar um dos diretores da empresa para acertar os "retornos”. Neste encontro, segundo Silval, ficou definido que a CAF pagaria a título de propina o valor de R$ 18 milhões.

 

“Que não foi feito acerto em euros e o declarante [Silval] nega que tenha sido acertada propina no montante de oito milhões de euros; Que além do diretor acima citado, cujo nome do declarante não se recorda, o pagamento de propina foi tratado posteriormente com o presidente da CAF Brasil Renato de Souza Meireles e Agenor Marinho Contente Filho, diretor-geral, sendo que ambos conversavam com o declarante e Mauricio sobre os valores devidos de retorno”, diz trecho do depoimento de Silval.

 

“Que foram realizadas várias reuniões com os representantes da CAF (as reuniões ocorreram em Cuiabá, em Brasília e em São Paulo), para tratar do pagamento dos retornos, cujo valor foi objeto de negociação, tendo ficado a cargo dos dois executivos arrumar um jeito de realizar os pagamentos”, relatou Silval ao MPF, afirmando que a propina acabou não sendo paga.

 

Após a delação e a descoberta do esquema, o Estado de Mato Grosso investigou o caso na esfera administrativa e rescindiu o contrato com o Consórcio VLT, em dezembro de 2017. O Estado alegou que além da não entrega do modal, houve prática de corrupção. 

 

Com a rescisão, as empresas foram declaradas inidôneas e ficaram proibidas de contratar com o Poder Público. 

 

Negativas na Justiça e ressarcimento de R$ 1,2 bilhão

 

No mesmo ano, o Consórcio VLT tentou reverter a rescisão do contrato junto ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso. 

 

O pedido foi negado, assim como os recursos junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).

 

De lá para cá, todos os questionamentos judiciais sobre a rescisão do contrato do Estado com o Consórcio VLT transitaram em julgado, ou seja, não há mais possibilidade de recorrer.

 

“Existe decisão judicial transitado em julgado que proíbe que o Estado contrate essas empresas. Mato Grosso está cumprindo na íntegra e respeitando a lei”, disse o procurador-geral do Estado, Francisco Lopes..

 

Ainda tramitam na Justiça as ações do Estado que buscam obrigar o consórcio a devolver R$ 1,2 bilhão aos cofres públicos, em razão dos danos materiais e morais pela não entrega da obra.

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José Maria Cesar Liria Clemencia de Jesu  16.03.23 16h20
Eo povo que se lasque ....nao tem um infeliz preso por causa de alssalto ao bolso da sociedade de MT .....Se realmente existisse justiça neste Brasil alguém no mínimo estava preso .Politicagem , Brasil tem que ser resetado destes sanguessugas....
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