Cuiabá, Segunda-Feira, 16 de Junho de 2025
CARTAS MARCADAS
28.06.2012 | 19h45 Tamanho do texto A- A+

Deputado depõe sobre suposto envolvimento em fraudes

Depoimento durou 4 horas; Gilmar Fabris é acusado de tráfico de influência no Governo

MidiaNews/Reprodução

Delegado Tofoli, da Defaz, que interrogou Fabris, acusado de tráfico de influência

Delegado Tofoli, da Defaz, que interrogou Fabris, acusado de tráfico de influência

LAÍSE LUCATELLI
DA REDAÇÃO
O deputado estadual Gilmar Fabris (PSD) foi interrogado por cerca de quatro horas, pelo delegado Lindomar Tofoli, na tarde desta quinta-feira (28), na Delegacia Especializada em Crimes Contra a Fazenda Pública (Defaz).

Ele prestou depoimento sobre seu envolvimento na suposta fraude milionária na emissão de cartas de crédito a agentes de administração fazendária (AAF).

Responsável pelas investigações da Operação Cartas Marcadas, o delegado Lindomar Tofoli informou que Fabris se recusou a responder alguns questionamentos, especialmente as perguntas que poderiam expor eventuais contradições em suas declarações.

“No contexto geral, esse depoimento contribuiu pouco com as investigações, porque nós já tínhamos conhecimento das informações que ele forneceu”, avaliou o delegado. No entanto, ele não quis dar mais detalhes sobre o que foi dito pelo parlamentar.

A previsão de Tofoli é que o inquérito seja concluído até o final de julho. “Ao final, vamos personificar as condutas e fazer os indiciamentos”, disse, ressaltando que ninguém foi indiciado ainda.

“Entre as testemunhas que consideramos essenciais, ainda falta ouvir dois procuradores”, apontou Tofoli. Assim como o deputado, eles têm a prerrogativa de marcar a data e escolher o local do interrogatório.

Além de Fabris, a Defaz já ouviu o ex-governador Blairo Maggi (PR), que, atualmente, exerce o mandato de senador, o ex-secretário de Fazenda, Eder Moraes, o ex-secretário de Administração, Geraldo DeVitto, e alguns procuradores do Estado.

Lavagem de dinheiro

O delegado informou que a suspeita de que as cartas foram usadas para lavar dinheiro pode ser objeto de outro inquérito.

“Está sendo realizada uma perícia sobre a documentação apreendida nas buscas e, em conjunto com os colegas que trabalham comigo nesse inquérito e com o Ministério Público, discutiremos se seria melhor instaurar um inquérito próprio para apurar isso”, explicou.

Outro lado

Em entrevista após o interrogatório, Gilmar Fabris voltou a alegar inocência e disse apenas intermediou a negociação do acordo trabalhista entre os AAF e o então governador Blairo Maggi. Ele se disse tranquilo quanto à possibilidade de ser indiciado criminalmente.

“Eu não tinha autonomia para emitir cartas. Iriam me indiciar por quê? Se houver alguma coisa de errado, tem que indiciar quem fez errado”, declarou.

Fabris negou que tenha cometido o crime de tráfico de influência. “Eu apenas representei os interesses legítimos da categoria dos AAF. E o acordo feito foi bom para o Governo, houve uma grande economia para os cofres do Estado”, afirmou.

O deputado garantiu, ainda, que respondeu a todas as perguntas do delegado.

Cartas Marcadas

A Operação Cartas Marcadas foi deflagrada em 14 de dezembro de 2011, para investigar irregularidades na emissão de cartas de crédito aos servidores da carreira de AAF.

Entre 2008 e 2010, foram emitidos R$ 636 milhões em certidões, para cumprir o acordo trabalhista feito entre o governo e 296 servidores.

No entanto, segundo cálculo feito pela Auditoria Geral do Estado, desse montante, pelo menos R$ 253 milhões eram indevidos.

A Auditoria apontou, ainda, que se for considerado o acordo em que os agentes renunciam a parte do direito trabalhista, o prejuízo aos cofres públicos pode chegar a R$ 494 milhões.

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COMENTÁRIOS
3 Comentário(s).

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Antônio Carlos  30.06.12 08h31
Chama a atenção o valor das cifras envolvidas: " R$ 636 milhões para cumprir acordo trabalhista de 296 servidores". isso dá mais de R$ 2 milhões por servidor. Todos os 296 servidores ganhavam mais de R$ 30 mil por mês?!
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Jorge Fagundes  29.06.12 08h27
Jorge Fagundes, seu comentário foi vetado por conter expressões agressivas, ofensas e/ou denúncias sem provas
pedro ronaldo  29.06.12 07h29
pedro ronaldo, seu comentário foi vetado por conter expressões agressivas, ofensas e/ou denúncias sem provas