Cuiabá, Segunda-Feira, 16 de Junho de 2025
ESQUEMA DE PROPINA
30.04.2025 | 11h05 Tamanho do texto A- A+

Ex-juiz federal quer cassação de Chico 2000 por quebra de decoro

Vereador foi afastado das funções na operação que investiga esquema de corrupção em obras públicas

Victor Ostetti/MidiaNews

O vereador Chico 2000, suspeito de corrupção e afastado do cargo

O vereador Chico 2000, suspeito de corrupção e afastado do cargo

ANGÉLICA CALLEJAS
DA REDAÇÃO

O ex-juiz federal e advogado Julier Sebastião da Silva protocolou uma representação na Câmara de Cuiabá, pedindo a abertura de comissão processante contra o vereador afastado Chico 2000 (PL), por quebra de decoro parlamentar, o que pode resultar na cassação de seu mandato.

Tais condutas supostamente praticadas pelo ex-presidente da Câmara de Vereadores Chico 2000 geraram grande exposição negativa

 

Ele foi alvo da Operação Perfídia, da Deccor (Delegacia de Combate à Corrupção), na manhã de quinta-feira (29), que investiga pagamento de propina na obra do Contorno Leste, em Cuiabá, em 2024. Na época, Chico era presidente da Casa.

 

O valor da propina, conforme João Jorge Souza Catalan Mesquita, ex-funcionário da empreiteira, foi de R$ 250 mil.

 

No pedido, o ex-juiz afirma que a conduta do vereador trouxe "grande exposição negativa" à Câmara. Na ocasião, a Polícia cumpriu mandados de busca e apreensão nos gabinetes dos parlamentares investigados. 

 

"Tais condutas supostamente praticadas pelo ex-presidente da Câmara de Vereadores Chico 2000, geraram grande exposição negativa à Casa Legislativa, que amanheceu em dia de sessão, trancada pela Polícia Civil, para busca e apreensão em gabinete do parlamentar", consta na representação

 

"O escândalo de corrupção supostamente praticada pelo ex-presidente da Casa de Leis, Vereador Chico 2000, fere gravemente o decoro parlamentar esperado de um legislador, sendo eficaz e necessária a sua cassação, para que sejam mantidos os bons costumes, a honestidade e a transparência no Legislativo Cuiabano".

Divulgação

Julier Sebastião

O ex-juiz Julier da Silva, que pediu comissão processante contra vereador

 

No documento, o ex-juiz ainda cita a relação de proximidade entre Chico 2000 e o ex-prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), de quem foi líder da base na Câmara durante o biênio de 2023 a 2025. 

 

"Cumpre ainda ressaltar, que o ex-presidente da Casa de Leis Cuiabana, Vereador Chico 2000, é simpatizante do ex-prefeito Emanuel Pinheiro, tendo inclusive nomeado quando na presidência, o Procurador-Geral do Município afastado, para dirigir a Procuradoria da Câmara de Cuiabá, dentre outras condutas que demonstram grande afinidade do ex-presidente com a ex-gestão da prefeitura de Cuiabá", consta em trecho do documento.

 

"Portanto, demonstrada todas as razões fáticas, requer-se a necessária medida de recebimento e prosseguimento da representação por quedra de decoro parlamenar em desfavor do vereador Francisco Carlos Amorim Silveira, a ser punida com o resultado de perda de mandato de vereador".

 

A operação

 

Também são investigados na operação o vereador Sargento Joelson (PSB), que foi afastado, o empresário José Márcio da Silva Cunha, que teria sido o intermediário do pagamento da propina, Glaudecir Duarte Prez e Jean Martins e Silva Nunes, ligados à empreiteira HB20, responsável pelo projeto.

 

A operação cumpriu 27 ordens judiciais em Cuiabá, incluindo em gabinetes de vereadores, além de busca nos sistemas e câmeras de monitoramento da própria Câmara Municipal, onde o crime teria ocorrido. 

 

Além de busca e apreensão, houve ainda ordem para quebra de sigilo de dados telefônicos e eletrônicos, além de sequestro de bens, valores e imóveis, contra cinco investigados. Os vereadores foram afastados do exercício parlamentar por determinação da Justiça. Um empresário e dois funcionários da empresa envolvida são os demais alvos da operação. Eles também tiveram o passaporte apreendido.

 

As investigações tiveram início a partir de denúncia recebida pela Deccor em 2024, noticiando que vereadores teriam solicitado, a um funcionário da empresa responsável pela execução das obras do Contorno Leste, propina para a aprovação de matéria legislativa que possibilitou o recebimento de pagamentos devidos pelo município à empresa no ano de 2023.

 

Uma parte dos valores foi depositada em conta indicada por um dos vereadores, e há indícios de que a outra parte tenha sido paga em espécie ao parlamentar, no interior de seu gabinete na Câmara, onde as negociações teriam ocorrido.

 

Os investigados também foram proibidos de manter contato entre si e com testemunhas e servidores da Câmara, e de acessar as dependências do órgão legislativo ou as obras do “Contorno Leste”. Eles também não podem se ausentar da cidade sem autorização judicial. Além disso, devem entregar seus passaportes.

 

Leia mais:

 

Testemunha-chave detalhou pagamento de propina a vereador

 

Justiça manda apreender passaporte de vereadores; veja alvos

 

Justiça proíbe empresário de entrar na Câmara de Cuiabá

 

 

Abilio diz que funcionário o procurou para denunciar empresa

 

Abilio fez denúncia que pode ter originado ação contra vereadores

 

Polícia: vereadores receberam propina para beneficiar construtora

 

Justiça afasta dois vereadores de Cuiabá alvos da Polícia Civil

 

Entre no grupo do MidiaNews no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).




Clique aqui e faça seu comentário


COMENTÁRIOS
2 Comentário(s).

COMENTE
Nome:
E-Mail:
Dados opcionais:
Comentário:
Marque "Não sou um robô:"
ATENÇÃO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do MidiaNews. Comentários ofensivos, que violem a lei ou o direito de terceiros, serão vetados pelo moderador.

FECHAR

Jackson   30.04.25 17h50
Cassar o mandato e confiscar os bens !!
3
0
Éderson  30.04.25 15h14
A cassação senhor Juiz, tem que ser dos dois vereadores envolvidos caso comprove o envolvimento deles no esquema. É preciso dar uma resposta a sociedade.
6
0