Cuiabá, Segunda-Feira, 16 de Junho de 2025
CRISE EM VÁRZEA GRANDE
02.11.2012 | 07h27 Tamanho do texto A- A+

Ex-prefeito afirma que renunciar foi "um ato de coragem”

Zaeli diz que não teria abandonado o cargo se tivesse sido reeleito

Divulgação

Tião da Zaeli renunciou ao cargo na última terça, alegando "instabilidade política"

Tião da Zaeli renunciou ao cargo na última terça, alegando "instabilidade política"

LAÍSE LUCATELLI
DA REDAÇÃO
O ex-prefeito de Várzea Grande, Tião da Zaeli (PSD), afirmou que sua renúncia ao cargo, a dois meses do fim do mandato e concretizada na última terça-feira (30), foi "um ato de coragem".

“Eu não admito que digam que eu renunciei para fugir dos problemas. Covardia seria se eu não tomasse as medidas necessárias. Minha renúncia foi um ato de coragem”, afirmou Zaeli, em entrevista coletiva, no fim da tarde de quinta-feira (1º).

Ele voltou a dizer que renunciou ao cargo para preservar a estabilidade política de Várzea Grande.

Zaeli é alvo de um processo na Câmara Municipal que poderia lhe tirar o mandato. Ele foi acusado de ferir a Lei Orgânica do Município, ao não se desvincular da direção de uma de suas empresas, mas garante que a ação não tem fundamento jurídico e que poderia retornar ao cargo com uma decisão judicial.

“Se eu quisesse me manter na prefeitura, poderia conseguir uma liminar em 15 dias e voltar ao cargo. Porém, nesse tempo que a prefeitura ficaria sob o comando do vereador Maninho de Barros (PSD), ele trocaria o secretariado, vários cargos de confiança e, ao voltar, eu colocaria todo mundo de volta. Voltaria a acontecer tudo o que aconteceu em 2011. Faltando menos de dois meses para acabar meu mandato, não achei que valia a pena que a cidade passasse por tudo isso”, disse.

Zaeli negou que tenha renunciado para escapar ao processo e da inelegibilidade de oito anos prevista na Lei da Ficha Limpa. "Não tenho preocupação com inelegibilidade. Até porque eu nunca vivi de política. Eu só gastei com a política. Nunca ganhei nada", disse.

“Foi uma imprudência dos advogados terem feito essa denúncia em pleno período eleitoral, causando instabilidade política. E foi uma arbitrariedade da Câmara ter aceitado a denúncia e desconsiderado minha defesa. O ano passado foi muito sofrido para o município, e a população pagou muito caro pela instabilidade política. Por isso, tive esse gesto de grandeza e mostrei que não tenho apego ao cargo”, completou.

Em 2011, Várzea Grande teve três prefeitos: o titular Murilo Domingos (PR), o vice Tião da Zaeli e o então presidente da Câmara, João Madureira (PSC).

“Se eu tivesse sido eleito, não renunciaria jamais. Mas, meu mandato acabou no dia 8 de outubro, quando a população escolheu outro prefeito, o deputado Walace Guimarães (PMDB). Depois disso, eu só fiquei organizando a prefeitura para deixar para ele uma gestão saneada. Acredito que o Maninho vai fazer um bom trabalho e continuar fazendo cortes de gastos”, disse.

Finanças em crise

Zaeli afirmou que a cidade passa por uma grave crise financeira e, nas últimas semanas, estava fazendo um trabalho de organização da prefeitura e enxugamento dos gastos, com demissão de comissionados, redução da gratificação por cargo e corte de gastos em diversos contratos.

“A Prefeitura de Várzea Grande está com sérios problemas financeiros, devido à baixa arrecadação, e à desoneração do IPI, que reduz o repasse. Além disso, a prefeitura tem dívidas históricas, que se acumulam há mais de 30 anos, como previdência, precatórios”, disse.

“Eu demiti mais de mil pessoas, cortei em 15% a comissão dos DGA, e suspendi todo o fornecimento que era desnecessário. Todas as posições que eu tomei geraram uma economia de R$ 2 milhões ao mês”, afirmou.

Atrasos nos salários

Tião da Zaeli admitiu que, assim como Maninho de Barros, também iria atrasar o pagamento dos servidores.

O salário dos servidores municipais, geralmente, é pago no último dia do mês, mas o prefeito em exercício ainda não quitou o débito, que deveria ter sido pago ontem.

“Eu iria atrasar, porque estava fazendo uma investigação na folha do Pronto-Socorro e iria suspender a folha de pagamento da Saúde. Detectamos algumas inconsistências no pagamento dos médicos, como horas extras que considerei abusivas. Há médicos com salário maior até que o prefeito”, afirmou.

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