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ELEIÇÕES 2026
28.12.2025 | 14h09 Tamanho do texto A- A+

Flávio Bolsonaro busca ex-ministros, Marçal e políticos com trânsito no mercado

Aliados dizem que senador quer focar pré-campanha em São Paulo e Minas e viajar mais a partir de fevereiro

Carlos Moura/Agência Senado

Flávio Bolsonaro (PL-RJ) busca apoio pra eleições de 2026

Flávio Bolsonaro (PL-RJ) busca apoio pra eleições de 2026

CAROLINA LINHARES E THAÍSA OLIVEIRA
DA FOLHA DE S. PAULO

No primeiro mês em pré-campanha à Presidência, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) buscou apoio de ex-ministros de Jair Bolsonaro (PL), dirigentes do PL e políticos de direita com trânsito no mercado financeiro, além do influenciador Pablo Marçal (PRTB).

 

Depois de se lançar ao Palácio do Planalto sob críticas e desconfiança de partidos do centrão, Flávio tem tentado cacifar seu nome e apresentar argumentos para aplacar sua rejeição, o que inclui repetir que está dedicado a montar o melhor time.

 

Aliados avaliam que o ex-presidente Jair Bolsonaro se cercou de auxiliares inexperientes e, em muitos casos, inábeis —erro que o senador precisaria evitar. Por isso, há uma preocupação de Flávio em reunir a seu redor nomes que poderiam demonstrar credibilidade.

 

Interlocutores de Flávio afirmam que ele pretende ampliar sua agenda de viagens pelo país a partir de fevereiro e focar sua pré-campanha em São Paulo e Minas Gerais, em uma tentativa de reverter votos que em 2022 migraram para Lula (PT) nesses estados.

 

Nesta reta inicial, porém, o principal esforço de Flávio tem sido o de buscar o endosso do mercado financeiro —que não esconde a preferência pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

 

Quem tem sido o braço-direito do senador nesse meio é Filipe Sabará, ex-secretário municipal de João Doria.

 

Sabará diz ter organizado os dois eventos de aproximação de Flávio com banqueiros e investidores na capital paulista, o primeiro com integrantes do banco suíço UBS e o segundo com empresários na casa de Gabriel Rocha Kanner, sobrinho de Flávio Rocha, dono da Riachuelo.

 

"Eu tenho proximidade com o mercado. Foi meio natural, o pessoal começou a me perguntar sobre o Flávio, e eu resolvi fazer essa ponte. Me coloquei à disposição do senador", diz o ex-secretário de Desenvolvimento Social, que causou polêmica em 2017 ao sugerir o uso de farinata em merendas escolares.

 

Também foi Sabará —que em 2024 coordenou a campanha de Marçal à Prefeitura de São Paulo— quem articulou o apoio do influenciador a Flávio. Após a conversa, Marçal colocou à disposição do senador seu arsenal de comunicação digital.

 

Um amigo de Flávio diz, sob reserva, que o senador sabe que a avenida Faria Lima representa uma parcela ínfima do eleitorado brasileiro, incapaz de eleger alguém. Apesar disso, a avaliação é que a desconfiança do mercado financeiro passa um sinal ruim ao restante do eleitorado.

 

Flávio tem recorrido aos conselhos de pessoas que integraram a equipe econômica do governo Bolsonaro. Entusiastas da candidatura afirmam ser cedo para prospectar nomes de eventuais futuros ministros, mas dizem que a intenção de Flávio é anunciar possíveis auxiliares antes da eleição.

 

O senador tem discutido propostas com o ex-ministro da Economia Paulo Guedes, com o ex-ministro de Minas e Energia Adolfo Sachsida e com o ex-presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Social) Gustavo Montezano.

 

A empresários, ele se apresenta como "Bolsonaro moderado" e afirma seguir a "cartilha de Paulo Guedes", com a promessa de diminuir impostos, controlar a taxa de juros e enxugar a máquina pública.

 

Na avaliação de Sabará, alguns nomes do mercado já acreditam que o candidato anti-Lula será mesmo Flávio e não Tarcísio.

 

"A rejeição imputada a ele não é dele, é do pai dele. O mercado não tem receio com ele, porque ele tem a pauta do Paulo Guedes. A única pergunta que me fazem é se ele vai até o fim", afirma ele, que diz acreditar que Flávio é o único com chances de derrotar Lula e que vê nele disposição de levar a candidatura adiante.

 

Segundo participantes do almoço na casa de Kanner, Flávio disse ser o Bolsonaro que sempre quiseram –respeitado no Senado, disposto a fazer composições políticas e a conversar com todos, até mesmo o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). O senador teria ouvido perguntas duras, como a alta rejeição da família.

 

O deputado estadual Lucas Bove (PL) se colocou à disposição de Flávio para atuar em sua pré-campanha em São Paulo. Além de contatos em associações comerciais e bancos, Bove também tem relação com os ruralistas no estado.

 

"Nós vamos estar juntos, estamos trabalhando por ele aqui. Assim que a candidatura dele foi confirmada, já unificou toda a base bolsonarista. Estamos muito confiantes", afirma.

 

Sem o mesmo entusiasmo no PP, no União Brasil e no Republicanos, Flávio tem se apoiado politicamente no presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e no secretário-geral do partido e líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (RN), que também foi ministro do governo Bolsonaro.

 

Disposto a concorrer ao governo do Rio Grande do Norte no ano que vem, Marinho tem se engajado na pré-campanha de Flávio e tentado articular apoios ao filho mais velho de Bolsonaro junto a outros partidos.

 

À Folha Flávio disse querer Marinho ao lado dele no ano que vem. "Ele vai estar comigo o tempo inteiro do meu lado, porque é uma pessoa competente, de confiança, inteligente e que adora desafios. Eu preciso de pessoas que não gostam de ficar na zona de conforto. É um amigo e também acredita nesse projeto", afirma.

 

A pré-campanha, por enquanto, não tem um marqueteiro designado. Nome do PL, Duda Lima já afirmou que não vai trabalhar em campanhas em 2026.

 

"Minha decisão de não comandar mais campanhas eleitorais é pública, mas convivi com muitos profissionais competentes de marketing eleitoral e sei que Flávio fará boas escolhas na estruturação de um ótimo time de marketing", diz.

 

Em 2024, quando comandou a campanha de reeleição de Ricardo Nunes (MDB) à Prefeitura de São Paulo, Duda teve uma série de atritos com os filhos de Bolsonaro e outros apoiadores do ex-presidente, que buscavam influenciar nas decisões internas ao mesmo tempo em que acenavam para o rival Marçal.

 

 

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