A juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital, negou ter acusado o delegado Flávio Stringueta de ter “construído” uma história para dar ar de legalidade às interceptações telefônicas da Operação Querubin, de março de 2015.
À época, Stringuetta comandava a Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) e a investigação interceptou, com autorização da Justiça, Tatiane Sangalli, suposta ex-amante de Paulo Taques, ex-secretário de Estado Chefe da Casa Civil, e a ex-assessora dele, Caroline Mariano dos Santos.
Ocorre que em um ofício encaminhado por Selma Arruda à corregedora-geral do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, desembargadora Maria Aparecida Ribeiro, ela levantou suspeitas sobre a operação comandada por Striguetta quel, segundo ela, poderia ter sido embasada em uma história inventada.
Para Stringueta, a juíza foi “infeliz” e “maculou” uma operação totalmente legal.
Selma Arruda, por sua vez, afirmou que, após a revelação de um esquema de escutas clandestinas realizados pela Polícia Militar (PM-MT), todos os magistrados do Estado receberam a determinação para que informassem a Corregedoria de Justiça sobre possíveis ocorrências de esquemas de “barriga de aluguel”.
Nesta prática, números de pessoas comuns são listados como se pertencendo a alvos de investigações policiais.
“Eu tive notícia, por meio de um assessor, da probabilidade de ter ocorrido uma barriga de aluguel na Sétima Vara, o que me causou muita preocupação”, afirmou a magistrada, em entrevista à Rádio Capital FM.
A juíza explicou que as informações trazidas a ela, a partir da análise de alguns procedimentos, a levaram a crer que dois números telefônicos – atribuídos a Tatiana Sangalli – teriam sido inseridos em uma investigação relacionada a organizações criminosas: o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho.
“Nesta operação, chamada Operação Forti, teriam sido inseridos dois números, que são números de pessoas que não tinham nada, nenhuma relação com essa investigação”, disse.
“Foi isso que narrei à Corregedoria. Narrei também que essas mesmas pessoas, aproximadamente um mês depois, foram alvos de uma investigação que veio da GCCO, por meio do doutor Flavio Stringuetta”, afirmou.
A juíza, contudo, disse não ter feito qualquer tipo de prejulgamento em relação a operação comandada por Stinguetta.
“É óbvio que a constatação inicial sobre a história que embasa a operação Querubim possa não ser verídica. Mas eu não afirmei que não é verídica. Levantei a suposição por dever de ofício, acho que as autoridades devem investigar a respeito. Não fiz prejulgamento, não o acusei de nada”, disse Selma.
“Escândalo”
A magistrada ainda disse ter o máximo respeito pelo delegado e pelo trabalho desenvolvido por ele a frente da GCCO e concluiu lamentando o fato de o ofício escrito por ela ter vazado na imprensa, gerando um “escândalo”.
“Tenho muito respeito pelo doutor Flavio, respeito o trabalho dele, trabalhei muito tempo com ele, enquanto ele esteve na GCCO. Não tenho nada contra a pessoa dele. Mas tenho dever de ofício de informar toda suposta irregularidade que eu constatar”, afirmou.
“Aliás, aquele ofício era sigiloso, vazou não sei como, nem sei por quem. Ou seja, essa afirmação que eu fiz merecia ter um tratamento sério e sigiloso e acabou virando mais um escândalo”, concluiu.
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