O ex-governador Júlio Campos (DEM) classificou como “empolgantes” as manifestações do dia 7 de setembro, mas criticou o discurso considerado antidemocrático feito pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), afirmando que ele deveria ter adotado um tom “mais sensato e equilibrado”.
“Lamentavelmente, acredito que o presidente Bolsonaro, pessoa na qual eu votei e que ajudei a chegar lá, exagerou no seu discurso. Ele podia ter feito um discurso mais sensato, mais equilibrado e sem ameaças que não serão realizadas contra o Poder Judiciário brasileiro”, afirmou.
Para o ex-governador, a postura de Bolsonaro foi “muito ruim” e um “mau exemplo para o País”. O presidente, em seu discurso, desafiou o Supremo Tribunal Federal e defendeu a destituição dos ministros da Corte.

Para Júlio, Bolsonaro sentiu o impacto negativo dos discursos, razão pela qual precisou, dois dias depois, recuar do seu posicionamento.
“É muito ruim a postura do presidente, tanto é que agora teve que retroceder. Depois daquele grande impacto, ele viu que não é por aí. As forças democráticas do país, o Congresso Nacional, o próprio Judiciário e o povo brasileiro não querem esse tipo de radicalismo”, criticou.
Segundo Júlio, apesar do tom do discurso, a população que foi às ruas manifestar apoio ao Governo Jair Bolsonaro comportou-se de maneira equilibrada e tranquila.
O ex-governador, que participou da elaboração da Constituição de 1988, lamentou, porém, a bandeira levantada nos atos pedindo intervenção militar, afirmando se tratar de um reflexo do radicalismo que tomou conta do país e que é algo defendido por “grupos minoritários” contrários ao processo democrático “amplo, geral e irrestrito”.
“Lamentavelmente a política brasileira está tomando um rumo muito desagradável. Quem não viveu [o regime militar] pode até pode admirar, mas quem passou por aquele período sabe que realmente, para os processos democráticos, foi muito pernóstico”, afirmou.

“Embora haja bastante defensores, acho que a grande maioria do povo brasileiro não defende isso. [...] O Brasil não pode ter retrocessos democráticos”, defendeu.
Sem clima para impeachment
Apesar da turbulência causada pelos discursos, o ex-governador não vê clima para que os pedidos de impeachment contra o presidente tenham andamento dentro do Congresso Nacional.
Na visão dele, nem mesmo à oposição interessa o impedimento de Bolsonaro.
“Para a oposição, quanto mais Bolsonaro errar, fazer desacerto, mais fácil fica de ganhar uma eleição no ano que vem”, disse.
Economia e crítica ao STF
Júlio ainda destacou os problemas enfrentados pelo país em razão da instabilidade política, afirmando que a situação atual tem atrapalhado o desenvolvimento do Brasil.

“O Brasil não suporta mais a situação econômica que está vivendo. Estamos vivendo momentos difíceis: dólar explodindo, bolsa de valores caindo, custo de vida muito alto, combustível alto. Está na hora do Governo refletir um pouco, readequar e preparar para uma disputa democrática”, disse.
Ele ainda fez críticas à postura do Supremo Tribunal Federal que, na visão dele, “tem exagerado em suas decisões e contrariado a população brasileira”, citando os casos em que condenações do ex-presidente Lula (PT) foram anuladas pela Corte, tornando-o elegível novamente.
“A gente desanima de ver a situação difícil que o Judiciário colocou o Brasil. Bolsonaro toda hora é repreendido, punido e o Lula absolvido em todos os processos”, criticou.
“Pessoas condenadas por corrupção estão sendo absolvidas e pessoas que talvez não cometeram nenhum crime de corrupção, mas apenas crime de palavras, estão sendo condenados”, concluiu.
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