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“EXAGEROU”
10.09.2021 | 16h10 Tamanho do texto A- A+

Júlio elogia atos, mas critica fala de Bolsonaro: “Teve que recuar”

Ex-governador do Estado diz que presidente devia ter feito discurso “mais sensato e equilibrado”

JL Siqueira/ALMT

O ex-governador de Mato Grosso, Júlio Campos: críticas ao discurso de Bolsonaro nos atos de 7 de setembro

O ex-governador de Mato Grosso, Júlio Campos: críticas ao discurso de Bolsonaro nos atos de 7 de setembro

LISLAINE DOS ANJOS
DA REDAÇÃO

O ex-governador Júlio Campos (DEM) classificou como “empolgantes” as manifestações do dia 7 de setembro, mas criticou o discurso considerado antidemocrático feito pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), afirmando que ele deveria ter adotado um tom “mais sensato e equilibrado”.

 

“Lamentavelmente, acredito que o presidente Bolsonaro, pessoa na qual eu votei e que ajudei a chegar lá, exagerou no seu discurso. Ele podia ter feito um discurso mais sensato, mais equilibrado e sem ameaças que não serão realizadas contra o Poder Judiciário brasileiro”, afirmou.

 

Para o ex-governador, a postura de Bolsonaro foi “muito ruim” e um “mau exemplo para o País”. O presidente, em seu discurso, desafiou o Supremo Tribunal Federal e defendeu a destituição dos ministros da Corte.

 

É muito ruim a postura do presidente, tanto é que agora teve que retroceder. Depois daquele grande impacto, ele viu que não é por aí

Para Júlio, Bolsonaro sentiu o impacto negativo dos discursos, razão pela qual precisou, dois dias depois, recuar do seu posicionamento.

 

“É muito ruim a postura do presidente, tanto é que agora teve que retroceder. Depois daquele grande impacto, ele viu que não é por aí. As forças democráticas do país, o Congresso Nacional, o próprio Judiciário e o povo brasileiro não querem esse tipo de radicalismo”, criticou.

 

Segundo Júlio, apesar do tom do discurso, a população que foi às ruas manifestar apoio ao Governo Jair Bolsonaro comportou-se de maneira equilibrada e tranquila.

 

O ex-governador, que participou da elaboração da Constituição de 1988, lamentou, porém, a bandeira levantada nos atos pedindo intervenção militar, afirmando se tratar de um reflexo do radicalismo que tomou conta do país e que é algo defendido por “grupos minoritários” contrários ao processo democrático “amplo, geral e irrestrito”.

 

“Lamentavelmente a política brasileira está tomando um rumo muito desagradável. Quem não viveu [o regime militar] pode até pode admirar, mas quem passou por aquele período sabe que realmente, para os processos democráticos, foi muito pernóstico”, afirmou.

 

Para a oposição, quanto mais Bolsonaro errar, fazer desacerto, mais fácil fica de ganhar uma eleição no ano que vem

“Embora haja bastante defensores, acho que a grande maioria do povo brasileiro não defende isso. [...] O Brasil não pode ter retrocessos democráticos”, defendeu.

 

Sem clima para impeachment

 

Apesar da turbulência causada pelos discursos, o ex-governador não vê clima para que os pedidos de impeachment contra o presidente tenham andamento dentro do Congresso Nacional.

 

Na visão dele, nem mesmo à oposição interessa o impedimento de Bolsonaro.

 

“Para a oposição, quanto mais Bolsonaro errar, fazer desacerto, mais fácil fica de ganhar uma eleição no ano que vem”, disse.

 

Economia e crítica ao STF

 

Júlio ainda destacou os problemas enfrentados pelo país em razão da instabilidade política, afirmando que a situação atual tem atrapalhado o desenvolvimento do Brasil.

 

A gente desanima de ver a situação difícil que o Judiciário colocou o Brasil

“O Brasil não suporta mais a situação econômica que está vivendo. Estamos vivendo momentos difíceis: dólar explodindo, bolsa de valores caindo, custo de vida muito alto, combustível alto. Está na hora do Governo refletir um pouco, readequar e preparar para uma disputa democrática”, disse.

 

Ele ainda fez críticas à postura do Supremo Tribunal Federal que, na visão dele, “tem exagerado em suas decisões e contrariado a população brasileira”, citando os casos em que condenações do ex-presidente Lula (PT) foram anuladas pela Corte, tornando-o elegível novamente.

 

“A gente desanima de ver a situação difícil que o Judiciário colocou o Brasil. Bolsonaro toda hora é repreendido, punido e o Lula absolvido em todos os processos”, criticou.

 

“Pessoas condenadas por corrupção estão sendo absolvidas e pessoas que talvez não cometeram nenhum crime de corrupção, mas apenas crime de palavras, estão sendo condenados”, concluiu.

 

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