Ativistas lamentaram a decisão da Assembleia Legislativa de “enterrar” o projeto que criava o Conselho LGBTQIA+ em Mato Grosso, que visava, entre outras coisas, garantir o combate aos crimes de homofobia que ainda são grandes no Estado.
Rainha da Parada da Diversidade deste ano, a advogada Thais Brazil falou que saiu do Parlamento com a “pior impressão possível” e que, mais uma vez, os deputados e o segmento religioso que fez “coro” contra o projeto foram exemplos do preconceito que essa parcela da população sofre diariamente.
“Mais uma vez, nossas vidas não importaram, nossas pautas não importaram e ficou claro que, pela justificativa da maioria dos parlamentares, o dinheiro do Estado e as políticas públicas só servem para outra camada da sociedade, não para as pessoas LGBTQIA+”, criticou.
A principal razão apontada pelos 11 parlamentares que votaram contra o projeto foi de que o projeto iria onerar os cofres do Executivo, o que é apontado como incoerente pelos parlamentares favoráveis e também pelos representantes LGBTQIA+.
Thais citou, por exemplo, a existência de outros conselhos no Estado, cujas funções são assegurar a criação de políticas públicas que atendam às respectivas parcelas da sociedade que eles representam. Para os demais conselhos, ressaltou a advogada, as questões financeiras não preocupam.
“É muita hipocrisia maquiar a justificativa, dizer que está preocupado com o dinheiro do Estado. Essa justificativa só serve quando o dinheiro do Estado é para LGBTQIA+. Porque quando é para outras coisas, não vejo a presença e o trabalho massivo desse grupo tentando barrar”, afirmou.
Para a ativista, a decisão da Assembleia, apesar de esperada diante da pressão da ala evangélica em cima da pauta, aumentou a sensação de invisibilidade que os LGBTQIA+ já sentem.
“Dá a sensação de que há um esforço para manter essa invisibilidade, para barrar e colocar em escanteio as demandas da população LGBTQIA+. A pouca visibilidade que pleiteamos, não nos é dada”, disse.
“Excluídos da sociedade”
Thais rebateu argumentos, ainda, como o apresentado pelo deputado estadual Gilberto Cattani (PSL), que disse que “homossexuais não precisam ser excluídos da sociedade criando uma comunidade à parte” porque são “seres humanos como todos os outros”.
“Excluídos da sociedade nós já somos. Não se trata disso. A sociedade é múltipla, diversa e o Estado deve reconhecer a todos e compreender que existem pessoas que, por terem e lidarem com maiores vulnerabilidades, obviamente necessitam de uma atenção estatal maior”, disse.
“Jamais se tratou de segregar. Segregação se dá quando a população LGBTQIA+ não tem emprego, morre, tem todo um movimento que se diz religioso excluindo políticas públicas para elas. Isso é segregar a sociedade”, criticou.
Thais ressaltou que se garantir políticas públicas para pessoas que dependem delas é segregar, o Estado faz isso com pessoas com deficiência, mulheres, crianças, negros e idosos – e nenhum parlamentar se levanta contra os conselhos que os representam.
“Família de LGBTQIA+”
A Parada da Diversidade de Mato Grosso, que este ano está em sua 18ª edição, tem como tema “Família de LGBTQIA+ - Direito de (Re)Existir” e acontece neste sábado (04).
Marcos Lopes/ALMT
Sessão de votação do projeto foi acompanhada de perto por membros da ala evangélica e LGBTQIA+
Curiosamente, o tema vai de encontro com um dos argumentos usados pelos grupos contrários à criação do Conselho LGBTQIA+, de que eles querem destruir o conceito de família, o que Thais rebateu.
“A ideia enquanto destruir família é de se desmanchar um conceito de um perfil específico de família como o único tipo de família existente”, afirmou.
“A partir do momento em que eu destruo o conceito de que só um homem, uma mulher e seus filhos são uma família, todas as outras famílias são incluídas: aquela formada por dois homens, por duas mulheres, por um homem e uma mulher sem filhos, ou seja, sempre na ideia de inclusão”, afirrmou.
A concentração da Parada será às 16h, na Praça Ipiranga, região central de Cuiabá. O grupo, então, irá caminhar até a Praça das Bandeiras, na Avenida Historiador Rubens de Mendonça (Avenida do CPA), próximo ao Centro Político e Administrativo.
“Quero relembrar que temos família e que somos família. Que temos direitos duramente conquistados como o de casar, adotar, mas que também ainda lutamos pelo direito de não morrermos em nosso próprio lar, de não termos os sonhos ceifados por aqueles que mais amamos”, defendeu Thais.
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9 Comentário(s).
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alex r 05.12.21 17h50 | ||||
É uma falácia sem tamanho... LGBTQI+ não é representado por Direitos Humanos? | ||||
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Edmilson Rosa 05.12.21 16h02 | ||||
Deveria ter um conselho permanente de combate a corrupção é fiscalização do STF....para que cumpra a constituição. | ||||
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KAIO 04.12.21 11h30 | ||||
Ao invés desse tipo de "conselho" deveriam criar o conselhos dos PNEs, dos idosos ou do combate à corrupção. NÃO sei se vc sabe - parece não saber - porém já existem esses Conselhos que vc mencionou entre no site do governo do estado e procure por CONSELHOS... | ||||
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jose araujo da silva 04.12.21 10h38 | ||||
TUDO QUE A ATIVISTA FALOU NÃO PASSA DE VITIMISMO E MENTIRA POIS TODOS SÃO IGUAIS PERANTE A LEI , NAO EXISTI DESCRIMINAÇÃO CONTRA NINGUEM, O PROPIO PRECONCEITO É DA PROPIA LGBT, NAO PRECISA DE LEIS PARALELA PARA DEFENDER UM GRUPO, QUANDO ISSO ACONTECE AI SIM O PRECONCEITO E VISIVEL. | ||||
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deovaldo 04.12.21 09h56 | ||||
Professora Thais a senhora sabe que existe leis que ampara qualquer cidadão, independente de escolhas que fazem durante a sua vida. Mas o que deve ser mudado é ensinar a respeitar as pessoas e não enfiar guela a baixo o que vcs acham ser mais importante. Militância não presta em canto nenhum. Pregam a sua ideologia e quem não gostar que se dane. | ||||
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