Cuiabá, Sexta-Feira, 12 de Setembro de 2025
CONSELHO BARRADO
04.12.2021 | 08h00 Tamanho do texto A- A+

LGBT: “É revoltante; mais uma vez, nossas vidas não importaram”

AL “enterrou” projeto que criava Conselho LGBT; rainha da Parada, advogada critica postura da AL

Marcos Lopes/ALMT

Rainha da Parada da Diversidade em 2021, Thais Brazil (detalhe) lamenta decisão do Parlamento

Rainha da Parada da Diversidade em 2021, Thais Brazil (detalhe) lamenta decisão do Parlamento

LISLAINE DOS ANJOS
DA REDAÇÃO

Ativistas lamentaram a decisão da Assembleia Legislativa de “enterrar” o projeto que criava o Conselho LGBTQIA+ em Mato Grosso, que visava, entre outras coisas, garantir o combate aos crimes de homofobia que ainda são grandes no Estado.

 

Rainha da Parada da Diversidade deste ano, a advogada Thais Brazil falou que saiu do Parlamento com a “pior impressão possível” e que, mais uma vez, os deputados e o segmento religioso que fez “coro” contra o projeto foram exemplos do preconceito que essa parcela da população sofre diariamente.

 

“Mais uma vez, nossas vidas não importaram, nossas pautas não importaram e ficou claro que, pela justificativa da maioria dos parlamentares, o dinheiro do Estado e as políticas públicas só servem para outra camada da sociedade, não para as pessoas LGBTQIA+”, criticou.

 

É muita hipocrisia maquiar a justificativa, dizer que está preocupado com o dinheiro do Estado

A principal razão apontada pelos 11 parlamentares que votaram contra o projeto foi de que o projeto iria onerar os cofres do Executivo, o que é apontado como incoerente pelos parlamentares favoráveis e também pelos representantes LGBTQIA+.

 

Thais citou, por exemplo, a existência de outros conselhos no Estado, cujas funções são assegurar a criação de políticas públicas que atendam às respectivas parcelas da sociedade que eles representam. Para os demais conselhos, ressaltou a advogada, as questões financeiras não preocupam.

 

“É muita hipocrisia maquiar a justificativa, dizer que está preocupado com o dinheiro do Estado. Essa justificativa só serve quando o dinheiro do Estado é para LGBTQIA+. Porque quando é para outras coisas, não vejo a presença e o trabalho massivo desse grupo tentando barrar”, afirmou.

 

Para a ativista, a decisão da Assembleia, apesar de esperada diante da pressão da ala evangélica em cima da pauta, aumentou a sensação de invisibilidade que os LGBTQIA+ já sentem.

 

“Dá a sensação de que há um esforço para manter essa invisibilidade, para barrar e colocar em escanteio as demandas da população LGBTQIA+. A pouca visibilidade que pleiteamos, não nos é dada”, disse.

 

Segregação se dá quando a população LGBTQIA+ não tem emprego, morre, tem todo um movimento que se diz religioso excluindo políticas públicas para elas

“Excluídos da sociedade”

 

Thais rebateu argumentos, ainda, como o apresentado pelo deputado estadual Gilberto Cattani (PSL), que disse que “homossexuais não precisam ser excluídos da sociedade criando uma comunidade à parte” porque são “seres humanos como todos os outros”.

 

“Excluídos da sociedade nós já somos. Não se trata disso. A sociedade é múltipla, diversa e o Estado deve reconhecer a todos e compreender que existem pessoas que, por terem e lidarem com maiores vulnerabilidades, obviamente necessitam de uma atenção estatal maior”, disse.

 

“Jamais se tratou de segregar. Segregação se dá quando a população LGBTQIA+ não tem emprego, morre, tem todo um movimento que se diz religioso excluindo políticas públicas para elas. Isso é segregar a sociedade”, criticou.

 

Thais ressaltou que se garantir políticas públicas para pessoas que dependem delas é segregar, o Estado faz isso com pessoas com deficiência, mulheres, crianças, negros e idosos – e nenhum parlamentar se levanta contra os conselhos que os representam.

 

“Família de LGBTQIA+”

 

A Parada da Diversidade de Mato Grosso, que este ano está em sua 18ª edição, tem como tema “Família de LGBTQIA+ - Direito de (Re)Existir” e acontece neste sábado (04).

 

Marcos Lopes/ALMT

Sessão AL LGBT

Sessão de votação do projeto foi acompanhada de perto por membros da ala evangélica e LGBTQIA+

Curiosamente, o tema vai de encontro com um dos argumentos usados pelos grupos contrários à criação do Conselho LGBTQIA+, de que eles querem destruir o conceito de família, o que Thais rebateu.

 

“A ideia enquanto destruir família é de se desmanchar um conceito de um perfil específico de família como o único tipo de família existente”, afirmou.

 

“A partir do momento em que eu destruo o conceito de que só um homem, uma mulher e seus filhos são uma família, todas as outras famílias são incluídas: aquela formada por dois homens, por duas mulheres, por um  homem e uma mulher sem filhos, ou seja, sempre na ideia de inclusão”, afirrmou.

 

A concentração da Parada será às 16h, na Praça Ipiranga, região central de Cuiabá. O grupo, então, irá caminhar até a Praça das Bandeiras, na Avenida Historiador Rubens de Mendonça (Avenida do CPA), próximo ao Centro Político e Administrativo.

 

“Quero relembrar que temos família e que somos família. Que temos direitos duramente conquistados como o de casar, adotar, mas que também ainda lutamos pelo direito de não morrermos em nosso próprio lar, de não termos os sonhos ceifados por aqueles que mais amamos”, defendeu Thais.

 

Leia mais:

 

AL barra conselho que pretendia combater crimes de homofobia em MT

 

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COMENTÁRIOS
9 Comentário(s).

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alex r  05.12.21 17h50
É uma falácia sem tamanho... LGBTQI+ não é representado por Direitos Humanos?
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Edmilson Rosa   05.12.21 16h02
Deveria ter um conselho permanente de combate a corrupção é fiscalização do STF....para que cumpra a constituição.
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KAIO   04.12.21 11h30
Ao invés desse tipo de "conselho" deveriam criar o conselhos dos PNEs, dos idosos ou do combate à corrupção. NÃO sei se vc sabe - parece não saber - porém já existem esses Conselhos que vc mencionou entre no site do governo do estado e procure por CONSELHOS...
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jose araujo da silva  04.12.21 10h38
TUDO QUE A ATIVISTA FALOU NÃO PASSA DE VITIMISMO E MENTIRA POIS TODOS SÃO IGUAIS PERANTE A LEI , NAO EXISTI DESCRIMINAÇÃO CONTRA NINGUEM, O PROPIO PRECONCEITO É DA PROPIA LGBT, NAO PRECISA DE LEIS PARALELA PARA DEFENDER UM GRUPO, QUANDO ISSO ACONTECE AI SIM O PRECONCEITO E VISIVEL.
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deovaldo  04.12.21 09h56
Professora Thais a senhora sabe que existe leis que ampara qualquer cidadão, independente de escolhas que fazem durante a sua vida. Mas o que deve ser mudado é ensinar a respeitar as pessoas e não enfiar guela a baixo o que vcs acham ser mais importante. Militância não presta em canto nenhum. Pregam a sua ideologia e quem não gostar que se dane.
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