Cuiabá, Terça-Feira, 5 de Agosto de 2025
A VOLTA DOS QUE NÃO FORAM
22.09.2010 | 13h13 Tamanho do texto A- A+

Manobra para favorecer magistrados envolveria o STF

Desembargadores e juízes teriam contratado filha e genro de ministro do Supremo

MidiaNews

Desembargadores Tadeu Cury e Ferreira Leite

Desembargadores Tadeu Cury e Ferreira Leite

ANTONIELLE COSTA
DA REDAÇÃO

O ministro Carlos Ayres Brito, do Supremo Tribunal Federal (STF), deverá declarar-se impedido de participar do julgamento do recurso proposto pela Advocacia-Geral da União (AGU) em desfavor de oito magistrados mato-grossenses, que tentam se manter no cargo, após terem sido aposentados por decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Os desembargadores José Ferreira Leite, José Tadeu Cury e os juízes Marcelo Barros, Marcos Aurélio dos Reis e Irênio Fernandes contrataram a advogada Adriele Pinheiro Reis Ayres de Britto, filha do ministro do STF, e seu marido, Adriano José Borges Silva.

A contratação seria parte de numa suposta "manobra" visando a beneficiar os magistrados mato-grossenses no julgamento do recurso proposto pela AGU, no Supremo.

Conforme MidiaNews apurou, sem o voto do ministro Britto, que é tido como "pulso firme", aumentam as chances de os magistrados se manterem no cargo, devido às divergências no entendimento sobre a decisão do ministro Celso de Mello, que concedeu uma decisão favorável a desembargadores e juízes que haviam sido aposentados pelo CNJ.

Atualmente, o Pleno do STF é composto por dez ministros, uma vez que a vaga do ministro Eros Graus, aposentado em agosto passado, segue em aberta. Compõem o Supremo: Cezar Peluso (presidente), Ayres Britto (vice-presidente), Celso de Mello, Marco Aurélio, Ellen Gracie, Gilmar Mendes, Joaquim Barbosa, Ricardo Lewandowski, Cármem Lúcia e Dias Toffoli.

Entenda o caso

Em fevereiro deste ano, três desembargadores e sete juízes mato-grossenses foram aposentados compulsoriamente, por decisão do CNJ, após a denúncia sobre um suposto esquema de desvio dinheiro do Tribunal de Justiça, para "salvar" uma cooperativa de crédito ligada à Maçonaria.

São eles: Mariano Travassos, José Ferreira Leite e José Tadeu Cury e os juízes Marcelo Barros, Irênio Lima Fernandes, Marcos Aurélio dos Reis, Antonio Horácio Neto, Juanita Clait Duarte, Graciema Ribeira Caravellas e Maria Cristina Oliveira Simões.

Em seguida, cada magistrado ingressou com um recurso junto ao STF, na tentativa de reverter a decisão do CNJ. Em caráter provisório, o ministro Celso de Mello determinou a reintegração dos magistrados aos quadros do Judiciário.

Em sua decisão, Mello entendeu que cabe à Corregedoria-Geral de Justiça dos Estados julgar os processos que envolvem desembargadores e juízes. Somente após as investigações, o conselho deve ser acionado.

No dia 18 de agosto, o ministro Dias Toffoli acatou um recurso proposto pelo desembargador José Jurandir Lima, também aposentado pelo CNJ, mas por nepotismo. Na decisão, Toffoli determinou o retorno do magistrado, com mesmo entendimento do seu colega Celso de Mello.

No início de setembro, a Advocacia-Geral da União propôs um agravo regimental no STF, tentando derrubar a decisão de reintegrou os desembargadores e juízes. O recurso deverá ser julgado em breve pelo Pleno do Supremo.

No agravo, o advogado-geral da União, Luis Inácio Lacena, contestou o entendimento do ministro Celso de Mello, por entender que cabe, sim, ao CNJ julgar os magistrados, uma vez que existe previsão legal na Constituição Federal. No recurso, ele citou o inciso III do §4º do art. 103-B da CF, que demonstra a existência de três núcleos expressos de competência disciplinar do CNJ.

Outro lado

Procurado pela reportagem, o desembargador José Tadeu Cury negou a contratação. O desembargador José Ferreira Leite não atendeu às ligações para seu telefone celular.

O juiz Marcos Aurélio dos Reis confirmou ter contratado a advogada e disse que se trata de um procedimento normal. "Não existe nenhuma irregularidade, pois tenho o direito de contratar quem eu quiser", afirmou.

Marcelo Barros disse que estava em sessão plenária e não poderia falar sobre o assunto. Já o juiz Irênio Lima Fernandes não atendeu às ligações.

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COMENTÁRIOS
5 Comentário(s).

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Thiago Fellipe  23.09.10 11h10
Segundo Marco Aurélio "...Tenho o direito de contratar quem eu quiser." Entendo.
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ojedaelson  23.09.10 10h02
Quem é isento neste país??!!??
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João Gabriela  23.09.10 09h42
Mais uma vez o corporativismo vai falar mais alto, estes senhores que deveriam esta cuidando da aplicação da lei, da moral, da ética, quando for para defende-los, simplesmente resgam as leis, o Judiciário hoje é o pior mal da sociedade, pior que politicos, pois deveriam estar dando exemplo, e vemos estas bandalheiras no amago do judiciário, o Brasil esta corrompido, executivo, legislativo e judiciário estão juntos na robalheira. estamos caminhando para uma ditadura, somente uma ditadura para por fim a esta situação.
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jõa aristides  22.09.10 21h47
EM MT TUDO PODE TUDO PASSA TUDO É FARINHA DO MESMO SACO JUIZES DESEMBARGADORES ....POLITICOS....E NÓS VAMOS TRABALHANDO PAGANDO IMPOSTOS , VALE REFEIÇAÕ E TRANSPORTE
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Plínio  22.09.10 17h49
rs, juízes...
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