Maysa nega ter exposto em audiência menor vítima de estupros

A vereadora Maysa Leão (Republicanos) negou ter exposto, em uma audiência pública realizada na Câmara, na última quarta-feira (20), uma adolescente que foi vítima de abuso sexual.

Quando ouvi que ela tinha 16 anos entrei em contato com a instituição pelo telefone, conversei com a promotora, foi uma surpresa pra mim ela ser menor

Da tribuna, a menor fez uso da palavra durante o encontro, que debateu a violência sexual contra mulheres e crianças. A fala foi trasmitida ao vivo no canal do YouTube da Câmara - o que contrariaria normas definidas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que garante o sigilo e a preservação da identidade das vítimas de abuso.

Após a polêmica, a transmissão foi retirada e não está mais disponível no canal. Ao MidiaNews, a vereadora afirmou que a menor não foi convidada para falar, e sim se inscreveu por vontade própria, já que qualquer pessoa pode se inscrever para falar na tribuna.

Maysa afirmou que a jovem teve autorização dos responsáveis, da psicóloga e da assistente social, que se basearam inclusive no ECA para autorizar, visto que uma pessoa de 16 anos já não é um completo incapaz.

“Quando ouvi que ela tinha 16 anos entrei em contato com a instituição pelo telefone, conversei com a promotora, foi uma surpresa pra mim ela ser menor. Mas, quando eu entrei em contato, a associação falou que ela tinha autorização do responsável e ela própria manifestou o desejo de falar por já estar em tratamento há muitos anos e em segurança”, disse Maysa.

Reprodução/ Youtube Camara Municipal

A fala da jovem na tribuna durante a audiência pública na última quarta (20)

“Ela fez o pedido para a psicóloga dela e para assistente social, que conversaram com o responsável legal e a autorizaram, baseado inclusive no ECA. Porque uma pessoa de 16 anos não é um completo incapaz. Ela tem o direito de ser ouvida e eu não poderia silenciar o microfone dela, até pelo constrangimento que poderia causar a ela", completou.

Na mesa da Presidência estavam uma representante do Ministério Público, uma representante da Delegacia Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente e a secretária Municipal da Mulher, a tenente-coronel Hadassah Suzannah.

Apoio

A adolescente é assistida pela ONG Lírios e falou como conseguiu superar parte do sofrimento para cuidar da filha. 

“Fui abusada aos 5 anos pelo meu tio e depois pela pessoa que acreditava que me daria suporte, meu pai. Mas hoje sou grata pela ajuda psicológica que recebi, que me tornou mais forte para poder cuidar da minha filha”, disse a jovem na ocasião.

Maysa ainda afirmou que a fala não foi feita para ser explorada em redes sociais e que pediu para a equipe técnica da Casa retirar a fala da menor na transmissão, mas alguém acabou vazando o vídeo. Ela ainda ressaltou a credibilidade da Lírios, que acolhe as jovens vítimas de violência.

“Ela estava com assistente social, com a psicóloga que a acompanha, com a devida autorização sendo ouvida num dispositivo formal, sem publicização, sem exploração, dentro de redes sociais e sem ser induzida ou até sem ser convidada. Foi por isso que eu, nem o Ministério Público, nem a delegada, cortamos a fala dela no meio”.

“Não entramos em pânico porque sabíamos que a Lírios tem 12 anos de atuação e que não exporia uma jovem de forma inadequada e sem autorização.  Então, eu não a coagi e nem a silenciei porque, sabendo da minha responsabilidade, permiti que ela tivesse seu desejo atendido dentro de um ambiente de segurança”, finalizou Maysa.