Cuiabá, Sábado, 16 de Agosto de 2025
“DUPLA JORNADA”
22.10.2017 | 08h30 Tamanho do texto A- A+

PM diz que operava escutas ilegais de dentro do Gaeco; veja vídeo

Cabo Gérson Correa, que está preso, diz que plataforma possibilitou monitoramento de sede do MPE

Alair Ribeiro/MidiaNews

O cabo Gérson Correa, após ser ouvido no caso dos grampos, na última segunda-feira (16)

O cabo Gérson Correa, após ser ouvido no caso dos grampos, na última segunda-feira (16)

THAIZA ASSUNÇÃO
DA REDAÇÃO

O  cabo PM Gérson Correa, réu na ação penal que apura o esquema de escutas ilegais em Mato Grosso, afirmou que chegou a operar parte dos grampos de dentro da sede do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), em 2014, onde se encontrava lotado na época.

 

A afirmação consta em interrogatório prestado à Polícia Civil, na segunda-feira (16). 

 

Coforme as investigações, a "grampolândia" teve início na campanha para Governo do Estado em 2014 e vigorou até 2015. Entre os grampeados estão adversários políticos do governador Pedro Taques (PMDB), jornalistas, servidores e advogados. 

 

Nesse período, eu estava lotado no Gaeco, fazia dupla jornada. A plataforma Sentinela facilitou muito o trabalho porque o acompanhamento era operado pela web, então, eu realizava algumas escutas na sede do Gaeco mesmo

No interrogatório, o policial foi questionado pelo delegado Flávio Stringueta, um dos que conduziram as investigações relacionadas às escutas ilegais, se em algum momento redirecionou os áudios dos grampos de forma online para algum ex-secretário de Estado e militares acusados de participar do esquema.

 

Entre os presos por envolvimento no caso estão os ex-secretários chefe da Casa Civil, Paulo Taques; de Segurança Pública, Rogers Jarbas; e de Justiça e Direitos Humanos, Airton Siqueira; além dos coróneis Evandro Lesco, ex-secretário da Casa Militar, e o ex-comandante da PM, coronel Zaqueu Barbosa. 

 

“O que foi feito foi o direcionamento para dois canais [Wytron e Sentinela usados para realização de escutas], mas não direcionado para outras pessoas. Na verdade, a gente direcionava para dois canais porque o sistema Wytron estava tendo falha, então colocava no Wytron e Sentinela. Alguns dos alvos eu fiz muito isso, por isso deve aparecer ofícios para as operadoras com os dois canais para o mesmo alvo”, disse o cabo.

 

“Nesse período, eu estava lotado no Gaeco, fazia dupla jornada. Com o surgimento da plataforma Sentinela, facilitou muito o trabalho porque o acompanhamento era operado pela web. Então, eu realizava algumas escutas na sede do Gaeco mesmo”, afirmou.

 

Segundo Gérson Correa, foi o cabo PM Euclides Luiz Torezan, também envolvido na trama, quem instalou o sistema em seu computador no Gaeco, para que ele pudesse ouvir os grampos lá dentro.

 

Dossiê

 

O policial militar afirmou não saber se algum promotor de Justiça tinha conhecimento de que ele operava as escutas no Gaeco.

 

“O que eu fiquei sabendo foi que o então secretário de Segurança Pública, promotor de Justiça Mauro Zaque [autor da denúncia dos grampos], tomou conhecimento e levou esse conhecimento ao Governo. Daí,  parece que o Governo repassou para o Gaeco, que, por sua vez, instaurou auditorias para verificar se esses terminais estavam sendo interceptados por lá”, afirmou.

 

“Eu não tenho nenhuma dúvida de que o dossiê que Mauro Zaque protocolou junto à Procuradoria Geral da República (PGE) saiu do meu computador do Gaeco, desde o projeto, ofícios, relatórios, tudo”, completou.

 

Do Gaeco, Gérson passou a operar os grampos de uma sala comercial, localizada na Rua Desembargador Ferreira Mendes, nº 235, na região central de Cuiabá. Lá ele teve ajuda de outros quatros militares.

 

As interceptações, segundo ele, só foram interrompidas após Mauro Zaque interrogar os coronéis Zaqueu Barbosa e Airton Siqueira sobre o caso.

 

“Dessa forma, ele [Zaqueu] me informou para interromper de uma vez por toda as interceptações”, afirmou o militar. 

 

Veja o vídeo do depoimento do cabo PM Gérson Correa:

  

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Osvaldo Aires Bade  23.10.17 07h52
#INTERVENÇÃO
9
4
eli  22.10.17 18h19
eli, seu comentário foi vetado por conter expressões agressivas, ofensas e/ou denúncias sem provas