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31.08.2017 | 09h20 Tamanho do texto A- A+

Silval diz que usou propina para pagar dívida de Robério e Avalone

Ex-governador do Estado disse que usou “retorno” de construtoras para quitar empréstimos

MidiaNews

O secretário Carlos Avalone e o empresário Robério Garcia (no detalhe): citados em delação de Silval Barbosa

O secretário Carlos Avalone e o empresário Robério Garcia (no detalhe): citados em delação de Silval Barbosa

LUCAS RODRIGUES
DA REDAÇÃO

O ex-governador Silval Barbosa (PMDB) afirmou que usou parte das propinas recebidas de empreiteiras para pagar dívidas dos empresários Robério Garcia, da Engeglobal, e dos irmãos Carlos e Marcelo Avalone, da Três Irmãos Engenharia, no valor total de R$ 5,1 milhões.

 

As dívidas, segundo contou Silval (veja o vídeo ao final da matéria), teriam sido contraídas pelos empresários junto ao dono da Solução Cosméticos, Jurandir da Silva Vieira, que emprestou dinheiro aos três, tendo o ex-governador como avalista.

 

A informação consta na delação premiada de Silval, firmada com a Procuradoria-Geral da República (PGR) e homologada pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF).

 

Robério Garcia é pai do deputado federal Fábio Garcia (PSB). Já Carlos Avalone (PSDB) é suplente de deputado estadual e atual secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec).

 

Conforme o depoimento, Silval disse ter sido procurador por Robério Garcia, junto com o administrador da Engeglobal, Pedro Augusto Moreira da Silva, em 2013. 

 

Na ocasião, Robério teria dito que estava com dificuldades financeiras na empresa e, por isso, não conseguiria concluir as obras relativas à Copa do Mundo de 2014 no tempo ideal, “tendo alegado ainda que não teria como pagar os funcionários, motivo pelo qual esses estavam fazendo greve”.

No entanto, Robério e Carlos e Marcelo Avalone não quitaram o empréstimo perante Jurandir, razão pela qual logo que começou a vencer os cheques, Jurandir me cobrou (por volta de 2014) em razão do aval verbal prestado por mim

 

“Robério me pediu para adiantar os pagamentos das obras sem as respectivas medições, mas eu informei que não poderia fazê-lo. No entanto, indiquei Jurandir da Silva Vieira para que Robério pudesse contrair empréstimo e, ao receber os valores do Estado, com a execução das obras, após as medições, pudesse quitar o empréstimo contraído”.

 

O mesmo pedido, conforme o peemedebista, também partiu de Carlos e Marcelo Avalone, da Três Irmãos Construtora, sendo que Silval deu a mesma orientação.

 

“Esclareço que o assunto foi tratado com os representantes das duas empresas acima citadas em mais de uma oportunidade e, antes de orientá-los a procurar Jurandir, conversou com este que, após muita insistência minha, concordou em atender os empresários Robério  Garcia e Carlos e Marcelo Avalone”.

 

Segundo a delação, Jurandir concordou em fazer os empréstimos, desde que Silval fosse o avalista da negociação.  

 

“Eu concordei com Jurandir tendo em vista que as obras que estavam sendo realizadas por ambas as construtoras estavam na matriz de responsabilidade que o Estado de Mato Grosso havia assinado com o Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2014. Não me recordo se houve "aval" formal, mas garanti a Jurandir que as empresas citadas iriam receber os pagamentos devidos pelo Estado assim que fossem executados os serviços e as medições”.

 

Suposto “calote”

 

Jurandir então emprestou R$ 1,5 milhão a Robério Garcia, por meio de um cheque da Engeglobal, e outros R$ 3,3 milhões para a empresa Três Irmãos, também garantida por um cheque anexado por Silval na delação.

 

“No entanto, Robério e Carlos e Marcelo Avalone não quitaram o empréstimo perante Jurandir, razão pela qual logo que começou a vencer os cheques, Jurandir me cobrou (por volta de 2014) em razão do aval verbal prestado por mim”.

 

Em razão do alegado “calote”, Silval disse que teve que pagar a dívida através do recebimento de propinas oriundas das empresas do Grupo Martelli, do ramo de transportes. Genir e Luiz Martelli também são delatores do esquema.

 

“Eu repassei para Jurandir vários cheques de empresas ligadas ao Grupo Martelli no valor aproximado de R$ 3,5 milhões a R$ 4 milhões. Eu arranjei uma forma para que Genir efetuasse o pagamento das notas promissórias com maior discrição. Repassei as notas promissórias emitidas por Genir Martelli ao empresário Jurandir (da Solução Cosméticos) que é meu amigo”, disse Silval, que contou conhecer Jurandir desse 1993, quando era prefeito do município de Matupá.

 

Além das propinas do Grupo Martelli, o ex-governador disse que também pagou os empréstimos dos empresários por meio de propinas da Tripolo Construtora, pertencente aà família do deputado Ondanir Bortolini (PR), o “Nininho”.

 

Conforme o depoimento, a construtora pagava propina a ele em razão de Silval ter ajudado Nininho a obter a concessão da rodovia MT 130, que liga Primavera do Leste a Rondonópolis. A concessão foi obtida pela concessionária “Morro da Mesa”, representada por Nininho.

 

"Nininhofez o pagamento das propinas através da empresa Tripolo Construtora, pertencente aos filhos de Nininho. O pagamento foi efetuado através de cheques, sendo que tais cheques foram entregues pelo próprio Nininho em mãos a mim. Cada cheque era no valor aproximado de R$ 320 mil”.

 

Alguns desses cheques, de acordo com Silval, estavam sem fundos, mas posteriormente Nininho teria os quitado.

 

“Eu não comentava diretamente com ]urandir a origem dos valores recebidos das transportadoras e construtoras para quitação do empréstimo, mas Jurandir sabia que os cheques que recebia das construtoras e transportadoras tinham como finalidade quitar empréstimo avalizado por mim”.

 

Veja fac-símile dos cheques da Engeglobal e da Três Irmãos:

 

print cheques engeglobal e três irmãos

 

 

 

Outro lado

 

A redação tentou entrar em contato com o secretário Carlos Avalone e com o empresário Robério Garcia, mas o celular estava desligado. Foram enviados pedidos de posicionamento via mensagem no WhatsApp, mas não houve resposta.

 

A secretária da empresa Engeglobal afirmou que irá tentar um posiocionamento de Robério Garcia. A assessoria da Três Irmãos Engenharia também ficou de tentar uma posição dos irmãos Carlos e Marcelo Avalone.

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Flávio  01.09.17 02h18
Esse pessoal acha que o dinheiro público é água.
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