Os deputados estaduais Mauro Savi (PR) e Romoaldo Júnior (PMDB) pediram R$ 8 milhões ao ex-governador Silval Barbosa (PMDB) para tentar “comprar” a eleição na Mesa Diretora da Assembleia Legislativa, no biênio 2015-2016. Na época, Silval já havia deixado o comando do Governo.
A afirmação é do próprio Silval, em delação firmada com a Procuradoria-Geral da República e homologada no dia 9 de agosto pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF).
De acordo com o ex-governador, posteriormente os dois deputados desistiram de comprar a eleição, em razão de o deputado Guilherme Maluf (PSDB) ter negociado a presidência da Mesa Diretora, pagando R$ 16 milhões aos parlamentares.
Savi, Romoaldo e Maluf negam as acusações (leia abaixo).

Silval disse que Romoaldo e Savi estavam disputando entre si a presidência da Mesa Diretora. "Ambos reclamaram para mim, em oportunidades distintas, que estavam sem dinheiro para pagar os deputados pelo apoio”.
O ex-governador, então, tentou conciliá-los, dizendo que estavam errados em disputar um contra o outro, e que teriam que se unir, “pois, do contrário, iriam perder a disputa”.
“Eles resolveram se unir para conseguir a presidência e a primeira-secretaria”, contou.
Após a “conciliação”, segundo Silval, Romoaldo e Savi o procuraram pedindo dinheiro para pagar os deputados em troca dos votos.
“Eles diziam que precisavam de R$ 8 milhões a R$ 10 milhões para pagar os deputados e conseguir a Mesa. Não me recordo se mandei orçamento suplementar para que eles conseguissem o dinheiro, através dos serviços não executados”, disse o ex-governador.
Reviravolta
Apesar da articulação, Silval disse que, posteriormente, soube que Romoaldo e Savi se acertaram e decidiram apoiar os deputados Guilherme Maluf e Nininho (PSD), que venceram a eleição como presidente e primeiro-secretário, respectivamente.
“Após a eleição, Romoaldo Júnior e Mauro Savi reclamaram comigo por não ter ajudado financeiramente na eleição da Mesa, pois eles disseram que Guilherme Maluf teria acertado com os deputados estaduais em torno de R$ 16 milhões para assumir a Mesa”, relatou.
Veja fac-símile de trecho da delação:
Outro lado
O deputado Guilherme Maluf afirmou que as acusações de Silval são “mentirosas e descabidas”, e que o ex-governador não tem provas, apenas “acusações levianas”.
Mauro Savi também sustentou que não há nenhuma prova dessa acusação, e que ele não consta na lista de investigados do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Já Romoaldo Júnior disse que nunca teve sequer a intenção de ser candidato, e que não haveria motivos para Maluf ter "comprado" seu voto, uma vez que apoiou o deputado Zeca Viana (PDT) na disputa.
“Não fui candidato, nunca tive intenção de ser candidato. Não bate essa conversa, porque eu não fui candidato em nenhum momento. Eu apoiei o Zeca Viana. Não teria por que o Guilherme me pagar, se eu apoiei o Zeca Viana. R$ 16 milhões é muito dinheiro. Segundo: o Guilherme já tinha decidido a Mesa um mês antes. O Guilherme já tinha 17 votos garantidos de deputados da base do Governo, não tinha necessidade de ele comprar meu voto. Nunca tive esse tipo de conversa”, disse Romoaldo.
Leia a íntegras da nota de Maluf:
“São mentirosas e descabidas as acusações do relator Silval Barbosa sobre suposta compra de votos para a eleição da Mesa Diretora da ALMT.
Fui eleito presidente em 2015 com 23 dos 24 votos dos colegas parlamentares, numa eleição consensual e sem disputa de chapas.
Todos os entendimentos foram feitos em bases absolutamente republicanas, assegurando espaço a todos os deputados numa gestão compartilhada dos destinos da Casa de Leis.
Acusações levianas, sem provas e baseadas em suposições do tipo "fiquei sabendo por terceiros" não podem ser levadas a sério, até porque são parte de estratégia da defesa do ex-governador para escapar da prisão.
Continuo à disposição para quaisquer esclarecimentos e confio na Justiça, que restabelecerá a verdade dos fatos”.
Guilherme Maluf - Deputado estadual
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Leia a íntegra da nota de Mauro Savi:
"O deputado estadual Mauro Savi esclarece que não está na lista de investigados do procurador-geral da República (PGR), Rodrigo Janot, sobre possíveis casos de corrupção em Mato Grosso, denunciadas a partir das declarações do ex-governador Silval Barbosa (PMDB).
O parlamentar lembra que a citação quanto a seu nome não possui nenhuma prova, tratando de informações prestadas em termo de colaboração premiada.
O deputado se coloca a disposição da Justiça para qualquer esclarecimento".
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