Para bolsonaristas radicais, Tabata Amaral (PDT-SP) é uma “comunista financiada por George Soros”, o bilionário húngaro que “comanda a pauta de globalistas”. Para petistas mais extremados, é uma “vendida a Sergio Moro e João Doria”, por ter mantido um diálogo civilizado com o ministro da Justiça e o governador de São Paulo.
É assim que a deputada de 25 anos, principal aposta do PDT para a prefeitura de São Paulo no ano que vem, resume a polarização em torno de sua atuação legislativa. Para Tabata, favorável a uma reforma da Previdência — não necessariamente a que foi proposta pelo governo —, a tentativa dos polos de enquadrá-la numa forma ideológica é um emblema do clima político conflagrado do país.
Eleita com 264 mil votos, Tabata se tornou influenciadora nas redes sociais durante a campanha do ano passado. Seu alcance foi amplificado após a deputada questionar diretamente o então ministro da Educação, Vélez Rodrigues, no fim de março, sobre seus planos e metas para a pasta. Durante a sabatina com o novo ministro, Abraham Weintraub, na semana passada, a Câmara ficou em silêncio para ouvir suas perguntas.
Filha de uma família humilde (a mãe era doméstica; e o pai, cobrador de ônibus) da periferia de São Paulo, Tabata acumulou bolsas de estudo ao longo da vida para frequentar colégios particulares. Suas notas, o estímulo de professores e sua trajetória de vida a catapultaram para a admissão em Harvard, também com bolsa, de onde saiu para trabalhar no mercado corporativo. Tinha um bom cargo e futuro garantido na Ambev, cujos donos ajudaram a financiar sua educação. Mas não quis — preferiu entrar na política. Quem a conhece desde seu primeiro ano na universidade americana diz que Tabata nunca escondeu dos colegas e professores o sonho que nutre de um dia ser presidente do Brasil.
Quase afogada
Apesar de seu partido ser crítico à reforma da Previdência, Tabata defende mudanças no atual sistema. Ela, no entanto, não abraça por completo a proposta do governo de Jair Bolsonaro.
"Há um caminho um pouco mais longo para poder apoiar. A Previdência deixou de ser sustentável. A demografia está mudando. Temos de fazer uma reforma. Apresentei uma emenda, por exemplo, contra o aumento do tempo de contribuição mínimo de 15 anos para 20 anos para as mulheres", diz ela, que também critica os supersalários de servidores.
O PDT ainda não decidiu como se posicionará sobre a reforma. Tabata não garante que seguirá a sigla — analisará os pontos sensíveis e poderá votar a favor mesmo que a sigla seja contra.
Um dos melhores amigos de Tabata é Renan Ferreirinha, também ex-aluno de Harvard, onde estudou Ciências Políticas e Economia. Ambos foram parceiros na criação do movimento de renovação política Acredito. Como ela, Ferreirinha foi eleito e hoje é deputado estadual pelo PSB do Rio.
Eles se conheceram em 2011, nos Estados Unidos, mas os laços de amizade foram aprofundados após um episódio que por pouco não terminou em tragédia. Em férias na Costa Rica, quase morreram afogados numa praia. Num fim de tarde, quando estavam com mais dois amigos na água, o mar virou. Tabata e Ferreirinha foram sugados para fora da área de arrebentação, dividindo uma prancha de bodyboard, enquanto as ondas aumentavam.
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