O governo Donald Trump impôs sanções nesta sexta-feira (24) contra o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, por supostamente "contribuir com a proliferação internacional de drogas".
Trata-se de grave escalada da crise entre os Estados Unidos e países da América do Sul que começou com ataques a embarcações no Caribe e no Pacífico que Washington acusa de levar drogas aos EUA e agora atinge novo pico graças ao envio do maior porta-aviões do mundo à América Latina.
"Desde que o presidente Gustavo Petro chegou ao poder, a produção de cocaína na Colômbia explodiu ao seu maior nível em décadas, inundando os Estados Unidos e envenenando americanos", disse em comunicado o secretário do Tesouro, Scott Bessent, repetindo a mesma linguagem utilizada pelo Pentágono ao justificar os ataques.
Desde setembro, os EUA já mataram mais de 40 pessoas em barcos que navegavam em águas sul-americanas.
"O presidente Petro permitiu que cartéis de drogas floresçam em seu país e se recusou a interromper suas atividades. Hoje, o presidente Trump toma ação decisiva para proteger nossa nação e deixar claro que não vamos tolerar tráfico de drogas em direção [aos EUA]", prosseguiu Bessent.
A capacidade de produção estimada de cocaína na Colômbia cresceu mais de 50% desde 2023, de acordo com uma estimativa das Nações Unidas.
Entre as razões para a escalada estão os efeitos da proibição de uso do agrotóxico glifosato por via aérea na Colômbia, medida utilizada por governos passados para destruir plantações de coca e que foi suspensa pela Suprema Corte em 2015 -na época, a corte citou riscos à saúde da população.
Amplio da área de cultivo, inovações e aplicações de novas tecnologias na cadeia produtiva dos cartéis também causaram um aumento no volume de cocaína.
Em paralelo, houve ainda o crescimento da demanda após o fim da pandemia de Covid-19 e das medidas de isolamento social nos EUA e na Europa, principais mercados consumidores. O secretário do Tesouro americano criticou ainda os esforços de Petro para alcançar a paz com grupos guerrilheiros colombianos, dizendo que essas iniciativas tornaram possível a ampliação do envio de cocaína ao exterior.
Não há um consenso entre especialistas a respeito dos efeitos das tentativas de Bogotá de encerrar o conflito na Colômbia para o tráfico de drogas, mas muitos dos grupos armados também participam do comércio ilegal de cocaína. Com as sanções, eventuais bens que Petro, seu filho, sua esposa e Armando Benedetti, o ministro do Interior, tenham nos EUA serão congelados.
Os quatro também estão proibidos de realizar operações financeiras nos EUA e de fazer negócios com cidadãos americanos. Em resposta, Petro disse no X que virou alvo depois de "lutar contra o narcotráfico durante décadas e com eficiência".
"Isso me traz essa medida do governo da sociedade que tanto ajudamos para diminuir seu consumo de cocaína. É um paradoxo, mas jamais recuarei e nem ficarei de joelhos", afirmou o presidente colombiano.
Desde que começou sua campanha contra a América do Sul, Trump havia focado principalmente a Venezuela, atingindo barcos que saíam daquele país. O movimento foi lido como outra forma de pressionar o regime do ditador Nicolás Maduro, considerado ilegítimo pelos EUA e outros países.
Nessa semana, entretanto, o movimento se expandiu e as Forças Armadas americanas começaram a atacar barcos saindo da Colômbia e que navegavam no Oceano Pacífico. Após críticas de Petro, que chamou os ataques de "assassinato", Trump disse que cortaria toda a ajuda externa direcionada à Colômbia e, nesta sexta, colocou Petro sob sanção.
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