O jornalista e apresentador Pedro Bial, da TV Globo, abriu o coração e desabafou sobre a morte da mãe, a psicanalista Susanne Bial.
Ela morreu em julho, aos 101 anos. De acordo com o comunicador, a mãe “já vinha pedindo para ir”, o que fez com que a família cogitasse realizar um suicídio assistido na Suíça.
“Ela não tinha mais prazer nenhum”, afirmou.
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Morte da mãe
Pedro Bial concedeu entrevista ao jornal O Globo e disse que a família buscou maneiras de aliviar o sofrimento de Susanne.
“[Ela] Morreu em julho com 101 anos. Fez 101 anos no dia 3 e morreu no dia 4. Mas já vinha pedindo para ir. Estava conversando sobre isso com ela, buscamos maneiras de abreviar”, lembrou o jornalista.
Segundo ele, o Brasil ainda é defasado quando o assunto é encontrar maneiras de abreviar o sofrimento de alguém que opta por uma morte assistida. “O Brasil tem essa lei defasada com relação à modernidade… Agora, o Uruguai já deu um passo, como sempre à frente do resto da América Latina”, apontou.
Pediu para partir
O jornalista afirmou que a própria mãe “pediu” para morrer. “Ela não tinha mais prazer nenhum. Adorava ler e não conseguia mais. A vida dela eram as indignidades da decrepitude. Ficar sendo mantida viva… A gente pensou em fazer um suicídio assistido na Suíça”, revelou.
“Por um motivo ou outro isso não se deu”, completou o apresentador. “Fomos cuidar dos paliativos, que é o jeito de deixar uma pessoa morrer dignamente. Ela era uma fortaleza”, apontou.Mesmo com a idade avançada, Susanne resistiu a uma pneumonia, lembrou Pedro Bial.
“Nos paliativos, teve uma pneumonia. Pensamos: ‘Não vamos dar antibiótico, nada. Se for a pneumonia, vai levar’. Ficou boa. Falei para ela: ‘Você só batendo a tiros’”, brincou o jornalista.
Questionamentos
A situação vivida com a própria mãe fez com que o comunicador levantasse questionamentos sobre o único destino certo de todo ser humano: a morte.
“Mas tudo isso me levou a ter a clareza de que todos nós, com os recursos que a medicina contemporânea nos dá, a vida estendida que se promete, vamos nos defrontar com essa questão. Como a gente quer morrer? Não é mais algo abstrato”, contou.
“Quero viver muito tempo, mas como? Chega uma hora que é muito indigno ser mantido vivo e já não ter prazer nenhum. E claro que mesmo com um desejo de ir embora, dá um medo danado. Mesmo que não seja o medo da morte, como diz o [Gilberto] Gil, o medo de morrer. Porque morrer ainda é aqui”, disse.
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