A Justiça de Minas Gerais negou o pedido do Ministério Público para bloquear R$ 3 milhões em bens do empresário Renê da Silva Nogueira Júnior, suspeito de matar o gari Laudemir de Souza Fernandes, e da esposa dele, a delegada Ana Paula Lamego Balbino Nogueira.
Justiça entendeu que a análise do pedido é prematura, já que o processo ainda está em fase de inquérito policial.
Na decisão, Ana Carolina Rauen Lopes de Souza explicou que, no momento, a Justiça trabalha "controlando a legalidade dos atos e fiscalizando eventual irregularidade".
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Pedido de bloqueio de bens foi feito pela defesa da vítima para evitar desvios no patrimônio, garantindo, assim, o pagamento de uma futura indenização à família de Laudemir.
O Ministério Público afirmou que o casal usava as redes sociais para expor um "padrão de vida compatível com vultuosa quantia indenizatória".
Mulher do suspeito também é alvo por ser dona da arma do crime. Nesta condição, a delegada "responde solidariamente pelo caso", alegou o órgão.
Renê confessou na terça-feira que matou Laudemir com a arma da esposa, após passar dias negando o crime. Ele disse à polícia que a delegada não sabia que ele estava com o objeto, que é de uso pessoal dela. Ele alegou "uma discussão de trânsito" para justificar o crime.
Ele responderá por homicídio qualificado com dois agravantes. São eles: motivo fútil e uso de recursos que impediram a defesa da vítima.
Relembre o caso
Renê da Silva Nogueira Junior é suspeito de atirar no gari Laudemir de Souza Fernandes em 11 de agosto, em Belo Horizonte, após discussão de trânsito.
De acordo com a Polícia Militar, Laudemir estava em horário de trabalho quando Renê passou pela rua onde ele e outros garis faziam a coleta do lixo.
Empresário teria se incomodado com espaço que caminhão de lixo ocupava e exigiu que motorista liberasse via para que ele passasse com seu veículo
. Renê teria ameaçado "atirar na cara" da motorista do caminhão de lixo, segundo testemunhas relataram à Polícia Civil.
Laudemir e outros garis saíram em defesa da colega de trabalho, quando o empresário pegou a arma e atingiu a vítima na região torácica. Ele foi socorrido e encaminhado ao Hospital Santa Rita, em Contagem, mas não resistiu.
Renê fugiu do local do crime e foi preso enquanto treinava em academia de alto padrão. A prisão ocorreu horas depois do crime, no bairro Estoril, área nobre da capital mineira.
Pistola calibre .380 pertence à delegada Ana Paula Balbino Nogueira, esposa de Renê. Exames periciais confirmaram que essa foi a arma usada para matar Laudemir.
Arma era de uso pessoal de Ana Paula, que afirmou não ter envolvimento no crime cometido pelo marido.
A Corregedoria da Polícia Civil de Minas Gerais instaurou procedimento disciplinar para apurar a conduta da servidora. A corporação quer determinar se ela deixava a arma em um local de fácil acesso do marido.
Até o momento, ela não é suspeita de nenhum crime e segue com suas funções como delegada. A defesa da delegada não foi achada para pedido de posicionamento. O espaço segue aberto para manifestação.
Delegado diz que Renê seguiu com rotina após o crime para evitar criar provas contra ele e ocultar que havia assassinado Laudemir. Evandro Radaelli, responsável pelo caso, comentou ao UOL News as imagens de câmeras de segurança que mostraram o empresário no trabalho e em casa após o crime.
Advogado Leonardo Salles, que defendia o suspeito, deixou caso por "motivo de foro íntimo". Em nota ao UOL, ele explicou que a decisão ocorreu ontem, após falar reservadamente com Renê. O conteúdo da conversa não foi revelado.
No mesmo dia, empresário confessou crime, segundo a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa. Até então, mesmo tendo o carro gravado na cena do crime, Renê dizia que não tinha relação com o assassinato.
Ele também confessou que usou arma da esposa. A mulher não sabia que ele estava com a arma, segundo Renê. Câmeras de segurança do prédio onde ele morava gravaram o homem manuseando a pistola calibre .380 pouco após o assassinato.
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