Nunca tive medo de morrer e odeio ser chamada de guerreira

Na pele da trambiqueira Zulma em "Êta Mundo Melhor" (Globo), a atriz Heloisa Périssé, 59, diz estar se divertindo ao interpretar uma vilã.

Ao longo de seus quase 40 anos de carreira, seus personagens mais frequentes são relacionados ao humor, e ela sabe fazer rir como poucos.

Heloisa conta que, mesmo saindo da zona de conforto, foi possível adicionar umas pitadas de ironia e sarcasmo a Zulma.

Na opinião dela, Zulma não é "um personagem estático", ou seja, não é apenas uma vilã que faz maldades, sobretudo por se tratar de uma história mais leve, na faixa das 18h. "Com as crianças do orfanato, ela pode ser severa, mas também engraçada. Pode ser mau-caráter, mas pode ter amor por elas", define.

Heloisa faz um paralelo entre a sua vilania e a de outra personagem que até hoje faz parte do imaginário coletivo.

"A Zulma é uma vilã louca, meio Nazaré Tedesco com muitas camadas e várias cores. Basicamente, uma pessoa sedutora, maluca, engraçada", afirma a atriz, em referência ao papel vivido por Renata Sorrah em "Senhora do Destino" (Globo, 2004).

"Êta Mundo Melhor" foi a primeira novela que ela aceitou fazer após se curar de um câncer nas glândulas salivares, cujo diagnóstico veio em 2019. Heloisa costuma dizer que foi "um bálsamo", um alívio, já que são "personagens que ainda sonham", assim como ela nunca deixou de fazer durante o tratamento.

Curada, afirma ter horror de ser chamada de "guerreira" e reflete sobre a experiência pela qual passou.

"Com o tempo, você ganha coragem, porque vive a finitude de forma otimizada. Mesmo após a doença, nunca tive medo de morrer. Estar em paz com o tempo e a morte é algo que dá sabedoria", diz.

E essa sabedoria vem em forma de espiritualidade. "Desde que nasci, é um norte na minha vida. A hora que o ser humano entende sobre transcender, perde o medo. O contrário de medo é amor. Como somos frequência, busco a minha no mais alto nível."

'VOU CHEGAR AOS 60 ANOS MELHOR DO QUE NUNCA'

Em agosto de 2026, Heloisa Périssé completará 60 anos. E a marca, ao fazer um balanço de sua trajetória, remete a algo bom, sobretudo no âmbito emocional. "Segui o caminho do meu coração e me sinto muito em paz. Vou chegar aos 60, se Deus quiser, melhor do que nunca, bonita por fora e por dentro", define.

Segundo a artista, tudo o que aconteceu até aqui teve um propósito e não poderia ser diferente. Nem mesmo suas próprias escolhas pessoais.

"Não me sinto em dívida comigo mesma. Saí da casa dos meus pais, morei no meu carro, fui em busca da profissão que amava, tive minhas filhas [Luisa e Antônia], me relacionei com quem eu quis, me separei quando eu quis, estou ótima. E isso é fé. Só quero estar com minhas filhas onde a paz e o amor estiverem."