Cuiabá, Segunda-Feira, 11 de Agosto de 2025
SEX SYMBOL DOS ANOS 80
11.08.2025 | 07h40 Tamanho do texto A- A+

'Sou muito mais do que uma mulher gostosa', diz Magda Cotrofê

Com biografia recém-lançada e sobrenome modificado por numerologia, modelo fala sobre fama, assédio, e o fato de não se considerar feminista

Divulgação

Magda Cotrofê: 'No livro falo sobre o que sofri por ser vista como um objeto'

Magda Cotrofê: 'No livro falo sobre o que sofri por ser vista como um objeto'

ANA CORA LIMA
DA FOLHAPRESS

Magda Cotrofê, 62, decidiu que era hora de contar sua história. A modelo, atriz e empresária está lançando "O Outro Olhar de Magda Cotrofê", biografia em que lembra os tempos em que dividia o posto de maior sex-symbol brasileira com Xuxa e Luiza Brunet e revela detalhes pouco conhecidos de sua trajetória.

 

Não estranhe: o sobrenome dela agora tem acento circunflexo, por sugestão da numerologia.

 

Na entrevista a seguir, Magda fala sobre os bastidores do livro, relembra momentos marcantes da carreira e comenta os tempos de ensaios sensuais e passarelas. Ela também encara com franqueza temas como assédio e envelhecimento, e o desafio de ser levada a sério em um meio onde ser bonita muitas vezes era sinônimo de ser descartável.Por que você decidiu lançar sua biografia "O Outro Olhar de Magda Cotrofê"?

 

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Tudo na vida tem seu momento certo. Eu já tinha essa ideia, esse desejo há muito tempo, mas nunca tive oportunidade. Cheguei a conversar com alguns editores, as negociações até avançavam, mas não iam até o fim. Desta vez, aconteceu.

 

Quais são os pontos da sua biografia que você considera mais delicados e os mais interessantes?

Olha... o mais interessante é o título do livro. Essa questão do "outro olhar", das pessoas me enxergarem por outro ângulo, outro prisma, não apenas pelos holofotes. É uma Magda mais íntima, mãe, empreendedora, guerreira, com mil e uma facetas. A parte mais delicada é sobre a vida que a gente leva e que muitas pessoas nem imaginam.

 

Pode dar um exemplo?

Eu sou muito reservada. Sempre fui e nunca expus muito minha vida. Nesse livro, abordo alguns momentos difíceis da minha trajetória. Relacionamentos que não deram certo, o sofrimento por ser vista como um objeto, a necessidade constante de estar na defensiva para não me machucar.

 

Você tinha essa consciência, na época, de estar sendo vista como objeto?

Tinha. Mas quando você está vivendo aquele momento, não liga muito. Você pensa: "Ok, tudo bem, isso vai passar, vamos para a próxima." Você finge que está tudo bem. Só que, com o tempo, à medida que vai envelhecendo, começa a pesar. Você reflete: "Eu sou muito mais do que uma mulher gostosa." Era isso.

 

É verdade que você foi a primeira mulher a usar um biquíni fio-dental?

Verdade. Nome feio, né? (risos). Tinham dois modelos: o fio-dental e o asa-delta. Foram lançados quase juntos, entre 1985 e 1987, e eu fui chamada pelo Cidinho Pereira, empresário da marca de biquínis Bumbum, para ser meio que a musa inspiradora. Fomos lançar em Ibiza, na Espanha. Foi um sucesso no bumbum das brasileiras, mas não era exatamente uma novidade.

 

Como assim?

 

Naquela época, já havia uma libertação dos corpos. Tínhamos acabado de sair da ditadura militar, e todo mundo queria se soltar, mostrar essa liberdade em todos os sentidos. Já não era algo tão escandaloso. Usar fio-dental não era um escândalo. Claro, era admirado, elogiado por muitos, mas também havia um grupo que criticava, torcia o nariz para quem era mais "ousada". Modéstia à parte, meu bumbum era muito bonito.

 

Você posou três anos consecutivos para a Playboy e fez outros ensaios nus, um recorde.

 

Depois que você faz o primeiro... (risos) já não é tão problemático. Encarava com certa normalidade. Mas a primeira vez foi bem difícil. Chegaram a me convidar várias vezes para ser a Garota Playboy e eu recusei. Isso numa época em que só atrizes e modelos muito famosas faziam os ensaios. Depois, pensei melhor, me senti dona do meu nariz, achei que ninguém tinha nada a ver com isso... e fiz.

 

E o cachê?

 

Era muito bom. Nada que resolvesse a sua vida do tipo "nunca mais preciso trabalhar", mas foi bom. Não tanto quanto diziam por aí, o pessoal aumentava muito. Fiquei sabendo de outros contratos, e as pessoas exageravam bastante. Mas deu para comprar um apartamento.

 

Existia alguma rivalidade?

 

Sim, sempre existiu. A competição era acirrada. Eu odiava aquela coisa de seleção. Rolavam testes com 300 meninas para uma vaga. Era horrível. A gente ficava o dia inteiro naquele clima pesado, mas nunca fui vítima direta de maldades porque era esperta e sempre buscava ter meu próprio camarim.

 

Você sofreu assédio?

 

Sim. Sempre existiu, mas era algo muito velado. Ninguém falava abertamente, nem saía dando nome aos bois. Havia muito medo de ser prejudicada, sabe? Eu já estava alerta para tudo o que envolvia esse meio das celebridades, então criei um tipo de escudo. Fingia que não entendia, ia levando, observando, fazendo amizades, e isso acabava desarmando os caras. Esse meio sempre foi cheio de panelinhas. Foi assim que virei o jogo. Quando passava dos limites, eu era bem direta.

 

Você sempre quis seguir a carreira de atriz?

 

Na verdade, eu queria ser patinadora artística. Sempre quis ser atleta, mas também era aquela criança líder de turma, envolvida em tudo. Meu irmão foi fazer teatro, e eu fui também. Fiz cursos de teatro e até de patinação artística. Quando me mudei de Campos dos Goytacazes para o Rio, acabei me interessando pela carreira de modelo. Mas antes, queria mesmo era trabalhar, ter carteira assinada. Cheguei a ser recepcionista no Itaú.

 

Mas você fez faculdade de Jornalismo, teve marca de biquínis, foi estilista e virou designer de joias. Começou a pensar em abrir outras frentes ao perceber que a carreira de modelo era curta?

 

Não. Você é modelo a vida inteira. Pode até não estar mais no mercado, por vários motivos, mas é modelo. Se alguém me chamar, eu vou, faço fotos lindas, desfilo sem problema. O que muda é o público, o mercado. Eu fui abrindo frentes porque sempre quis ter algo empresarial. Na verdade, eu vivo me reinventando.

 

Por que agora o "Cotrofê"?

 

O som continuou o mesmo, mas eu coloquei o acento por causa da numerologia. Uma amiga me deu esse presente, e eu senti a diferença. A primeira coisa foi o livro, que finalmente saiu depois de anos, e agora parece que estou abrindo uma nova porta, sabe? O numerólogo disse que essa mudança representa um novo caminho a percorrer.

 

Você se considera feminista?

 

Feminista? Não. Me considero feminina. Essa coisa de levantar bandeiras, ser radical... é preciso cuidado. As pessoas estão muito agressivas em relação a posicionamentos e opiniões. Claro que eu defendo e sempre estarei do lado das mulheres, mas dizer que sou feminista, não. Acho que ainda preciso estudar mais, me aprofundar no tema.




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