Cuiabá, Segunda-Feira, 8 de Dezembro de 2025
DEU NA VEJA
12.09.2016 | 19h36 Tamanho do texto A- A+

Candidato em Cuiabá é acusado de dar golpe com esmeralda falsa

Líder das pesquisas para a prefeitura de Cuiabá, Emanuel Pinheiro, do PMDB, pode ter a insolvência civil decretada por causa de dívidas

Marcus Mesquita/MidiaNews

O candidato a prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (PMDB) que foi alvo de reportagem da Veja

O candidato a prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (PMDB) que foi alvo de reportagem da Veja

LARYSSA BORGES
DA VEJA

O ano é 1991. Um jovem vereador de 26 anos, eleito com singelos 1.403 votos pelo PFL, recorre a um amigo. Pede emprestado o equivalente a 71.900 reais.

 

Não justifica o destino do dinheiro, mas almeja consolidar-se na Câmara Municipal de Cuiabá no ano seguinte – quiçá com uma campanha de rei.

 

O ano é 2016 e o jovem vereador é o atual deputado estadual Emanuel Pinheiro, do PMDB, candidato à prefeitura de Cuiabá e tecnicamente empatado na primeira colocação na última pesquisa Ibope de intenção de votos.

 

Hoje, a dívida de Pinheiro com o empresário Salim Rahal ultrapassa o patamar de 1 milhão de reais.

Aos 51 anos, Pinheiro ainda não quitou a dívida que contraiu com o amigo no início da carreira e tenta, em meio à campanha para o Paço Municipal, se livrar do fantasma de uma insolvência civil, situação em que os bens se tornam indisponíveis para pagar o débito e ele é declarado falido.

 

O credor ameaça pedir a falência do deputado a qualquer momento.

 

O episódio envolvendo o político seria apenas mais um entre os quase 59 milhões de inadimplentes no Brasil não fosse o fato de que, depois dos cheques, Emanuel Pinheiro, em uma nova etapa de negociações para o pagamento, entregou como quitação ao seu antigo financiador diversos pacotinhos com esmeraldas em estado bruto.

 

Um dos lotes continha 600 pedras pequenas e foi avaliado em 22.000 reais. Outro, com pedras maiores, em 30.000 reais. Ao final, descobriu-se que todas eram falsas.

 

 

esme

 

Depois de ter as gemas recusadas pelo Banco do Brasil, instituição financeira que liberou os 71.900 reais, o empresário alvo do calote contratou detetives para procurar uma das empresas que teria atestado a veracidade do tesouro, a Lewinston International Inc. Nem sinal da companhia.

 

A exemplo das esmeraldas, a empresa também é falsa. Salim Kamel Abou Rahal, o empresário que socorreu Pinheiro no início dos anos 90, acabou pressionado a quitar o empréstimo que havia tomado junto ao BB para ajudar o amigo e vendeu às pressas um terreno de 274 hectares em Cuiabá.

 

A situação de inadimplência do deputado tem caráter privado, mas ganha relevância eleitoral porque Pinheiro, se eleito prefeito, terá de lidar com orçamento de 2,2 bilhões de reais no município. Metade do montante previsto na Lei de Diretrizes Orçamentárias refere-se exatamente à folha de… pagamento.

 

Desde 2002 tramita na 4ª Vara Cível de Cuiabá uma ação de cobrança contra o deputado. Entre idas e vindas, acordos já foram tentados – como ocorre agora na negociação para evitar a insolvência civil.

 

Em julho de 2003, o deputado recebeu a primeira condenação: pagar os 71.900 reais corrigidos desde 1995 e com juros.

 

Em pelo menos duas ocasiões – a última em março deste ano, a justiça chegou ao ponto de decretar a penhora dos bens do parlamentar – incluindo 30% do próprio salário de 25.000 reais que ele recebe na Assembleia Legislativa.

 

Não é a primeira vez que o salário do deputado é penhorado. Em setembro de 2015, a justiça ordenou o bloqueio de 30% dos valores líquidos recebidos por Emanuel Pinheiro

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) tem jurisprudência contra o argumento levantado pelo deputado contra o bloqueio de seu salário e considera que a tese de impenhorabilidade de vencimentos “não pode ser utilizada como justificativa para o devedor se esquivar de quitar sua obrigação”.

 

Hoje, a dívida de Pinheiro com o empresário Salim Rahal ultrapassa o patamar de 1 milhão de reais.

 

A odisseia pelo pagamento da dívida envolvendo as esmeraldas ganha novos capítulos dignos de dramalhão mexicano porque Emanuel já alegou no processo ter quitado a dívida por meio de repasses a um advogado, que teria a função de encaminhar os recursos a Rahal.

 

Em 2012 ele afirmou que encontrou o termo de pagamento e quitação da dívida, mas ainda assim a justiça não reconheceu o fim do débito. Um recibo anexado ao autos comprovaria a transação e livraria, por fim, Emanuel Pinheiro da cobrança.

 

O financiador do político, que não reconhece a quitação da dívida, pretendia submeter o recibo a uma futura perícia em Campinas. Misteriosamente o documento original sumiu do processo.

 

Não é a primeira vez que o salário do deputado é penhorado. Em setembro de 2015, a justiça ordenou o bloqueio de 30% dos valores líquidos recebidos por Emanuel Pinheiro para pagar outra vítima de calote, a empresa de publicidade Trade Mark, que recorreu ao Judiciário depois de não ter sido paga por seus serviços. O valor: 1,16 milhão de reais.

 

A companhia recebeu diversos cheques no valor de 350.000 reais para quitar a dívida. Ao final, eles não tinham fundos.

 

Procurado, o deputado Emanuel Pinheiro não se manifestou até a publicação desta reportagem.

 

O empresário Salim Rahal e seus advogados não foram localizados.

 

esme

 

Outro lado

 

O candidato Emanuel Pinheiro (PMDB) se posicionou sobre a matéria da Veja por meio de nota, na noite desta segunda-feira (12). Confira:

 

"A Veja On Line publicou reportagem, no início da noite desta  segunda-feira, 12 de setembro, com acusações falsas, a respeito de um fato totalmente esclarecido, ocorrido no início dos anos 90.

 

O caso trazido por Veja On Line 25 anos depois de ocorrido trata-se de uma disputa judicial no campo privado, entre mim e o empresário Salim Rahal. O caso está esclarecido na Justiça e, ainda hoje, pago pontualmente o que foi determinado judicialmente.

 

Além de não informar corretamente sobre a conclusão de um episódio do século passado, Veja On Line omitiu que o empresário Salim Rahal responde a um processo por danos morais, movido por mim, pela falsa afirmação de que eu teria tentado pagar a dívida com pedras preciosas falsas. Isso jamais ocorreu.

Não tenho nada a esconder. Não tenho medo e ninguém colocará cabresto em mim

 

Em referência à empresa Trade Mark, trata-se de uma disputa judicial iniciada há 16 anos. Contratada para fazer minha campanha no ano de 2.000, a agência foi dispensada após o terceiro programa eleitoral, dada à baixa qualidade do material produzido.

 

Inconformada com a demissão, a agência cobrou na Justiçapelos serviços publicitários que não prestou. A disputa está em fase final de negociação.

 

Sou um candidato ficha limpa, não respondo a nenhum processo por improbidade administrativa, não tenho nada na minha vida para me envergonhar.

 

Quem nunca precisou recorrer a um empréstimo para sair de uma situação difícil? Não tenho vergonha de ter passado por dificuldades financeiras, milhões de brasileiros honrados passam por isso todos os dias.

 

Veja On Line trouxe fatos antigos, já resolvidos, sem sequer me ouvir (as perguntas chegaram à minha assessoria depois do prazo estipulado pela própria publicação). Diante disso, já pedi aos advogados da campanha as devidas providências judiciais.

 

Não tenho nada a esconder. Não tenho medo e ninguém colocará cabresto em mim. Meu compromisso é com o povo de Cuiabá e de Mato Grosso. É lamentável que uma publicação se deixe usar por interesses eleitoreiros e pela baixaria promovida pelos meus adversários.

 

Reitero o compromisso de fazer uma campanha limpa, digna dos eleitores cuiabanos e voltada para o desenvolvimento da nossa cidade."

 

Emanuel Pinheiro

 




Clique aqui e faça seu comentário


COMENTÁRIOS
21 Comentário(s).

COMENTE
Nome:
E-Mail:
Dados opcionais:
Comentário:
Marque "Não sou um robô:"
ATENÇÃO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do MidiaNews. Comentários ofensivos, que violem a lei ou o direito de terceiros, serão vetados pelo moderador.

FECHAR

Ranulfo Paes  13.09.16 13h25
Kkkk sem dúvida é o comitê da maldade trabalhando... Na campanha de Mauro Mendes acharam até um suposto atropelamento cometido pelo candidato.... Num tem jeito, política não existe santo, é literalmente cobra comendo cobra.... O melhor caminho é não reeleger ninguém que já possui ou possuiu cargo eletivo, em qualquer das esferas....
9
1
Alfredo Motta  13.09.16 12h26
De todos os candidatos certamente é o mais preparado, precisaamos apurar os fatos ainda mais em se tratando de uma revista mentirosa e tendenciosa como essa!
2
10
Caroline  13.09.16 12h18
Gente, e o desespero da concorrência!!!
1
7
fernando miranda  13.09.16 11h31
Está aí Senhores Servidores...o excelente candidato de vocês...Analisem todos os candidatos e veja quem mais fez por nossa cidade.
54
30
oswaldir rodrigues  13.09.16 11h17
Vamos tirar o chapeu pro Emanuel.
28
34